31.3.08

Selecção afastada do Campeonato Asiático de Futsal
Reduzida vitória sobre Brunei (1-0)
impediu qualificação de Macau


Mesmo sem apuramento para a fase final, Macau esteve muitos furos acima do que se esperava. Apenas uma derrota em quatro jogos. Indonésia e Kuwait qualificaram-se. A selecção do território deu nas vistas pela notória evolução da qualidade de jogo

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Esse é, sem dúvida, o principal aspecto a reter na presença de Macau em mais um grupo de apuramento para o Campeonato da Ásia da modalidade. Uma franca evolução da forma de actuar, a que corresponderam resultados positivos.
Nove equipas participaram neste “mini campeonato dos mais fracos” do continente, divididos por duas series. A de Macau tinha cinco conjuntos e era francamente mais forte do que a outra (Malásia, Taiwan, Vietname e Maldivas).
Mas mesmo assim, a formação treinada por António Machado surpreendeu tudo e todos e só foi derrotada numa partida, à segunda jornada, face ao Qatar (3-2), num encontro em que Macau merecia pelo menos a igualdade.
E esse ponto “desperdiçado” diante da selecção qatari, veio a ser determinante para o escalonamento das equipas, uma vez que Macau foi excluído da fase final do Asiático pela diferença de golos marcados e sofridos, terminando com o mesmo número de pontos do Kuwait (7) e a dois do primeiro classificado, a Indonésia.

Indonésia e Kuwait
jogaram sem pressão

Os indonésios, que curiosamente perderam na estreia com Macau (4-2), com grande surpresa, nunca mais haveriam de desperdiçar pontos, superando na derradeira ronda, ontem, o Kuwait, numa partida em que foi evidente a intenção das duas formações jogarem para o resultado, ou seja, os dois só não seguiriam em frente se se registasse um empate ou então se a Indonésia vencesse por quatro golos de diferença.
O treinador de Macau assistiu ao encontro (e sofreu naturalmente…) e ainda tinha uma réstia de esperança de que o desfecho fosse favorável a Macau em termos de tabela final. Mas Indonésia e Kuwait limitaram-se a jogar para se qualificarem.
A Indonésia venceu por 1-0 e na segunda parte o jogo foi feio, quase só com trocas de bola para que o resultado não sofresse alteração. O Kuwait, depois de sofrer o golo, preferiu não arriscar e praticamente na segunda parte não se mostrou interessado em atacar.
Assim, a selecção da RAEM ficava pelo caminho, fechando com 2 positivos, na diferença de golos marcados e sofridos, ao contrário de 5 do Kuwait.

Brunei parecia
adversário ideal

Só que o “cinco” macaense poderia ter evitado esta situação na última jornada realizada ontem em Selangor, perto da capital malaia, Kuala Lumpur.
Em caso de vitória por 5 golos de diferença no confronto com a equipa mais fraca da prova, o Brunei, então Macau nem precisaria de esperar pelo resultado da partida que se efectuou depois, o Indonésia/Kuwait.
O conjunto de António Machado acusou a pressão e a responsabilidade e ganhou pela margem mínima (1-0), num golo apontado por Chon Kun Kan na segunda parte.
“O Brunei fez a sua melhor exibição contra nós, porque a pressão estava do nosso lado. Eles já não tinham qualquer hipótese de qualificação e nós precisávamos de ganhar por cinco golos de diferença”, começou por referir ao PONTO FINAL, António Machado, para quem “os jogadores macaenses sentiram realmente a pressão de um jogo que era muito importante.”

Excelente empate
diante de Kuwait

Recorde-se que Macau empatara no dia anterior, sábado, com a mais categorizada selecção da série e até do torneio (segundo os observadores no recinto malaio), o Kuwait, a três bolas.
A formação do Golfo esteva a ganhar por 2-0 e 3-1, a RAEM arriscou tudo nos últimos oito minutos e atingiu a igualdade. Marcaram Geofredo Sousa (2) e Leong Chon In. Geofredo, capitão da selecção de futsal e também do seu clube, o Monte Carlo, no futebol de onze local, cotou-se como o melhor marcador da equipa, com quatro tentos apontados. É na verdade o jogador de maior experiência e influência nesta selecção de futsal.
“O nosso primeiro objectivo no confronto com o Brunei era a vitória e só depois marcar muitos golos. Foi pena que os meus jogadores tivessem acusado a pressão e não produziram aquilo que estava ao seu alcance. Mas há que dizer que o Brunei, mesmo apesar de ter ficado em último lugar na nossa série, sem qualquer ponto conquistador, mostrou igualmente evolução e, na minha opinião, é superior a equipas como Guam, Afeganistão ou Maldivas. Acabou por fazer um bom jogo contra nós.”

Desilusão dos atletas
pela vitória escassa

No final do encontro de ontem com Brunei os jogadores estavam desiludidos por não terem feito mais golos e arrumar a questão da qualificação. “Eles nem quiseram ver o encontro entre Indonésia e Kuwait, um a vez que preferiram descansar no hotel e esperar pelo desfecho, que já era de certo modo previsível, entre as selecção da Indonésia e Kuwait”, referiu o treinador.
António Machado, que ainda tinha esperança de ver Macau passar à frente do Kuwait ou da Indonésia, no final da última jornada da competição, diz que “provavelmente tudo seria diferente se o nosso jogo se realizasse depois do Indonésia-Kowait.”
Para a história fica o apuramento daqueles dois países, habitualmente melhores que Macau, mas desta feita sem mostrarem superioridade evidente. A selecção macaense superou mesmo os indonésios (aplicando-lhes a única derrota da competição) e empatou com o Koweit, com uma segunda parte acima do seu adversário.
O Qatar, que ficou em terceiro lugar a um ponto da RAEM, era igualmente candidato. Mais ainda depois do triunfo sobre a formação do território.
E como dissemos atrás, foi esse desaire tangencial e imerecido (na opinião do técnico e dos jogadores), que atirou Geofredo Sousa e companhia para fora do Asiático de 2008, cuja fase final se irá realizar em Maio na Tailândia.

Plantel equilibrado
e espírito de grupo

Esta foi a terceira vez que a Confederação Asiática fez disputar um torneio de qualificação e Macau, desde então (2006) não consegue estar entre a elite do futsal asiático, ao contrário do que sucedia anteriormente. No passado eram menos as selecções inscritas e por isso não havia necessidade de fazer esta filtragem numa prova com conjuntos de ranking mais baixo.
Só que Macau ficou mesmo à porta do apuramento, o que demonstra a evolução do futsal. Já não foi a equipa “coitadinha” que apenas iria participar sem qualquer ambição.
“Eu já tinha referido que o plantel era bastante bom e que a nossa selecção tinha condições para fazer bons resultados. Mas confesso que superou as expectativas de todos, principalmente pela boa qualidade de futsal praticado. A preparação nunca é a adequada, pela falta de campos disponíveis para treinar, mas a selecção estava bem psicologicamente e havia um grande espírito de grupo. A falta de uma preparação física ideal, foi sempre superada por esse espírito colectivo.”
Pode dizer-se que esta terá sido a melhor prestação de sempre num Asiático ou numa fase de qualificação. Nunca Macau tinha conseguido tão bons resultados (quatro jogos, duas vitórias, um empate e uma derrota pela margem mínima).

Treinador Machado
ganha experiência

António Machado também ele arriscou em determinados jogos e é um treinador muito mais experiente do que anteriormente. Recorde-se que assumiu a liderança da selecção do território, depois do regresso a Portugal do português Luís Alves, que veio orientar a RAEM no Asiático de 2004 (aqui organizado).
Já todos se conhecem bem nesta equipa macaense, já que actuam juntos há alguns anos, com algumas entradas em cada ano. Mas a “espinha dorsal” tem-se mantido. Os resultados estão à vista. Só há que dar mais condições ao futsal para que, a partir de agora, tenha possibilidades de discutir as fases de qualificação do Asiático com qualquer adversário deste “nível secundário”.
Indonésia e Kuwait vão assim juntar-se a selecções mais fortes como são, por exemplo, Irão, Japão, Uzbequistão e Austrália, na fase final do campeonato deste ano. Malásia e Taiwan também conseguiram o objective de seguir em frente, terminando nas duas primeiras posições da outra série que igualmente teve lugar em Selangor.

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