Governo deverá lançar serviço de mini-autocarros para bairros antigos
Taxistas estão contra
Taxistas estão contra
O Governo conta criar um novo serviço de transporte público para as zonas antigas de Macau, com a introdução de carrinhas de nove lugares que deverão começar a circular no próximo ano. Os taxistas chumbam a proposta e acusam o Executivo de estar a trair os interesses da indústria e a prejudicar os trabalhadores que investiram em licenças de exploração de táxis.
Em declarações ao jornal Ou Mun, cinco organismos defensores dos interesses da classe (Associação Geral dos Comerciantes de Trânsito e de Transporte, Associação Geral dos Comerciantes e Operários de Automóves, , Associação Geral dos Proprietários e de Táxis, Associação dos Profissionais e Operadores de Táxis e Associação das Taxistas de Macau) defendem que as futuras operações dos mini-autocarros entra em concorrência com os serviços de táxi e referem que o serviço vai ter forte impacto na indústria que representam. Também o sector de mercado que servem, sublinham, será reduzido. E vão mais longe: o princípio por detrás do projecto do Governo é sacrificar os interesses dos que investiram em alvarás de licença de exploração de táxis, dos que adquiriram veículos e de quem os conduz.
Os taxistas lembram ainda que o Executivo não apresentou um plano para reduzir o tráfego rodoviário na região e que não tem havido uma supervisão eficaz dos serviços prestados pelas duas empresas que exploram – em regime de duopólio – a rede pública de autocarros. Os trabalhadores destacam que demoram, em média, trinta minutos para se deslocarem até às zonas antigas, tempo que, observam, será esticado quando entrarem em circulação as carrinhas de nove lugares. Mais: o tráfego nas zonas histórias ficará paralisado.
Macau prepara-se para instalar o sistema de metro ligeiro que, segundo o projecto, deverá ser coordenado com os transportes públicos já existentes. Contudo, notam os taxistas, as empresas de autocarros não introduziram as melhorias necessárias para dar vazão à procura. As associações dizem ainda que o metro não vai servir os interesses dos residentes mas os turistas que fazem a rota pelos casinos de Macau e concluem que há um conluio entre empresários e representantes do Governo – segundo o diário chinês, os taxistas falam mesmo em conspiração.
O último concurso público, organizado pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) no final de Novembro de 2007, atribuiu 150 alvarás para exploração de automóveis ligeiros para transporte de passageiros. Porém, os taxistas, ainda em declarações ao Ou Mun, referem que apenas 10 táxis foram lançados. Recordam que a licitação vencedora em 2005 (o concurso anterior) atingiu 1,4 milhões de patacas e referem que os participantes preferem perder o valor dos depósitos (cerca de 20 mil patacas) e deixar de ter licença, para que os licitadores, com propostas de preços mais baixas, possam entrar em cena.
A par dos custos do alvará, os trabalhadores enfrentam ainda a subida do preço do combustível, a falta de mão de obra e a congestionamento rodoviário. A entrada das novas carrinhas vai representar, dizem, a “um desastre após outro” e duvidam que, com o projecto, aparecem novos investidores na indústria dos táxis.
CAIXA
Kai Fong satisfeitos
Kai Fong satisfeitos
O vice-presidente da Associação Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kai Fong) aplaude a criação dos mini-autocarros de nove lugares que vão circular pelas zonas históricas. Em declarações à TDM, Vong Iao Kao referiu que a medida se enquadra nas medidas prioritárias de transporte público e acrescenta que o serviço oferece vantagens técnicas para a circulação nos pavimentos mais antigos.
Contudo, aconselha o Executivo a estudar o itinerário por forma a optimizar a rede de tráfego rodoviário: o Governo, defende, tem de promover a eficiência dos transportes públicos e limitar a circulação de veículos depois de lançar o novo serviço. Caso contrário, remata, os novos mini-autocarros só vão servir para aumentar a pressão rodoviária.
CAIXA
Concessão para autocarros públicos
Novo modelo deverá ser conhecido esta semana
Concessão para autocarros públicos
Novo modelo deverá ser conhecido esta semana
O lançamento dos mini-autocarros será oficializado durante a apresentação de um relatório do Executivo sobre a política pública de transportes, que deverá ser feita ainda esta semana, segundo avançou o jornal Macau Post Daily, na edição de ontem.
Citando uma fonte anónima, o diário noticia que o Governo já concluiu a fase de consulta pública sobre a exploração do serviço de autocarros e que o relatório apresenta sugestões para a revisão do modelo de concessão atribuído, até agora, a duas empresas de Macau.
O serviço é actualmente prestado em regime de duopólio pelas companhias Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM) e Transmac cujo contrato de concessão expira em Outubro. De acordo com as informações obtidas pelo jornal, o Executivo está determinado em alargar o mercado e atribuir mais licenças de exploração, através da entrada das operadoras responsáveis pelo futuro serviço das carrinhas públicas de nove lugares.
Segundo a fonte, o contrato com as duas empresas de autocarros será renovado, mas os trâmites legais foram “profundamente revistos”. O novo modelo, continua, prevê uma supervisão directa por parte do Governo e teve em conta as queixas dos passageiros sobre os serviços da Transmac e TCM. O Governo considera ainda, avança, a criação de um cartão único para todas as companhias de transporte para facilitar a circulação de passageiros.
A mesma fonte refere ainda que o serviço de mini-autocarros vai facilitar a contratação de pessoal uma vez que os condutores não vão precisar de obter carta de condução especial, ao contrário dos motoristas de autocarros. Ficam assim, entende, resolvidos dois problemas: a falta de mão de obra no sector e a crescente procura de transportes por parte dos casinos e operadoras de turismo.