Grupo imobiliário de Macau utiliza nome do Instituto Camões à revelia da instituição
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O grupo imobiliário Macau Legend Development, do empresário David Chow, está a usar o nome do Instituto Camões para fazer publicidade na China, com a instituição cultural portuguesa a negar ter dado alguma vez autorização para tal.
O grupo tem vindo a anunciar nos meios de comunicação nacionais chineses que o Instituto Camões (IC) apoia um restaurante português que o grupo vai abrir em Pequim, num hotel de luxo prestes a inaugurar na capital chinesa.
“Numa rapsódia de oito locais, estabelecimentos característicos que incluem um restaurante português exclusivo, que servirá impecável cozinha macaense e portuguesa, apoiado pela organização cultural global Instituto Camões”, lê-se no anúncio ao hotel Legendale, propriedade do grupo de Macau, publicado na revista Beijing Review, com a distribuição em toda a China, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Canadá, Suiça, Japão e União Europeia.
Mas tanto João Barroso, representante do IC em Pequim, como Helena Rodrigues, do IC de Macau, desmentiram ontem em declarações à agência Lusa que a instituição cultural portuguesa esteja a apoiar a iniciativa, afirmações confirmadas pela sede do instituto em Lisboa.
“Desconheço totalmente esse assunto”, disse João Barroso. Helena Rodrigues confirmou que, também para ela, o apoio do IC ao restaurante era uma “novidade”.
“O IC não apoia restaurantes nem quaisquer outras iniciativas congéneres, mas sim a promoção da língua e da cultura portuguesas no estrangeiro”, referiu ao telefone Maria João Correia, da Divisão de Acção Cultural Externa do instituto, a partir de Lisboa.
Além da Beijing Review, o apoio do IC é mencionado em páginas da Internet, como a da empresa chinesa de relações públicas China Newswire, e no site China Hospitality News, uma página sobre turismo na China.
A revista That’s Beijing, publicação de distribuição gratuita dedicada ao ócio e aos tempos livres, destaca também o apoio do IC como “uma garantia da autenticidade do restaurante português, uma cozinha que faz falta em Pequim”.
Confrontada com a utilização do nome do Instituto à revelia da instituição, Sara Li, do gabinete de comunicação do hotel Legendale, disse à Agência Lusa “não ter informações a dar acerca do assunto”.
“O restaurante português do hotel será o primeiro restaurante autêntico português em Pequim”, lê-se na página do hotel na Internet, agora sem qualquer referência ao IC.
À agência Lusa, a partir de Macau, o próprio director geral do restaurante Camões, João Mesquita Ferreira, garantiu que a ligação do IC ao restaurante Camões deve tratar-se de um mal-entendido.
“Deve haver alguma confusão. Já existe um restaurante Camões em Macau e provavelmente foi por isso que se gerou o mal-entendido”, afirmou Mesquita Ferreira, sublinhando que o restaurante não tem qualquer relação com o IC.
O investimento no Legendale Hotel Beijing está avaliado em 2,2 mil milhões de renminbis, por parte do grupo do empresário David Chow, de Macau.
O empreendimento Legendale localiza-se no centro de Pequim, vai ter um hotel de 5 estrelas e apartamentos residenciais, e vai ser utilizado pelo Comité Olímpico Internacional durante os próximos Jogos Olímpicos de Pequim.
