14.4.08

Seminário da Associação de Luta contra os Maus Tratos de Crianças de Macau
Abuso sexual infantil existe,
mas não se queixa


A Associação de Luta contra os Maus Tratos de Crianças de Macau (ALMTCM) diz que o Governo tem de criar uma base de dados de casos de abuso sexual infantil. Num seminário dado pela instituição no Sábado passado, na Escola Tong Nam, Priscilla Lui, directora do organismo, explicou a mais de uma centena de assistentes sociais e residentes o que era o abuso sexual de crianças, as suas causas e sobretudo o que fazia as vítimas calarem. Segundo o Ou Mun, a directora admitiu que recebeu 50 queixas no ano passado e, após averiguações, se teria comprovado que dez dos casos diziam respeito a abusos e ainda menos a abusos sexuais.
Priscilla explica que é difícil encontrar as vítimas de abusos sexuais porque, tanto vítimas como família, não falavam nisso, por uma questão de recatez tradicional. Por outro lado, temiam que as famílias fossem destruídas se o caso viesse a público. A directora da ALMTCM diz que tudo isso são mal entendidos e que é preciso que a sociedade se junte para que as crianças possam crescer num ambiente saudável e construtivo.
Lui adianta que também são necessários esforços do Governo, nomeadamente através da criação de uma base de dados de abusos de crianças, de forma a tomar medidas preventivas e optimizar os regulamentos vigentes. Esta estatística ajudaria também a sociedade a entender melhor o fenómeno. Por outro lado, a directora explicou que seria benéfico o Executivo definir legislação própria para este tipo de casos, determinando valores e princípios que poderiam ser uma referência aos profissionais que trabalham na área.
Caberia também ao Governo, segundo Lui, fomentar a noção de cidadania e de consciencialização da sociedade no que diz respeito ao abuso sexual de crianças. Para além de ser necessário realçar a importância da participação da população e da educação parental, seria também importante encorajar as vítimas e os seus familiares a queixarem-se às autoridades.
Priscilla Lui, que já foi directora da Associação de Luta contra os Maus Tratos de Crianças em Hong Kong, aconselhou o Governo a usar a legislação da RAE vizinha como referência ao definir a sua. Lui deu como exemplo o envolvimento e conhecimento que escolas, creches e hospitais deviam ter. Se houvesse mais profissionais que conhecessem bem o problema, isso ajudaria as vítimas a ultrapassarem melhor os traumas.

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