7.4.08

Livro I de Bach: Angela Hewitt actua a 22 de Abril no Centro Cultural de Macau
A especialista

Começou a contagem decrescente para o concerto da especialista em Bach, Angela Hewitt, em Macau. A pianista actua no Cenro Cultural no próximo dia 22.
Hewitt está a viajar pelo mundo desde Agosto de 2007, carregando mãos cheias de Bach que estão a ser repartidas por cidades tão distantes como Lisboa (onde actuou na Gulbenkian nos passados dias 11 e 13 de Fevereiro), Zurique ou Tóquio. A pianista canadiana vai apresentar o Cravo Bem Temperado por volta de 50 vezes durante a digressão mundial de 14 meses que termina em Outubro de 2008. No centro de tudo, estão os dois volumes do Cravo Bem Temperado.
Em Macau, a pianista vai tocar o livro I de Bach. Porque Angela Hewitt é uma autoridade em Bach e uma excelente tutora, tendo ensinado estudantes de piano pelo mundo fora através das suas “master classes”, workshops, e DVD educacionais, o Centro Cultural convidou a pianista a realizar uma “master class” em Macau no dia a seguir ao seu recital.
O reconhecimento de Hewitt como uma especialista em Bach tem 23 anos, altura em que conquistou o primeiro lugar no Concurso Internacional de Toronto de Bach para Piano, e Angela é actualmente uma das poucas pianistas cujos recitais ajudaram outros colegas a sentirem que agora já é seguro voltar a Bach.

Do Ballet a Bach

Angela Hewitt, cujo pai era um organista da Catedral da Igreja de Cristo em Ottawa, Canadá, começou a tocar com três anos de idade. Também estudou ballet com uma professora do Ballet Russes, ensinamento que contribuiu em muito à sua compreensão do elemento de dança existente na música de Bach. Ela acredita que esta foi a “melhor formação” para aquilo que faz agora, porque lhe deu “boa postura e perseverança”, algo essencial para quem toca a música mais exigente que alguma vez foi escrita para o teclado. Mas, para além de Jean-Paul Sevilla, seu professor da Universidade de Ottawa, a pessoa que mais influência teve sobre ela foi o seu pai. Foi ele que a ensinou sobre o drama de Bach, e a não ter medo de expressar todo o leque de cores emocionais de cada peça.
Hewitt nunca duvidou de que a música de Bach era adequada para o piano. "O piano tem a capacidade de cantar. Bach apenas viu um dos primeiros pianos no fim da sua vida, mas ele achava que a acção era demasiado perra e que as notas mais agudas não eram suficientemente luminosas. Acho que, se ele tivesse visto um modelo posterior ou especialmente o maravilhoso piano moderno, Bach iria ficar encantado porque a sua música foi escrita para a voz, violino e oboé, o que pode adaptar-se a tudo”, explicou Angela numa entrevista recente. “Ele apenas não teve acesso ao teclado correcto na altura".
Tocar todas as peças escritas para teclado de Bach sem auxílio de uma pauta é um feito extraordinário. "É muito mais fácil tocar Liszt de cor do que duas pautas de Bach. São todas as vozes, e em termos de harmonia, está tudo sempre a mudar. Se um dedo salta do sítio correcto, ficamos logo completamente perdidos, e é muito difícil inventar Bach!"
A “bíbia” do piano
Considerado a “bíblia” do piano para estudantes, o primeiro volume do Cravo Bem Temperado de 1722 de Johann Sebastian Bach tornou-se num ponto incontornável para qualquer aspirante a pianista. Composta por 12 pares de prelúdios e fugas que abarcam todas as tonalidades maiores e menores da escala cromática, a diversificada escrita para piano de Bach era não só um instrumento pedagógico para músicos, mas também uma introdução eficaz ao então novo sistema de temperamento. O Cravo Bem Temperado tornou-se num excelente utensílio no ensino da estrutura e do contraponto, mas há uma questão que continua a ser premente - se ele é melhor para ser tocado ao vivo e por inteiro, ou se apenas foi feito para estudo e contemplação em privado.
Depois de Angela Hewitt ter dado recentemente um recital de Bach em Moscovo, um professor de piano do Conservatório de Moscovo comentou como tinha ficado surpreendido ao ouvir uma pianista a tocar de tamanha forma, acrescentado que ela tinha “tocado como um homem”. O professor obviamente que tinha ficado impressionado com o poder e força de Angela Hewitt, mas talvez o melhor elogio que a pianista recebeu veio do seu pai, então cego. Depois de escutar o seu Cravo Bem Temperado, disse-lhe: “Quando te ouvi a tocar isso, não te ouvi a ti. Apenas ouvi Bach”.

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