Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal promove ciclo literário
O próximo poeta é António Correia
O turismo de Macau em Lisboa está a falar de e com poetas. Poetas de Macau. António Correia é o próximo. Amanhã
João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com
O próximo poeta é António Correia
O turismo de Macau em Lisboa está a falar de e com poetas. Poetas de Macau. António Correia é o próximo. Amanhã
João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com
António Correia, romancista, contista e poeta, vai ser o próximo convidado do ciclo Poetas de Macau, que se realiza em Lisboa, por iniciativa do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal e de Maria José Baião.
O advogado será o oitavo convidado deste ciclo, numa cerimónia marcada para o auditório da Delegação Económica e Comercial de Macau.
Tal como em edições anteriores, o poeta homenageado estará presente e conversará com a moderadora, a antiga residente em Macau, Maria José Baião. Esta poderá declamar alguns poemas, e António Correia também o fará. Depois da sessão, como sempre acontece neste ciclo, os participantes têm a oportunidade de saborear petiscos macaenses.
O ciclo iniciou-se em Março do ano passado com António Manuel Couto Viana, seguindo-se Estima de Oliveira (recentemente falecido), José Jorge Letria, Jorge Arrimar, Fernanda Dias e 2007 terminou com Beatriz Basto da Silva. Este ano o ciclo recomeçou com António Graça de Abreu e também já se realizou uma sessão dedicada a José dos Santos Ferreira (‘Adé’). Neste último caso, o poeta homenageado não esteve obviamente presente, mas a sessão foi preenchida com familiares e amigos. A declamação esteve a cargo de Lídia Ribeiro.
Este ciclo Poetas de Macau insere-se na programação cultural da livraria, que há cerca de dois anos é dinamizada pelo Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal. Aliás, nos dias do ciclo, a livraria vende os livros do autor a um preço especial.
É também dentro da política de programação cultural da livraria que se fará, também esta semana, o lançamento de “As rosas brancas de Surrey”, de Rodrigo Leal de Carvalho. Neste caso, a sessão decorrerá durante a Feira do Livro de Lisboa e está marcada para o auditório da Feira. Tal como o PONTO FINAL já noticiou, o autor estará presente e a apresentação será feita por Ana Paula Laborinho.
A livraria ficará responsável, em Portugal, pela venda de “As Rosas Brancas de Surrey”.
O poeta António Correia
António Correia, advogado e empresário, tem tido uma actividade literária muito intensa nos últimos anos, que coincidem com o regresso a Portugal – embora continue a ir a Macau regularmente.
Em 1999 publicou o romance “Rua sem nome”, mas mais do que a ficção é a poesia o seu interesse literário mais estruturado. Desde 1989 que publica poesia, sendo “Conjugando o verbo amar” a sua primeira obra publicada. Depois disso, pelo menos de dois em dois anos tem publicado poesia, seja em obras próprias seja em colectâneas (várias com autores de Macau). Depois da estreia no romance, já voltou também a publicar ficção. São, aliás, 16 os livros publicados.
Correia nasceu em 1948 em Resende, no Douro, e vive presentemente entre Lisboa e Fortaleza, no Brasil, onde tem negócios. Viveu quase 20 anos em Macau, a partir de 1980, onde começou por ser bancário (no extinto Totta e Açores) e onde depois foi notário, gestor e, entre muitas outras coisas, deputado à Assembleia Legislativa, indicado pelo governador. Em 2000 foi agraciado pelo Presidente da República com a Ordem do Mérito (Grande-Oficial).
Não atrofies os sentidos;
Liberta-os, no esplendor
Das suas asas; deixa-os voar,
Para além dos gemidos,
Dos sussurros, dos gritos,
Do gozo ou da dor,
Da alegria ou da tristeza.
Só assim atingirão
O sobrenatural encanto
Da beleza,
Daquele efêmero instante,
Em que a mão encontra a mão
E o olhar, o olhar!
(Libertar os sentidos – Flores do Bem)
António Correia
QUADRO DE
MACAU ANTIGO
Macau envelhecido nas fachadas;
rostos, aguarelas nos postigos;
luzes, sombras; contrastes muito antigos;
fios, gaiolas, roupas penduradas.
Becos, pátios, lúgubres escadas;
o mahjong e o chá para os amigos;
divindades, incensos e formigas,
em volta das comidas ofertadas.
Um recorte de igreja ou de pagode!
brisas das ventoinhas, velharias;
sons, odores; mistura de hino e ode!
Mas já o camartelo está à espreita!
O passado a morrer sem poesia
e o futuro sem alma satisfeita!