Pedro Redinha argumenta que Ao Man Long favoreceu empresário por iniciativa própria
Defesa de Ho Meng Fai
aposta na tese de extorsão
Defesa de Ho Meng Fai
aposta na tese de extorsão
A defesa do empresário Ho Meng Fai, julgado por corrupção activa no processo conexo ao de Ao Man Long que decorre no Tribunal Judicial de Base, defende a tese de extorsão por parte do antigo secretário. Pedro Redinha, causídico de Ho Meng Fai, disse ontem na sessão do julgamento que não acredita que o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) nunca tivesse colocado a hipótese de extorsão durante a investigação do caso, tendo optando antes, defendeu, por uma perspectiva persecutória dos empresários.
Pedro Redinha disse que pretende demonstrar que não houve corrupção activa por parte do seu constituinte, Ho Meng Fai, para que a empresa San Meng Fai saísse beneficiada nas adjudicações de obras públicas.
Segundo o relato da Rádio Macau, o advogado levantou, assim, a hipótese de Ao Man Long ter agido por iniciativa própria ao favorecer a San Meng Fai na concessão de projectos públicos tendo em vista a extorsão de dinheiro mais tarde. Esta tese partiu de dados disponibilizados pelo próprio CCAC e pelo testemunho do inspector encarregue de investigar os pagamentos feitos pelo empresário Ho Meng Fai a Ao Man Long.
Pedro Redinha não negou que esses pagamentos tenham sido efectuados, mas questiona que se trate de subornos. Em declarações em fase de investigação, o próprio Ho Meng Fai, a ser julgado à revelia, admitiu pagamentos, não para vencer concursos públicos, mas sim para pagar a Ao Man Long alegados serviços de consultadoria que introduziam Ho Meng Fai junto das multinacionais que operam na indústria do jogo em Macau.
O CCAC apresentou dados e registos que revelam contactos entre o ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas e Ho Meng Fai apenas a partir de 21 de Janeiro de 2003 e até 2006. Não havendo registo de qualquer contacto prévio, a defesa do empresário entende que não é possível fazer prova de que houve subornos para favorecimento em empreitadas públicas adjudicadas em 2002, como o pavilhão desportivo do Instituto Politécnico de Macau e também a primeira fase da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental.
O CCAC contrapõe que depoimentos de elementos das comissões de avaliação de concursos afirmam que Ao Man Long deu instruções para favorecer a San Meg Fai, acusações que são reforçadas pelas agendas de Ao Man Long, os chamados "cadernos da amizade".
No entanto, Pedro Redinha diz que nada constitui prova de suborno, e que deveria ser entendido como um indício de que Ao Man Long se estava a preparar para extorquir dinheiro a Ho Meng Fai.
Redinha alerta para o facto de os pagamentos terem feitos em Agosto de 2004, dois anos depois da adjudicação das obras. Segundo o CCAC, tal pode ser justificado pelo facto de a empresa offshore usada para transferências ilícitas só ter sido constituída em 2004.
O mesmo inspector confirmou também que as investigações sobre Ao Man Long só tiveram início em 2006, após uma carta anónima, embora Ho Meng Fai já estivesse sob investigação.