22.5.08

D. José da Costa Nunes e Escola Portuguesa de prevenção
Enterovírus leva pais
a deixarem crianças em casa


Os quatro casos de Enterovírus confirmados terça-feira no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes provocaram uma reacção de prevenção dos pais, com apenas sete dos 60 alunos a comparecerem ontem na escola.
Em declarações à Lusa, o director daquela escola de ensino português, Pedro Ascensão, salientou que os casos detectados "não são graves e todas as crianças estão em casa a recuperar" e considerou normal a maioria dos alunos ter ficado hoje em casa.
"É normal que os pais tenham receios e aqueles que podem deixam os filhos em casa por uma questão de precaução", disse Pedro Ascensão salientando que a maioria dos pais informou a escola da decisão de não enviar os filhos à escola.
Os quatro casos de Enterovírus, e um quinto suspeito, foram detectados em crianças da turma dos quatros anos de idade, cuja sala foi "desmontada, limpa e desinfectada como é normal em qualquer situação de doença contagiosa", referiu.
Pedro Ascensão acredita que "se até quinta-feira [hoje] não surgirem novos casos, na próxima semana a escola deverá retomar a normalidade com o regresso das crianças às salas" ficando em casa apenas aqueles a quem foi detectado o vírus que terão de cumprir um período de recuperação definido pelos Serviços de Saúde.
O director da escola sublinhou ainda que a preocupação dos pais deriva fundamentalmente do "número de mortes no continente chinês devido à doença".
De acordo com os últimos dados divulgados, pelo menos 42 crianças morreram na China este ano devido ao Enterovírus do tipo EV71, considerado o mais grave, e mais de 25.000 pessoas foram infectadas com a doença.
Também Carlotta Bruni, presidente da Associação de Pais dos Alunos do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, considerou que a situação em Macau "é normal" e que "apenas o surto na China deixou mais preocupadas as pessoas".
"São coisas (infecções por Enterovírus) que acontecem praticamente todos os anos e se este ano não tivesse havido um surto muito mais forte que matou crianças na China as pessoas não estavam preocupadas", disse.
Carlotta Bruni aconselhou, contudo, que os pais "deixem as crianças em casa" para diminuir o risco de contágio na escola e destacou a "comunicação imediata" aos pais por parte da escola dos casos de Enterovírus.
Salientando que os casos detectados na escola e em Macau não são graves - como tem sido sublinhado pelos próprios Serviços de Saúde locais -, Carlotta Bruni lembrou que se trata de uma doença muito contagiosa e defendeu que os Serviços de Saúde "deveriam ter encerrado a escola para evitar que o vírus se espalhe".
No entanto, os Serviços de Saúde de Macau só ponderam o encerramento da turma ou da escola quando ocorrem mais de seis casos de infecção na mesma turma ou em várias.
Já na Escola Portuguesa de Macau, apesar de não terem sido registados quaisquer casos, a respectiva directora, Edith Silva, disse à Lusa que foi adquirido "gel desinfectante" para todas as salas dos primeiro e segundo ciclos.
"Apesar de não termos recebido qualquer informação oficial de nenhuma entidade decidimos comprar o gel para proteger as crianças e demos instruções a todos os professores do primeiro ciclo e aos directores de turma do segundo ciclo para estarem atentos a quaisquer sinais da doença", explicou Edith Silva.
Mesmo antes da confirmação de casos no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, "já o enfermeiro da escola estava atento aos mais pequenos e foram reforçadas medidas de higiene em toda a escola", acrescentou.
Desde o início do ano, foram detectados 237 casos de Enterovírus em várias escolas de Macau, dos quais 27 são do tipo EV71, mas todos foram considerados casos sem gravidade.
A doença provocada pelo vírus afecta principalmente crianças com menos de dez anos de idade e os doentes apresentam sintomas como febre, feridas na boca e bolhas.
O vírus é transmitido por contacto directo com secreções do nariz ou da boca, além das fezes das pessoas infectadas e, nalguns casos, a contaminação pelo EV-71 pode provocar paralisia e um inchaço fatal do cérebro.
Não existe uma vacina ou tratamento específico para tratar o EV-71, mas a maioria das crianças afectadas pela forma moderada da doença apresenta uma recuperação rápida e sem problemas.

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