Equipa da Casa de Macau do Futebol Clube do Porto sagrou-se campeã da terceira divisão
"A vitoria do espírito de grupo"
A equipa de Futebol da casa de Macau do Futebol Clube do Porto sagrou-se ontem, ao final da tarde, campeã da terceira divisão ao vencer o Hong Ngai por 2-1 na final da competição. Os jogadores de Rui Cardoso fizeram a festa depois de Francisco Lopes apontar o golo da vitória e voltar a ser decisivo
Rui Cid
"A vitoria do espírito de grupo"
A equipa de Futebol da casa de Macau do Futebol Clube do Porto sagrou-se ontem, ao final da tarde, campeã da terceira divisão ao vencer o Hong Ngai por 2-1 na final da competição. Os jogadores de Rui Cardoso fizeram a festa depois de Francisco Lopes apontar o golo da vitória e voltar a ser decisivo
Rui Cid
Já se pensava no prolongamento no relvado do Estádio da Universidade de Ciências e Tecnologia, quando os dois avançados do Porto resolveram o jogo. Aos 85 minutos, Pelé levanta a cabeça, e com um passe rasteiro isola Francisco Lopes. O jovem guiniense passou pelo guarda redes do Hong Ngai e empurrou para a baliza deserta. A equipa mais portuguesa de todos os campeonatos de futebol da RAEM recuperava a vantagem que tinha alcançado aos 33 minutos, quando o capitão e organizador de jogo, Fábio Ritchie, inaugurou o marcador na transformação de uma grande penalidade.
A equipa orientada por Rui Cardoso entrou em campo num 4-4-2 clássico, mas a linha do meio campo entrou em campo um pouco nervosa. Diogo Maia jogava quase como terceiro central, o que obrigava Fábio Ritchie a recuar em demasia para vir buscar jogo, nas alas A Hoi(esquerda) e João Travassos(direita) passavam mais tempo a defender do que propriamente a atacar. O Hong Ngai tinha mais bola, mas não conseguia criar ocasiões de golo, e foi mesmo do Porto a primeira situação perigosa. A Hoi trabalhou bem na esquerda, passou por dois adversários, mas o cruzamento atrasado acabou por morrer nós pés de um defesa contrário. Na resposta, o contra ataque só não resultou em golo porque o avançado do Hong Ngai, descaído pela direita, mediu mal o chapéu a João Guedes. Esta sequencia de lances ajudou a animar o jogo, e logo a seguir Francisco Lopes falhava um golo fácil à entrada da pequena área depois de um belo cruzamento de Pelé. O Porto estava agora melhor no jogo, as linhas estavam mais próximas, Diogo Maia assumia finalmente o papel de segundo médio e a passagem de João Travassos para uma posição ligeiramente mais interior permitia que Fábio Ritchie não se desgastasse tanto, e A Hoi, colado à faixa esquerda, deixava o defesa direito do Hong Ngai constantemente à procura da bola.
A equipa chinesa apesar de ter perdido o domínio do jogo, não se desorganizou e nunca deixou de procurar o ataque e quase marcava aos 31 minutos, numa altura em que já equilibrara a partida, quando o inevitável Kali Man, aproveitando uma desatenção de Jorge Silva - jogou ontem em inferioridade física e numa posição que não é a sua - apareceu solto na direita e rematou a rasar o poste. No lance seguinte, Fábio Ritchie é derrubado na área e, na transformação da grande penalidade, o capitão não tremeu dando à sua equipa uma vantagem que se podia considerar justa.
Com o golo sofrido o Hong Nai abanou, e o Porto continuava a criar perigo, especialmente pela esquerda onde A-Hoi se mantinha em bom nível, tanto que o treinador da equipa chinesa sentiu necessidade de colocar em campo um jogador que conseguisse estancar a velocidade do jogador do Porto, mas Rui Cardoso, percebendo esta intenção, trocou os seus extremos de posição, mas A-Hoi nunca conseguiu ser na direita o que fora na esquerda. o Hong Ngai apertava o cerco e só não marcou no ultimo minuto da primeira parte porque a barra devolveu um remate desferido a cerca de 30 metros da baliza de João Guedes.
Hong Ngai melhor na 2ª Parte,
Porto soube sofrer
Porto soube sofrer
Se a primeira parte acabara com Hong Ngai perto do golo, a segunda começava na mesma toada, e logo a abrir a equipa chinesa podia ter chegado à igualdade. Valeu ao Porto a fraca pontaria do avançado da equipa chinesa que completamente sozinho não conseguiu dar a melhor sequência a um cruzamento perfeito para o segundo poste. O Hong Ngai entrava mais rápido e os seus jogadores subiam mais no terreno. Esta estratégia acarretava riscos para a equipa chinesa, que estava partida em dois blocos. Do banco de suplentes, Rui Cardoso bem tentava que os seus jogadores segurassem a bola no meio campo, tentando depois lançar a velocidade de Francisco Lopes. Foi com o intuito de refrescar a equipa que aos 56 minutos o técnico fazia a primeira substituição. Para o lugar do esgotadíssimo A Hoi entrava João Silva, um jogador ainda com idade de junior, que foi ocupar a faixa direita do ataque do Porto. Só que o miúdo não entrou bem no jogo, e o Hong Ngai deslocou Kali Man para aquela zona do terreno, e a equipa chinesa era cada vez mais perigosa. Nestes minutos assistia-se ao duelo mais interessante de toda a partida, com Anacleto Cabaça a ter muito trabalho perante o talentoso jogador do Hong Ngai. O defesa direito angolano esteve intransponível, um autentico pronto socorro na defesa do Porto.
Kali Man acabou mesmo por procurar outras paragens, e foi já como ponta de lança que viria a marcar um grande golo, aos 67 minutos, num remate de primeira após cruzamento da esquerda. Rui Cardoso não demorou a respondeu, lançando Filipe Ritchie, outro jovem de 19 anos, para o lugar de Jorge Silva que se ressentira de um problema físico. O membro mais novo do clã Ritchie fixou-se como extremo direito, passando João Silva para lateral esquerdo.
O Porto equilibrava as coisas, mas era Kali Man que apesar da veterania continuava a mostrar todos os argumentos que o tornaram num dos melhores jogadores do território na ultima década. O avançado do Hong Nai teve mesmo a oportunidade de colocar a sua equipa em vantagem aos 83 minutos, quando isolado perante João Guedes, e com todo o tempo do mundo, permitiu a defesa do guardião portista. Foi o canto do cisne para a equipa chinesa, e logo a seguir chegava o segundo golo do Porto, com a excelente combinação entre Pele e Francisco Lopes. O avançado guiniense voltou a vestir a pele de herói, depois de meia final ter apontado os 2 golos que permitiram ao porto estar na final de ontem. Com a vantagem readquirida, os jogadores do Porto tranquilizaram-se, e controlaram a partida até ao apito final do senhor Tou La Meng, 9 minutos(!!) depois do cronómetro ter chegado aos noventa.
Vitoria do grupo
contra tudo e contra todos
contra tudo e contra todos
A euforia instalou-se no relvado do estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia, mal Tou La Meng apitou para o final da partida. Os jogadores do Porto fizeram a festa, onde nem o champanhe faltou e falaram a reportagem do PONTO FINAL. Francisco Lopes recusou a ideia de ter sido o herói. o jogador ficou contente com o golo marcado, mas defendeu que a vitoria do grupo foi mais importante, ideia defendida também por Anacleto Cabaça.
O Técnico Rui Cardoso estava satisfeito pela vitoria no campeonato, apesar de ressalvar que o objectivo principal já estava conseguido à partida, e que a vitoria final era um premio ao grupo de trabalho:" No primeiro jogo, disse-lhes(aos jogadores) que o melhor jogador da equipa era o "nº10" e que esse era eu, hoje(ontem) quando entrei na cabina, pedi-lhes desculpa e disse-lhe que o nº10, é a união que eles mostraram, o espírito de grupo que foi o segredo deste campeonato." Rui Cardoso ainda não sabe se continua à frente dos comandos do Porto na próxima época, mas entreabriu as portas da saída: " Acabei agora uma etapa, quero descansar e depois logo se vê, vou conversar com a direcção, mas a vida é feita de ciclos."
O dirigente da Casa de Macau do Futebol Clube do Porto António Aguiar, em declarações ao PONTO FINAL, destacou a entrega dos jogadores e treinador, atribuindo-lhes por isso todo o mérito pela conquista do campeonato e subida de divisão " o segredo foi a união do grupo, a dedicação que todos eles mostraram ao longo do campeonato." O Presidente da Casa do Porto não poupou elogios a um grupo de trabalho que "lutou contra várias adversidades": " só não ganhámos um jogo, que empatámos, mesmo contra tudo e contra todos. Fomos prejudicados em quase todos os jogos, hoje(ontem) assistimos a uma dualidade de critérios na amostragem de cartões amarelos e, depois, os 5 minutos de compensação estenderam-se para os 9!" Com a subia à segunda divisão garantida, este dirigente, assume estar já a pensar na próxima, apesar de se mostrar cauteloso:" Para já o objectivo é a manutenção. A segunda divisão é mais competitiva e obriga a um investimento maior. Penso que este grupo com um ou outro reforço pode fazer um bom campeonato, e até acredito que podemos conseguir atrair alguns patrocinadores, mas neste momento só posso dizer que queremos fazer um campeonato tranquilo." Questionado sobre a possibilidade de Rui Cardoso deixar de ser o treinador, António Aguiar confessou ter já uma reunião agendada com o técnico para a próxima quarta-feira.