Ponto Final

Hong Ngai e Vong Chiu ficaram pelo caminho
Monte Carlo e Hoi Fan discutem Taça de Macau

É já no próximo domingo, no Estádio da Taipa. O Monte Carlo pode fechar melhor época de sempre. Hoi Fan confirma ser a grande revelação da temporada. Vong Chiu e Hong Ngai caíram nas meias finais. Quarta-feira vai saber-se quem desce na I Divisão

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

O Hoi Fan merece as primeiras linhas desta referência à Taça de Macau em futebol, porque consegue chegar à final apesar dos grandes problemas na organização do plantel.
Já tinha feito quase um “milagre” ao fechar o campeonato na terceira posição, logo a seguir aos crónicos candidatos ao título, Monte Carlo e Lam Pak.
Agora, mesmo com dificuldade em formar equipa para o desafio diante do Vong Chiu, uma vez que só apareceram em campo 11 elementos, o Hoi Fan consegiu dar a volta às adversidades e eliminar uma formação mais bem estruturada e com outras ambições para esta temporada.
O Vong Chiu é, no entanto, uma das surpresas pela negativa, já que se esperava que o conjunto treinado por Ku Kam Fai, adjunto no South China de Hong Kong, pudesse discutir o título até ao final do campeonato, juntamente com Monte Carlo e Lam Pak.

Desilusão evidente
no seio do Vong Chiu

O “patrão” do clube parece desiludido com o plantel, até porque voltou a investir algum dinheiro em reforços e, acima de tudo, na manutenção dos dois nigerianos, Tita (defesa central) e Nwardo (avançado).
Mas a quarta posição no campeonato, uns furos abaixo das expectativas, acabou por ditar as saídas quase certas, para a próxima época, daqueles dois elementos africanos que foram, durante algum tempo, os esteios da equipa.
Tita e Nwardo nem sequer se equiparam para o desafio de ontem à tarde a contra para as meias-finais da Taça e tudo aponta para que não façam parte do plantel para a temporada de 2009.

Hoi Fan só marcou
nos minutos finais

Quem agradeceu a ausência daqueles dois jogadores de um nível acima da média para Macau (mas provavelmente com alguns problemas de integração na equipa…), foi o Hoi Fan, que explorou alguma inconsistência defensiva do seu adversário, enquanto lá na frente faltava um dos goleadores da equipa do Vong Chiu, Nwardo, muito desmotivado nas últimas jornadas do campeonato.
Mesmo assim, foi o Vong Chiu que “teve o pássaro na mão” para estar presente na final da Taça, podendo assim salvar mais uma época algo desastrosa.
O conjunto de Ku Kam Fai marcou à passagem dos 25 minutos do jogo do relvado do Estádio da Taipa e assim se manteve, gerindo a preciosa diferença minima, até dois minutos do fim.
O Hoi Fan, que contou com quatro dos seus oito reforços da República Popular da China, a que se juntaram Paulo Conde, Vasco e Hugo Afonso no onze inicial, teve quase toda a segunda parte (de 30 minutos, como mandam as regras da Taça), em cima do seu advresário, na procura do empate, que daria a decisão na marcação de pontapés de grande penalidade.

Susto de Hoi Chong,
expulsão de Afonso

Os derradeiros momentos foram dramáticos, com o “patrão” do Vong Chiu, também jogador, já com cerca de 50 anos de idade, Hoi Wai Chong a sentir grandes dificuldades de respiração nos minutos finais, facto que levou a uma paragem de 10 minutos, receando-se o pior, já que o veterano futebolista estava realmente em dificuldades respiratórias.
Os nervos estavam, nessa altura, à flor da pele, quando o Hoi Fan beneficiava de um pontapé de canto. Posteriormente, na sequência desse lance, o português Hugo Afosnso foi expulso, numa disputa dura, à margem das leis, com um adversário que o pontapeou. O goleador do Hoi Fan respondeu e os dois receberam ordem de expulsão.
O Hoi Fan ainda conseguiu chegar ao golo, apontado por Cheong Chun, futebolista da China, e tudo foi adiado para a “lotaria” dos penaltis, uma vez que os regulamentos introduzidos na Taça pela Associação de Futebol de Macau, não prevêem prolongamento.
Aí o Hoi Fan foi mais certeiro, apesar de Paulo Conde ter começado da pior maneira os remates. A equipa recompôs-se e ainda conseguiu garantir o apuramento para a final, graças a mais um golo de Cheong Chu.
Assim, o Hoi Fan está na discussão do título, mas não vai poder utilizar um dos seus melhores avançados, Hugo Afonso, que há já alguns meses tem actuado diminuído fisicamente.

Monte Carlo cumpriu
diante de Hong Ngai

Na outra meia-final, realizada antes do Hoi Fan-Vong Chiu, o Monte Carlo confirmou ser a “equipa do momento” e sem dúvida a melhor estruturada.
Moralizada pela vitória no campeonato, a formação orientada por Tam Iao San foi sempre superior ao Hong Ngai, de Ka Li Man, que acusou bastante a ausência de um dos seus melhores elementos, Chan Iu Kau, reforço da China.
Ka Li Man não pôde fazer tudo sozinho e esteve um pouco desamparado na frente de ataque do Hong Ngai, clube da III Divisão que deu nas vistas nesta Taça de Macau, depois de ter eliminado, no decorrer da prova, o credenciado Lam Pak, por claros 3-0.
O já campeão deste ano derrotou o seu adversário por 2-0, dois tentos do ponta-de-lança Chan Kin Seng, que tem subido de rendimento nas últimas jornadas da I Divisão, actuando muitas vezes ao lado do jovem cabo-verdiano Alison Brito. Quando um falha, está o outro para facturar.

Clube campeão
já não tem Samiro

Foi assim nesta meia-final e o Monte Carlo tem por isso a possibilidade de terminar a temporada em grande, depois dos triunfos na bolinha e no bolão.
A final está agendada para o rpóximo domingo, no relvado do Estádio da Taipa e só se espera que o Hoi Fan possa equilibrar o desafio, para bem da “derradeira festa” da época.
Se o Hoi Fan irá actuar sem Hugo Afonso, também o Monte Carlo terá uma baixa de vulto, o cabo-verdiano Samiro Soares, que viu resolvido o seu problema com a justiça e viajou para Portugal, à procura de outros voos. Vai para já treinar no Santa Clara dos Açores.
O Monte Carlo tem, como referiu ao Monte Final o técnico Tam Iao San, “muitos jogadores locais com qualidade à espera de uma oportunidade”, mas na verdade Samiro vai fazer muita falta no futuro imediato dos campeões.

Quarta-feira decide-se
segundo despromovido

Ainda no futebol de Macau, o campeonato vai fechar na próxima quarta-feira, com a realização dos dois desafios em atraso e que terão influência na determinação do segundo despromovido, uma vez que o Heng Tai há muito que ocupou o lugar de “lanterna vermelha” da prova.
O Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pública defronta precisamente o Heng Tai (19 horas no Estádio da Taipa) e precisa de vencer, esperando que os Sub 21 percam diante do Lam Pak (21 horas no mesmo recinto).
Se assim acontecer, as duas formações terminariam empatadas a 13 pontos, mas com os policiais em vantagem, uma vez que derrotaram os jovens patrocinados pela Associação, nas duas voltas do campeonato (1-0 e 2-0).
Portanto, aos sub 21 bastará um empate para atirar a Polícia para o escalão secundário do futebol do território.