21.4.08

Empresário de Hong Kong reclama dividendos por ter ajudado Sands a entrar em Macau
Adelson presta depoimento contraditório

Sheldon Adelson, CEO das Las Vegas Sands, terá prestado um depoimento "contraditório" na passada sexta-feira, segundo o Las Vegas Review Journal, durante uma sessão do julgamento que decorre na cidade norte-americana num processo movido em 2004 pelo empresário de Hong Kong Richard Suen. Suen alega que teve um papel preponderante ao interceder favoravelmente, em 2001, junto do governo chinês, para que a Las Vegas Sands conseguisse uma subconcessão para operar casinos em Macau, o que veio a acontecer um ano mais tarde, em 2002. O empresário de Hong Kong afirma que há registos de correspondência entre Adelson e William Weidner, presidente da Sands, que provam as promessas destes em pagarem a Suen pelo menos 5 milhões de dólares norte-americanos, bem como mais 2 por cento das receitas decorrentes da exploração do jogo.
De acordo com o Las Vegas Review Journal, no seu depoimento, Adelson foi "contraditório" sobre o facto de ele próprio ou um alto quadro da Sands ter quebrado a confiança e ter oferecido a Suen dinheiro para que este encontrasse investidores e ajudasse no processo de obtenção de uma licença de jogo em Macau.
Interrogado pelo advogado de Richard Suen, John O'Malley, sobre se Weidner queria ou não que Suen encontrasse investidores para um projecto em Macau, Adelson respondeu que Weidner não devia ter pedido a alguém como Suen, "com falta de experiência financeira", para que encontrasse investidores.
"William Weidner quebrou os seus deveres de confiança para com a empresa. É isso que o senhor está a dizer", questionou O'Malley.
"Sim", respondeu Adelson. "Mas ainda sinto amor por ele e muito respeito", acrescentou.
Mais tarde na sessão, já ao ser interrogado pelo seu advogado, Rusty Hardin, Adelson tentou clarificar as suas observações sobre Weidner. "Nem William, nem eu, quebrámos o nosso dever de confiança para com a empresa. Ponto final", disse Adelson.
Já à saída do tribunal, em declarações ao jornal de Las Vegas, Adelson justificou o seu depoimento contraditório dizendo-se confundido pelo questionário de O'Malley.
"Ele (O'Malley) não tem caso. Está a tentar confundir tudo", defendeu-se Adelson.
A próxima sessão do julgamento decorre hoje e William Weidner é suposto prestar depoimento.

"Pagamos às pessoas quando
elas trabalham para nós"


Sexta-feira, na fase final do seu depoimento, Sheldon Adelson afirmou perante os jurados que cumpre sempre as suas responsabilidades para com o empregados e para com o empenho destes. Afirmou, por outro lado, que Suen não ajudou a Las Vegas Sands a conseguir a subconcessão que lhe permite operar casinos em Macau, pelo que o empresário de Hong Kong não tem direito a partilhar qualquer dividendo dos lucros da empresa.
"Ninguém trata os seus funcionários melhor do que eu. Ninguém tem um plano de benefícios como o nosso", disse Adelson na recta final de um depoimento que se estendeu por quase seis horas.
O homem forte da Las Vegas Sands disse ainda estar disposto a "pagar-lhe (Suen) pelo seu tempo e pelas suas despesas. Mas ele não fez nada de valor. Nós não somos malandros. Pagamos às pessoas quando elas trabalham para nós."
Descreve o Las Vegas Review Journal - o órgão de comunicação social responsável pela abertura ao público do julgamento, ao contrário do que a defesa de Adelson queria, tendo o juiz decidido a favor do requerimento do jornal -, que Adelson, actualmente com 74 anos e a sofrer de uma doença rara do foro neurológico, foi "combativo e jovial" durante a sessão.
Foi apresentado ao tribunal como o 12º homem mais rico do mundo, segundo a lista da revista Forbes, com uma fortuna avaliada entre 26 mil milhões e 28 mil milhões de dólares norte-americanos.
Adelson observou que trabalhou muito para atingir o sucesso e que "nunca se apoiou nas costas partidas de ninguém".
Ainda de acordo com as declarações de Adelson, muitas das dúvidas relativamente à natureza da relação entre a Las Vegas Sands e Richard Suen em 2001 se devem ao facto de Adelson ter lidado, na altura, com uma doença lombar que lhe infligia dores muito fortes. Os primeiros sintomas da doença, disse, terão surgido após uma viagem a Pequim, no dia 4 de Julho de 2001. A doença continua a afectá-lo ainda hoje, obrigando-o a fazer-se acompanhar de uma bengala. Muita da medicação que lhe foi administrada, em 2001, disse Adelson, causava-lhe sonolência. Isso fez com que, em determinados momentos, lhe tivesse escapado detalhes ou ocorrências, confessou.
Para tentar aliviar as dores, disse ainda, chegou a tomar 25 comprimidos diferentes num só dia.
No entanto, Adelson disse que não se sentiu ou sente incapacitado para administrar os destinos da empresa.
O empresário admitiu que, a 27 de Dezembro de 2001, enviou a Richard Suen uma missiva, revista por um ex-funcionário de nome Friedman, que trabalhou durante 9 anos para a Las Vegas Sands e se demitiu em 2004.
Esse documento refere que Suen concordou em "falar com pessoas" que o empresário de Hong Kong conhecia na China e que iriam "olhar favoravelmente para a Venetian para que conseguisse uma licença em Macau". O nome de Adelson estava na missiva, assinado pela sua secretária, Betty Yurcich.
"O que foi enviado não foi o que eu pedi para que fosse enviado", disse Adelson.

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