8.4.08

À espera da empresa de consultoria
Orçamento do metro ligeiro
só no final do ano


Lau Si Io apresentou o projecto do metro ligeiro aos deputados, em sessão informal na Assembleia Legislativa, mas não discutiu as questões orçamentais que mais preocupavam Au Kam Sam e Ng Kuok Cheong

Marta Curto

Ontem, a sessão informal da Assembleia Legislativa sobre o metro ligeiro, que visava apresentar o projecto aos deputados, conforme pedido de Au Kam Sam e Ng Kuok Cheong, pouco ou nada adiantou ao que já tinha sido dito em conferências de imprensa anteriores. Embora já se tivesse avisado, tanto no press release como na apresentação in loco antes do início da sessão, que não haveria debate, o secretário dos Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, mostrou-se aberto às questões de Au Kam Sam, Ng Kuok Cheong, José Pereira Coutinho e Chan Chak Mo. Mas nem isso adiantou muito.
Falou-se nas interfaces entre o metro e outros meios de transportes públicos, na distância de 10 metros entre a ponte do metro e os prédios, e no impacto ambiental e visual do projecto na cidade. Às perguntas sobre o orçamento, colocadas e repetidas por Au Kam Sam e Ng Kuok Cheong, Lau Si Io respondeu e repetiu que ainda era cedo para se saber se haveria derrapagens no montante inicialmente previsto de 4,2 bilhões de patacas. Esta é aliás uma das preocupações da população, recolhidas aquando a consulta pública realizada sobre o metro ligeiro, em Outubro de 2006 e entre Julho e Agosto de 2007. Os deputados ainda recordaram os jogos da Ásia Oriental de 2005, onde as conclusões finais de um relatório do Comissariado de Auditoria apontaram para um desperdício de recursos. Mas apesar da insistência dos deputados, Lau Si Io só disse que a questão do orçamento estava dependente da empresa de consultoria que ainda não foi escolhida, mas que até ao final do ano já se podia esperar uma actualização do orçamento já estimado.
As propostas de sete empresas convidadas pelo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes serão entregues até dia 25 de Abril e só uma será consultora do desenvolvimento do metro ligeiro, não podendo participar em mais nenhuma fase do projecto. Entre outros assuntos que esperam os seus conselhos, estão algumas melhorias do actual plano, que podem influenciar o montante inicialmente previsto de 4,2 bilhões de patacas. A este propósito, José Pereira Coutinho questionou a legitimidade das empresas envolvidas, Consulgal S.A (Portugal), CPG Corporation (Singapura), EGIS Rail (França), Lea+Elliott (EUA), Movares Nederland B.V. (Holanda), MTR Corporation Ltd (Hong Kong) e Setec its (França). O deputado afirmou que só duas teriam reputação mundial, questionando assim a escolha das outras cinco. O secretário explicou que, pelo contrário, todas elas têm larga experiência na matéria e a selecção teria sido feita após estudo exaustivo das empresas especialistas no mundo, algo que também já fora divulgado em conferência de imprensa anterior.
A verdade é que esta sessão informal nem estava prevista. Tudo começou há pouco menos de um mês e meio, quando os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong apresentaram uma proposta na sessão plenária da Assembleia Legislativa a pedir aos membros do Governo, e demais entidades envolvidas no projecto do metro ligeiro, que explicassem melhor o que iria acontecer de forma a que "o público tenha, antes do início das obras, um retrato mais claro sobre o maior projecto da história de Macau, que nos vai custar vários bilhões". Nem houve discussão e o projecto de deliberação foi reprovado com 20 votos contra e duas abstenções. Os cinco votos a favor foram dos dois autores da proposta, de José Pereira Coutinho, Lee Chong Cheng e Kwan Tsui Hang.

CAIXA
Novos aterros suscitam dúvidas dos deputados
Plano de 2006 foi "ligeiramente ampliado"

À margem da sessão informal, Lau Si Io respondeu às questões dos jornalistas que versaram todas sobre a questão levantada por um membro do Governo de Guangdong a propósito da alegada intenção do Governo da RAEM de duplicar a área actual de Macau com a construção de novos aterros. A notícia foi dada pelo Ou Mun e falava numa acréscimo de 20 quilómetros quadrados - sendo que Macau tem 28,2 quilómetros quadrados, contanto com a Taipa e Coloane - , bem diferente dos 398 hectares (3,98 quilómetros quadrados) divulgados à imprensa, que fazem parte de uma proposta que o Executivo apresentou em 2006 e que ainda aguarda autorização do Governo Central.
O secretário dos Transportes e Obras Públicas explicou aos jornalistas que o projecto de 2006 teria sido ligeiramente ampliado, sendo que a área de novos aterros sugerida à China seria pouco maior do que 398 hectares. Mas a verdade é que, segundo o que foi traduzido para a imprensa portuguesa, Lau Si Io não disse que a notícia, que falava em 20 quilómetros quadrados de ampliação da área actual de Macau, era falsa, nem disse que o projecto não existia.
Quando, ainda na sessão informal, o deputado Pereira Coutinho também abordou a questão dizendo que, a acontecer o aumento de 20 quilómetros quadrados, o traçado do metro ligeiro teria de ser revisto, Lau Si Io também só respondeu que eram questões diferentes e que não se tocavam.
Por enquanto, espera-se uma resposta do Governo Central, que já está em fase final de deliberação, sobre um projecto de ampliação de Macau em "mais de 398 hectares". O reajustamento ter-se-á devido a questões ambientais e os novos aterros propostos estão previstos para a costa norte da Taipa, o sul do Zape e na Areia Preta, próximo da fronteira de Gongbei.

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