Ponto Final

Presidente da AAM saúda iniciativa do Executivo do novo plano director municipal
“A melhor iniciativa da história recente
da arquitectura”

A decisão do Governo de criar o novo PDM para a RAEM foi aplaudida por Nuno Jorge, presidente da Associação de Arquitectos de Macau. “Foi a melhor iniciativa da história recente da arquitectura do território”

Alfredo Vaz

Em declarações ao PONTO FINAL, o presidente da Associação de Arquitectos de Macau (AAM) considerou que a iniciativa governamental é uma evolução natural das ‘coisas’. “No meio deste desenvolvimento apressado de Macau havia falta de muitas coisas: de recursos humanos, havia falta de experiência, havia falta – acima de tudo – de tempo. Porque as coisas tinham de acontecer a um ritmo americano (risos) e enfim, se calhar nós não estávamos preparados para esse ritmo, de forma nenhuma, acho eu.”
Por isso, Nuno Jorge não tem dúvidas em afirmar que se abre um novo capítulo na forma de encarar o planeamento urbanístico em Macau, à semelhança do que já se faz em outras sociedades modernas: “Se hoje se planeassem os casinos com as alterações climáticas que antevemos – com o aquecimento global – com certeza que as soluções arquitectónicas seriam diferentes.”
A temática dos edifícios altos é um problema urbano, um problema social, um problema económico que é também agora um problema de sustentabilidade climática, “os edifícios modernos consomem grandes quantidades de energia, produzem carbono, e com certeza que se os planeassem hoje teríamos soluções mais adequadas à situação.”
A realidade é que os grandes projectos já foram lançados, “o Venetian já está cá, o Wynn já está construído, o MGM também. Portanto já estão consolidados, agora é uma questão de continuar a evolução. O importante é que o caminho já está lançado, quando até aqui não era assim, era um borbulhar de ideias, de conceitos novos, e de oportunidade de negocio.” Posto isto, Nuno Jorge considera que o que lhe parece importante é que, depois de toda esta estrutura consolidada, a efectivação de um plano director em Macau faz todo o sentido.
“Se o plano director tivesse sido feito em 2003 ou 2004, hoje estaria desactualizado, não se compadecia com as realidades presentes, é oportuno fazê-lo agora. Tinha que acontecer depressa, e por isso acho que foi uma oportunidade muito bem apanhada.”

CAIXA
AAM promove conferência no final do ano

Apanhando a ‘boleia’ da iniciativa do Executivo, a Associação dos Arquitectos de Macau apresentou ontem aos representantes governamentais – da DSSOPT e Instituo Cultural - a proposta de fazer uma conferência sobre o planeamento urbano em Macau, a realizar em Novembro.
Nuno Jorge pretende chamar para a reunião pessoas de todas quer reunir os arquitectos, engenheiros, e uma panóplia de entidades, profissionais e pessoas a título, um seminário de reflexão, o mais abrangente possível:”Traremos economistas, especialistas de tráfego, sociólogos, enfim, todas essas especialidades que estão relacionadas com o planeamento urbano e obviamente também as novas soluções e as novas tecnologias face ao aquecimento global.” Uma conferência de três ou quatro dias, com tempo. Com workshops, com temas, peritos e várias opiniões. Acho que tem de ser debatido com calma, numa conferência com peritos, com várias opiniões prévias. Nós estamos a falar, se calhar com um bocadinho de coragem a mais, mas as coisas têm de ser mais pensadas.”
Mas para que os resultados desta e de outras iniciativa tenham uma ‘peso real’ e não sejam apenas pareceres técnicos, Nuno Jorge volta a um tema recorrente, o da vontade – até, necessidade – de se criar uma Ordem dos Arquitectos em Macau: “Essa é uma das coisas que nos falta”, disse ao PONTO FINAL. “Nós temos poderes de ordem, poderes de acreditação. Nós temos estado a levantar esse problema com o Secretario da pasta, o engenheiro Lau Si Io, e acho que é indispensável em Macau. Em todos os países com um certo desenvolvimento e com uma certa civilização, há de facto um instituto formal de utilidade pública em que as opiniões dos profissionais contem. E porque é que Macau não pode ter?”. Deixada a pergunta no ar, Nuno Jorge deixou também a certeza de que o surgimento -a criação - da ordem é “apenas uma questão de tempo.”