14.4.08

Mercado de peças originais dos criativos de Macau daqui a três meses
Criatividade para todos os bolsos

A Associação dos Criadores de Macau e a Associação de Administração de Arte de Macau juntou-se ontem para delinear o mercado de peças dos criativos de Macau a acontecer dentro de três meses. Haverá bancas de designers de moda, música, cinema, banda desenhada, pintura, escrita e fotografia

Marta Curto

Os dez jovens sentam-se em sofás "vintage" dos anos 60. Em cima, um lustre de cristal ilumina a reunião dos criativos de Macau. O espaço, no 12ºandar do edifício Ásia, mesmo em frente ao Mercado Vermelho, serve de local de trabalho a dois membros da Associação de Criativos de Macau. Mas estes só ocupam um quarto dos metros quadrados. O resto vai servindo de estúdio de fotografia ou atelier para outros que precisarem. Foi aí que começou a ideia da Associação dos Criadores de Macau e da Associação de Administração de Arte de Macau. Era demasiado espaço para estar vazio, havia que o aproveitar.
Ontem, aconteceu a primeira reunião de preparação para um mercado das peças dos criadores de Macau. A iniciativa é inédita e ainda está a dar os primeiros passos. Deverá acontecer dentro de três meses e, a correr bem, passará a ser regular.
"Nós ainda estamos a ver quem é que convidamos para mostrar os seus trabalhos. Estamos abertos a qualquer criativo de Macau que queira aqui vender as suas peças, mas temos de começar a divulgação do mercado por algum lado".
Sio é a fundadora da Associação e também a cabeça atrás da ideia. Adianta ao PONTO FINAL que haverá bancas de designers de moda, de música, de cinema, banda desenhada, pintura, escrita, fotografia e qualquer outra modalidade que se apresente. O único critério exigido é que as peças sejam originais.
"Queremos ter cá uma grande diversidade de oferta de modo a ajudar a oferta da indústria criativa de Macau. Todos os anos nós trabalhamos com produtos que vendem, e queremos provar aos criativos que podem viver disto", explica Sio. Trabalhando na área do vídeo e do design, explica que os criativos de Macau têm necessariamente de ganhar a vida trabalhando em empresas ou dando aulas. Sio e os restantes companheiros de reunião não terão mais de 30 anos, e ela conta que, mesmo os criativos mais velhos que não precisam de um mercado para divulgarem as suas peças, não conseguem viver da criatividade.
"O Governo ajuda-nos, claro, mas podia ajudar mais. Nós somos vistos pelos outros criativos mas não pelos cidadãos, esses estão muito mais interessados nos casinos. E os casinos conseguem fazer uma divulgação incomparavelmente maior que a nossa". Embora os estabelecimentos de jogo, e hotéis que os seguem, não optem por criativos locais para decorar ou animar as suas salas, Sio não mostra rancores. "É uma questão de tamanho, o resto do mundo tem mais oferta do que Macau. É natural que vão procurar criativos de outros países."

Juntar a criatividade

Desde que a Associação foi criada, em 2005, que todos os anos lança um produto. Já saiu um livro, um filme, que foi nomeado na categoria de curta-metragem no festival POL-8 da Polónia, assim como no Alternativo Filme/ Vídeo 2006 na Sérvia, e este ano querem lançar um CD. "Penso que esta é a principal diferença entre os criativos e os artistas. Nós fazemos coisas comerciais, um artista não. Nós fazemos produtos para vender, um artista faz arte".
É por isso que Sio admite que o mercado não será uma exposição de arte, onde poucos compram. "Os trabalhos dos criativos são muito mais baratos. Acho que conseguiremos chegar a todos os públicos."
Quando chegar a altura, já que ontem se realizou a primeira reunião de preparação da iniciativa, a divulgação fazer-se-á através de posters e "flyers" espalhados um pouco por toda a cidade, nomeadamente em bares e universidades. Mas Sio conta sobretudo com a sua rede virtual de membros para promover o mercado.
Para além do site, a Associação ainda tem uma estação de rádio on-line, um espaço para as notícias dos criativos de Macau e um fórum que conta com mais de mil membros macaenses ou chineses com ligações a Macau "vivendo a esmagadora maioria no território, mas temos alguns de fora". O objectivo é juntar forças para mostrar que Macau tem criativos e que eles têm peças para mostrar. Dentro de três meses.

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