14.1.08

MONTE CARLO PERDE COM VONG CHIU, LAM PAK GANHA E ASSUME COMANDO
Mudança de líder no futebol de Macau

Era um jogo de grande importância principalmente para o Vong Chiu. Em caso de derrota, começaria a distanciar-se da corrida ao título. Mas ganhou ao líder, Monte Carlo, e assim o campeonato está mais interessante. O Lam Pak voltou a golear e agradece o deslize do rival, em véspera do jogo entre ambos

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Sabia-se que o Vong Chiu iria apostar tudo neste embate com o até aí primeiro classificado do campeonato, Monte Carlo. A formação de Wu Kam Fai, técnico que também exerce funções de adjunto no South China de Hong Kong, já tinha desperdiçado cinco pontos até à sexta jornada, tendo averbado uma derrota, face ao Lam Pak.
Por isso mesmo, estava “proibido” perder, pelo menos, no confronto com um dos dois mais credenciados candidatos ao título. E encarou o desafio da tarde de ontem, no relvado do Estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia, com um único objective: surpreender o adversário, que até aí não tinha sequer deixado cair um ponto nesta temporada.
O Vong Chiu apostou claramente no contra-ataque e o sistema resultou em pleno, ainda que o facto de ter marcado bem cedo, logo aos dois minutos (Iek Kin Pan) na sequência de um livre indirecto, tenha contribuído para alterar desde logo a estratégia montada do outro lado, pelo treinador Tam Iao San.
O Monte Carlo cometeu muitos erros defensivos e pareceu acusar em demasia o golo sofrido, ainda as duas equipas estavam como que a aquecer.

Algumas alterações
não deram resultado

O técnico dos “azuis e amarelos” havia alertado os seus jogadores para o perigo desta equipa do Vong Chiu, recheada de bons executantes, entre os quais os reforços da República Popular da China.
Tam Iao San mudou ligeiramente o esquema do seu “onze”, voltando a apostar no cabo-verdiano Samiro para defesa central, mas agora ao lado de Lai Kok Hou, fazendo adiantar para o “miolo” o queniano John, que tinha actuado na defesa na partida anterior em que o Monte Carlo dera muito boa conta de si, goleando o Vá Luen por 6-0.
Mas não há jogos iguais e este embate com o Vong Chiu veio provar isso mesmo. O Monte Carlo sofreu um golo bem cedo e ainda na primeira parte acabaria por ver aumentada a desvantagem, num período em que, curiosamente, os dois conjuntos se viram reduzidos a dez unidades.
O primeiro a ver a cartolina vermelha (duas entradas duras com amostragem de amarelo) foi o rápido jogador do Quénia, John, que por vezes não consegue travar o seu ímpeto, fazendo faltas duras sobre os adversários. A primeira foi numa entrada de “carrinho” (algo desnecessária) sobre um seu adversário, no lado direito da sua defesa. A segunda (ainda mais desnecessária porque já tinha visto um cartão), aconteceu no meio-campo, levantando o pé e atingindo a perna de um jogador do Vong Chiu.

Segundo golo do Vong Chiu
acelerou derrota do líder

O árbitro foi peremptório em expulsar John, numa altura em que o Vong Chiu já ganhava por 1-0. Só que, alguns minutos depois, também o Vong Chiu ficou com dez jogadores. Dois amarelos a Ku Weng Lin e o consequente vermelho, numa partida com minutos iniciais de alguma dureza e vários cartões, pretendendo o juiz segurar o encontro.
Antes do descanso, o Vong Chiu fez o Segundo golo e a partir daí começou a sentir-se que o vencedor estava encontrado. Tudo saía mal ao Monte Carlo e, do outro lado, a tarde era de inspiração atacante, ainda que, como dissemos atrás, tenha funcionado em pleno o contra-ataque, muito por “culpa” de dois homens fundamentais na manobra do “onze” de Wu Kam Fai, o centro-campista Chiu Lai Pan (reforço da República Popular da China, de excelentes recursos técnicos e boa visão de jogo) e o avançado nigeriano Nwardo.
O Monte Carlo pareceu uma equipa nervosa, num encontro que constituia a primeira prova de fogo do campeonato e em vésperas de defrontar outro rival ao título, Lam Pak.

Contra-ataque e segurança,
as armas do Vong Chiu

O clube de Firmino Mendonça não esteve feliz, para além dos erros na rectaguarda, na “zona da verdade para o golo”, ainda que tenham ficado algumas dúvidas num lance em que Allison introduziu a bola na baliza contrária, mas o tento foi anulado por fora-de-jogo. Antes o jovem cabo-verdiano pediu grande penalidade.
Nos segundos quarenta e cinco minutos, o Vong Chiu recuou, como seria de esperar, partindo agora com mais “veneno” para o contra-ataque, face a um Monte Carlo a carregar no acelerador mas sem conseguir marcar. Chan Kin Seng, o habitual goleador da equipa, desperdiçou algumas boas ocasiões e a equipa ficava, por isso, intranquila.
Situação aproveitada pelo Vong Chiu para fazer mais dois golos. O terceiro da autoria de Nwardo (81 minutos) e o quarto por intermédio de Iu Hok Man (jogador de Hong Kong), dois minutos depois. O jogo estava decidido.
Mesmo assim, o Monte Carlo aproveitou o adormecer “à sombra de um resultado francamente dilatado” do seu adversário, para quase fazer um milagre.

Que resposta do Monte Carlo
já no jogo com Lam Pak?

O antigo comandante do campeonato marcou três golos nos derradeiros cinco minutos: Chan Pak Chun (87), Oseas (90) e Chan Kin Seng (tempo de descontos). Mas já era tarde para uma reviravolta total e assim ficaram no relvado os primeiros pontos desperdiçados em toda a prova.
Um a derrota que pode ter reflexos negativos no estado de espírito da equipa, como referiu ao PONTO FINAL, no final do desafio, o treinador Tam Iao San:
“A estratégia que eu montei foi por água abaixo logo nos minutos iniciais, porque o Monte Carlo cedo se mostrou sem entrosamento. Esse foi o nosso problema e agora, para o desafio diante do Lam Pak, no próximo sábado, vou ter de mudar o esquema que tinha idealizado, até porque já não vou contra com o queniano John.”
O treinador do Monte Carlo diz que faltou concentração, “uma vez que os meus jogadores estavam avisados para o perigo desta equipa do Vong Chiu. Por outro lado, acusámos em demasia a falta do jogador da China, Lam Chiu Meng, que tão bem tinha actuado na vitória diante do Vá Luen. Agora, para o confronto com o Lam Pak, espero contar com ele para ajudar a equipa a recuperar os índices de confiança.”
“O Vong Chiu esteve muito bem no contra-ataque e é sem dúvida mais um sério candidato ao título. Claro que tivemos várias oportunidades, em especial nos segundos quarenta e cinco minutos, mas não soubemos concretizar, caso contrário a história do jogo seria outra.”

Tirar ilações da derrota
e jogar para ganhar

Relativamente ao grande cartaz da última ronda da primeira volta, Tam Iao San é peremptório: “Vou jogar para ganhar, mas penso que o Lam Pak também. Por isso pode ser um excelente desafio. Vamos tentar rectificar os erros cometidos neste jogo e tirar as ilacções necessárias.”
Com este resultado o campeonato, como dissemos atrás, renasceu para o Vong Chiu e igualmente para o Hoi Fan. A prova ganhou interesse, mas quem lucrou mais foi o Lam Pak, que assumiu a liderança com um ponto de vantagem sobre Monte Carlo e três em relação a Vong Chiu e Hoi Fan.
O Lam Pak voltou a golear (5-0 no confronto com os sub 21) e parte para a última jornada da primeira volta e para o frente-a-frente com o Monte Carlo, em situação de vantagem, podendo considerer o empate um resultado positive, ainda que isso possa significar a aproximação de um dos dois rivais, uma vez que se defrontam também no próximo fim-de-semana.

Novo comandante goleia
jovens dos sub 21

O Lam Pak não sentiu problemas para ultrapassar, com um certo à vontade, os sub 21, patrocinados como se sabe pela Associação de Futebol de Macau, com mais três golos da vedeta Iun Chon Fai e dois de Leong Hong.
A formação de Chan Man Kin está a atravessar um bom momento de forma, sabendo-se que o entrosamento entre os seus jogadores é a arma principal, num conjunto que não tem sofrido grandes alterações de plantel há já vários anos. É por isso considerado favorito para o jogo de sábado com o Monte Carlo.
Relativamente aos restantes encontros da penúltima ronda da primeira volta, o Hoi Fan cumpriu com a sua obrigação” ao impor uma derrota ao frágil Vá Luen (4-0), com dois golos do português Hugo Afonso.
O Hoi Fan continua assim na corrida e aposta na experiência dos seus oito jogadores chineses (só podem actuar quatro ao mesmo tempo) para tentar surpreender os seus adversários, o primeiro dos quais já no domingo, diante do Vong Chiu. Igualmente um embate de cartaz.
O Clube Desportivo da Policia de Segurança Pública também cumpriu, mas com dificuldade, ganhando ao lanterna vermelha Heng Tai, por 1-0, que continua sem pontuar e, mais grave, sem marcar qualquer golo.
O veterano Dedé, que actua ao lado de outro experiente destas andanças de Macau, Mandinho, referiu ao PONTO FINAL que “está a faltar alguma sorte a esta equipa recheada de jovens que actuaram nos sub-18 da temporada passada. Tentámos segurar um ponto, através do empate, mas não conseguimos e foi pena um dos nossos jogadores ter sido expulso, dificultando-nos a missão. Já merecíamos ter marcado, pelo menos.”

Um ponto de vantagem
tem agora o Lam Pak

Depois desta jornada, a classificação está assim ordenada:

Lam Pak 16 (29-4)
Monte Carlo 15 (19-7)
Hoi Fan 13 (11-6)
Vong Chiu 13 (16-13)
Policia 6 (6-11)
Vá Luen 4 (5-21)
Sub 21 3 (7-17)
Heng Tai 0 (0-14)

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