10.4.08

Mónica Cordeiro, da Associação de Enfermeiros de Macau, tem fé nas conversações com Executivo
"Uma manifestação não vai adiantar nada"

A luta dos enfermeiros pela definição de carreiras já dura há cinco anos, mas pode estar perto do fim. Os enfermeiros reuniram-se terça-feira com o Chefe do Executivo e saíram de lá com mais confiança no futuro

Marta Curto

"Tivemos ontem uma reunião com o Chefe do Executivo e ele é uma pessoa compreensiva, foi muito simpático connosco e disse que realmente este problema das carreiras dos enfermeiros já se andava a arrastar há demasiado tempo e que tinha de ser resolvido rapidamente. Eu acho que, até ao final do ano, isto fica resolvido!", disse ao PONTO FINAL Mónica Cordeiro, enfermeira há 36 anos, e presidente da assembleia da Associação de Enfermeiros de Macau, a maior do género no território. Há cinco anos que a questão da carreira de enfermagem se arrasta sem solução para o principal problema: a equivalência de carreiras. É que quem está hoje na idade da reforma não tem uma licenciatura - que não era exigida quando começaram a trabalhar - mas tem anos de trabalho, dedicação e experiência. "Hoje mais de 60 por cento do pessoal de enfermagem já tem licenciatura, mas há que perceber que a saúde não deve ter uma carreira com duas ou três linhas. Não podemos ter no mesmo serviço, a fazer o mesmo trabalho pessoas com salários diferentes. Tem de se fazer uma reestruturação completa, há muitas coisas que podemos ajustar, o sistema não pode ser tão duro. Há gente que trabalhou tantos anos para a população e só se colocam problemas para este grupo. Isto é mais do que injusto, é cruel!"
Mónica confia na conversa que os enfermeiros ontem tiveram com Edmund Ho e está certa de que "ele irá arranjar uma solução mais humana para que os enfermeiros não percam o amor pelo trabalho". Antes ainda há que resolver assuntos relacionados com a antiguidade de serviço e as acções de formação contínua, mas Mónica Cordeiro considera que é caso para ter esperança no futuro e, sobretudo, para ter calma. "Eu já ouvi dizer que se preparava uma manifestação para o dia 1 de Maio, mas vou-lhes dizer para terem calma. Não vale de nada sairmos para a rua, e eu saí na primeira manifestação que houve, em 1980, não sou contra as manifestações. Mas penso que neste momento estamos em conversações e um protesto nas ruas não vai adiantar nada".
Um anúncio, há três meses, do Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura ajuda a manter a paciência. "Ele disse na Assembleia Legislativa que a classe de enfermagem merecia um índice de 430. Nós ficámos todos contentes. E esse mês era o de inscrições no curso de enfermagem do Instituto Politécnico. Estavam 20 pessoas inscritas e, depois de ele ter dito aquilo, inscreveram-se mais de 200 pessoas. Dizem que há falta de enfermeiros em Macau, mas isso acontece em todo o mundo! A classe tem de ser bem tratada, senão quem é que vai querer segui-la".
Sobre a divisão entre os enfermeiros do público e do privado, nomeadamente do hospital Kiang Wu, Mónica Cordeiro adianta que "os protestos deles acontecem porque os técnicos de saúde pública ganham mais. Acho justo que eles queiram ganhar o mesmo do que nós, e apoio no que for preciso. Mas acho que nem nós temos a ver com o salário deles, nem eles com o nosso. Se querem ganhar mais, têm de falar com a direcção do Hospital onde trabalham".

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