Ponto Final

Ma Ying-jeou tomou ontem posse como presidente de Taiwan apelou à retoma do diálogo bilateral
"Um novo capítulo de paz e prosperidade"

O novo presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, que ontem tomou posse, apelou ao regresso ao diálogo com o continente chinês defendendo o reforço das relações e a paz regional.
“Em 1992 Taiwan e a China acordaram as linhas orientadoras para o diálogo onde cada um tinha a sua própria interpretação do termo «uma China». Espero que possamos retomar o diálogo tão depressa quanto possível na base do acordo de 1992”, afirmou Ma Ying-jeou.
O novo presidente salientou também que o diálogo deve ter como objectivo “a paz no Estreito da Formosa e a manutenção da estabilidade regional” e garantiu que Taiwan se “esforça” para ser um agente de paz no Mundo.
“Espero sinceramente que os dois lados possam fazer a melhor utilização desta oportunidade histórica de criar um novo capítulo de paz e prosperidade”, disse.
A República Popular da China continua a ver Taiwan como parte do seu território mas, de facto, a ilha funciona como um país independente embora as autoridades de Pequim prometam invadir a Formosa caso o Governo declare a independência.
Apesar de sublinhar que defende uma política de “não reunificação, não independência e não uso da força”, Ma Ying-jeou aposta no regresso às boas relações com Pequim, com o qual Taiwan tem muito a ganhar em termos económicos e financeiros, beneficiando do forte crescimento da economia continental chinesa.
“Os dois lados (do Estreito) devem enfrentar a realidade, abrir caminho a um novo futuro, abandonar as disputas e procurar uma solução com benefícios para todos”, afirmou Ma Ying-jeou no seu discurso de tomada de posse ao qual assistiram cerca de 15.000 pessoas, incluindo dignitários estrangeiros.
Taipé e Pequim mantiveram contactos bilaterais em 1993 em Singapura mas a China abandonou as conversas em 1995 em protesto contra uma visita do então presidente aos Estados Unidos, Bill Clinton.
Curiosamente, Ma Ying-jeou, que deveria visitar os Estados Unidos antes da tomada de posse, abandonou os seus planos numa altura em que Pequim e Taipé dão passos largos de aproximação.
O lançamento de voos directos já em Julho, um acordo de paz com a China, a criação de um mercado comum, a aceitação do yuan chinês em Taiwan, a abertura ao turismo chinês são pequenos passos que no conjunto irão aproximar os dois lados do Estreito, separados desde 1949.

CAIXA
Reforçar cooperação com EUA e aumentar
capacidade de defesa da ilha

O novo presidente de Taiwan disse ontem, no discurso de tomada de posse, que quer reforçar os laços de cooperação com os Estados Unidos e estabelecer acordos de armamento para aumentar a capacidade de defesa da ilha.
Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan apesar de diplomaticamente ter, desde 1979, relações estabelecidas com Pequim em detrimento de Taipé.
"Nós vamos reforçar as relações bilaterais com os Estados Unidos, o nosso principal aliado em termos de segurança e o nosso maior parceiro comercial", afirmou Ma Ying-jeou.
"Vamos racionalizar o nosso orçamento de defesa e comprar as armas defensivas necessárias para formar uma força sólida de defesa", disse.
Ao longo dos 20 minutos de discurso na posse do cargo, Ma Ying-jeou apelou ao regresso à mesa do diálogo com Pequim, que continua a olhar para Taiwan como parte do seu território, o qual, se necessário, será invadido para manter a coesão do Estado chinês.
Em 2007, Taiwan efectuou uma ordem de compra aos Estados Unidos de 66 aviões de combate F-16, mas o negócio acabaria por ser travado pelos norte-americanos devido às tensões causadas pelo anterior presidente Chen Shui-bian.