NOVA ERA PARA AS SELECÇÕES DO TERRITÓRIO
Japonês Kogi é o novo treinador de Macau
Já era um dado adquirido. Kageyama Masanaga não renovou o contrato com a Associação de Futebol de Macau, após dois anos de trabalho. Veio ao território “fazer as últimas malas” e dar as derradeiras entrevistas. Vai ser o treinador dos sub-16 de Singapura e será substituído no território pelo seu compatriota Kogi, igualmente um especialista em camadas jovens. Campeonato prossegue amanhã e domingo
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
Japonês Kogi é o novo treinador de Macau
Já era um dado adquirido. Kageyama Masanaga não renovou o contrato com a Associação de Futebol de Macau, após dois anos de trabalho. Veio ao território “fazer as últimas malas” e dar as derradeiras entrevistas. Vai ser o treinador dos sub-16 de Singapura e será substituído no território pelo seu compatriota Kogi, igualmente um especialista em camadas jovens. Campeonato prossegue amanhã e domingo
Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net
O PONTO FINAL sabe que o futebol de Macau, em termos de selecção principal e outros escalões, ficará entregue, pelo menos durante um ano, a mais um treinador vindo do Japão, por indicação da Confederação Asiática, tal como tem acontecido nos últimos tempos.
Os dirigentes associativos macaenses ainda não confirmaram o nome do sucessor de Kageyama, mas foi o próprio ex-técnico da RAEM que divulgou a novidade, numa altura em que se encontra de novo no território, para “arrumar os seus haveres” e rumar a outras paragens.
Sabe-se que Kogi já deu o sim à AFM para vir ajudar ao desenvolvimento da modalidade, dando maior atenção às camadas jovens, que constituem, sem sombra de dúvida, o busílis da questão do futebol macaense, pelo menos em termos de profundidade para o futuro.
O treinador japonês terá já conversado com Kageyama, que lhe deu indicações sobre o que Kogi irá encontrar por estas paragens. Provavelmente encontrará, no terreno, muito mais dificuldades do que estará a imaginar…
Kogi é mais um nipónico a instalar-se no território, depois de Ueda, Imai e Kageyama. “Será a mentalidade ideal para aceitar trabalhar com condições que não são realmente as melhores. Era muito mais complicado se um treinador europeu credenciado aceitasse vir para estas selecções em desenvolvimento”, referiu Kageyama, quando lhe perguntámos se de facto os técnicos japoneses eram os ideais para o futebol de Macau.
Assim, provavelmente já a partir de Fevereiro, as selecções macaenses vão ser trabalhadas por Kogi, um técnico que esteve ultimamente ao serviço do Pulse, clube da I Divisão do Japão, mas dedicando-se exclusivamente ao escalão de sub-18.
Terá sido mesmo Kageyama a indicar este nome para lhe suceder à frente da selecção de futebol da RAEM.
Missão terminada para “Kaga”
com elogio aos jogadores
com elogio aos jogadores
Dever cumprido, apesar de tudo, dirá Kageyama Masanaga, que espera ter muito melhores condições de trabalho em Singapura do que teve em dois anos de Macau.
“Não é que os dirigentes não me tivessem dado aquilo que lhes era possível, mas de facto há uma série de contrariedades que impedem o futebol de Macau de progredir como todos desejariam. Foi um bom período da minha carreira de treinador, mas é altura de sair e tentar outras experiências”, referiu Kageyama, ele que irá ainda permanecer por cá durante cerca de mais uma semana. Depois, regressa ao seu país natal, Japão, e assumirá, a partir de 4 de Fevereiro, uma nova etapa da sua vida. Vai treinar a selecção de jogadores menores de 16 anos de Singapura.
A equipa jovem da cidade estado irá arrancar para um projecto de treinos intensivos, tendo em vista a fase final do Campeonato da Ásia daquele escalão, que terá lugar no Uzbequistão em Outubro. Só os primeiros quatro classificados é que garantirão acesso ao Mundial de sub-17, em 2009.
“Kaga”, como é conhecido no seio dos jogadores de Macau, teve outros convites, nomeadamente para regressar aos seu país e treinar clubes do escalão principal, mas optou por continuar a viajar por outros países, dando continuidade ao seu trabalho de formação, de desenvolvimento.
“Este projecto em Singapura agradou-me. É um desafio interessante para uma selecção jovem que pode muito bem ser o futuro do futebol daquela cidade estado. Não vai ser fácil terminar entre os primeiros da fase final do Asiático de sub-16, mas um dos grandes objectivos será a qualificação para o Campeonato do Mundo de sub-17 de 2009.”
Futebol de Singapura
em franca evolução
em franca evolução
Singapura, diga-se, está a revolucionar o seu futebol e já há bons reflexos em termos de equipa sénior, com alguns lugares de subida no ranking internacional. Mas os responsáveis da Federação de Singapura pretendem lançar novas bases para o futuro, apostando nos escalões inferiores. Daí terem contratado Kageyama, oferecendo-lhe excelentes condições de trabalho e a possibilidade da equipa treinar cinco a seis vezes por semana, tendo em vista esse asiático de sub 16, em Outubro.
O japonês sorriu quando questionado sobre as diferenças de mentalidade entre Singapura e Macau, para já não se ir mais longe, a países como o seu, Japão, ou até Coreia do Sul e República Popular da China:
“É na verdade uma diferença grande, mas o problema aqui em Macau é o sistema, a estrutura. Assim é muito complicado melhorar o futebol e faze-lo atingir patamares de outras nações aqui no continente asiático. Os jogadores têm potencialidades e por isso é que é necessário mudar mentalidades. E fazer um trabalho sério a partir de idades mais jovens até atingir os 15 anos. Nessa altura, em condições normais, os atletas já terão de possuir uma boa técnica. Depois disso é difícil melhorar muito mais. Será apenas aperfeiçoar. Só que em Macau não se criam estruturas para desenvolver essas camadas inferiores”, referiu à nossa reportagem Kageyama Masanaga, quase na hora da despedida.
“Apesar de todas as dificuldades, gostei de ter trabalhado em Macau, uma vez que é um grande desafio para qualquer técnico.”
Já agora, como curiosidade, diga-se que a selecção de sub-16 de Macau, orientada por Tam Iao San (treinador da equipa sénior do Monte Carlo) esteve presente na fase de qualificação do Asiático, realizada em 2007, tendo perdido todos os desafios, um dos quais diante de Singapura, por 4-1, mas com um empate a uma bola ao intervalo. Isto poderá significar que Kageyama terá também muito trabalho a fazer em Singapura se quiser “sonhar” com a presença no Mundial de Sub-17 do próximo ano.
Monte Carlo com teste dificil
frente a candidato Vong Chiu
frente a candidato Vong Chiu
Enquanto isto, prossegue amanhã e domingo o campeonato interno de Macau, do escalão principal. Vai disputar-se a penúltima jornada da primeira volta, com o Monte Carlo ainda sem perder qualquer ponto e a ter um teste muito importante para o “assalto” ao título, conquistador o ano passado pelo Lam Pak.
A formação orientada por Tam Iao San defronta um dos candidates, Vong Chiu, que se atrasou ligeiramente desde o empate com o Vá Luen na ronda inaugural da temporada e acabou por perder um jogo, face ao Lam Pak 5-2).
Daí que o conjunto de Wu Kam Fai não queira desperdiçar mais pontos e logo para o líder co campeonato.
O Monte Carlo tem vindo a subir de produção nos últimos jogos, apresentando mais união colectiva desde a saída, por motivos disciplinares, do camaronês Wamba. “O plantel está mais unido isso é um facto, notando-se no campo o entrosamento da equipa e a forma mais alegre de actuar”, palavras do treinador, que no entanto reconhece que há ainda algo a rectificar, em especial em termos defensivos.
Na última partida diante do Vá Luen, que os azuis e amarelos golearam (6-0), Tam Iao San testou dois novos centrais, o cabo-verdiano Samiro e o queniano John. E a equipa deu-se bem com a mudança, até porque no meio campo alinhou, pela primeira vez, o chinês Lam Chiu Meng.
O favoritismo para o desafio vai inteiro para o Monte Carlo, restando saber que oposição oferecerá o Vong Chiu e que jogadores da China irá apresentar. Mas será sem dúvida o jogo grande da ronda.
Nos outros desafios, o Lam Pak poderá dar continuidade às goleadas, uma vez que defronta os sub 21 da Associação, ainda que se saiba da evolução dos jovens de jogo para jogo.
Há outro embate interessante, que colocará frente-a-frente a revelação da época, Hoi Fan, e a desilusão das últimas jornadas, Vá Luen. À ex-equipa de Pereirinha começam a faltar os reforços da China e no encontro de há uma semana apenas se apresentaram dez jogadores para o inicio. Resta saber se no futuro esta formação do Vá Luen se irá “arrastar” pelos relvados.
O Clube Desportivo da Policia de Segurança defronta o lanterna vermelha Heng Tai e é apontado como favorito à vitória. O “Segundo clube” de Firmino Mendonça procura ainda o primeiro ponto e o primeiro golo desta temporada.
Programa da ronda:
Sábado
Policia/Heng Tai (16 horas)
Lam Pak/Sub 21 (16)
Domingo
Vong Chiu/Monte Carlo (14)
Vá Luen/Hoi Fan (16)