29.6.08

Ballet Real Sueco traz a Macau clássico de Tchaikovsky
O canto do cisne

É já hoje, e amanhã, que o grande auditório do CCM se transforma num Lago de Cisnes. Pela primeira vez no território, O Ballet Real Sueco promete espectáculo e um final surpreendente. A música estará a cargo da Orquestra de Macau conduzida pelo Maestro Zhang Yi

Rui Cid

Quando no sábado, por volta das 11 da noite, a cortina vermelha do palco do grande auditório do Centro Cultural se fechar pela última vez, Madeleine Onne poderá, enfim, descansar. A ainda directora artística do Ballet Real Sueco, cumpre, no território, as derradeiras horas de uma recheada carreira de mais de 38 anos sempre no mundo do ballet. À frente dos destinos da companhia sueca há 6 anos, Madeleine recuperou a versão do lago dos cisnes que a coreógrafa russa Natália Conus tinha criado em 1964 para a companhia sueca. "É o meu presente de despedia", brinca Madeleine durante uma conversa com os jornalistas, à qual se juntaram os bailarinos Andrey Leonovitch e Nadja Sellrup que serão, na actuação de sábado, Siegfried e Odete, príncipe e princesa, par romântico cuja historia de amor é a base da obra de Tchaikovsy.
O "Lago dos Cisnes" é, provavelmente, o maior dos desafios que um bailarino pode enfrentar, Andrey destaca a exigência ao nível físico do terceiro acto, já Nadja confessa que o mais complicado é aplicar a técnica sem esquecer que se está a contar uma história. Andrey e Nadja são bailarinos experimentados, com passagens por várias companhias a enriquecer-lhes o currículo: " Usamos o corpo para nos expressar, não temos que falar nenhuma língua, o que nos permite trabalhar em qualquer parte do mundo, o que é um luxo. Fundado em 1973 por Gustavo III, o Ballet Real Sueco, é uma das maiores companhias de bailado do mundo e, contando com 67 bailarinos de 20 nacionalidades diferentes, é a maior da Suécia.
A companhia sobreviveu ao falecimento do rei em 1792 - o afamado assassínio num baile de máscaras que viria mais tarde a ser imortalizado no “Um Baile de Máscaras” de Verdi - A Casa Real de Ópera, local onde Gustavo III foi morte - é hoje sua residência. Actualmente, uma nova geração de bailarinos injecta vida em bailados históricos, alguns dos quais datam do séc. XVII e constituem as fundações da técnica clássica actual. Do repertório fazem ainda parte peças modernas e familiares. A directora artística da companhia explica que é impossível fugir aos clássicos, mas o objectivo passa tentar desenvolver novos caminhos, procurando para isso novos coreógrafos com ideias frescas criando novos desafios, numa diversidade de estilos que obriga o bailarinos a trabalho extra:" Nenhum cantor passaria de Wagner para Beethoven em dez minutos. Eles, trabalham o dia inteiro em estilos diferentes, é duro, e têm que ter um grande espírito de sacrifício", sublinha Madeleine. Sacrifício é palavra que Nadja conhece desde pequena, a bailarina defende que a mudança, apesar de ser difícil para o corpo, ajuda a mente a desanuviar, a não atingir um ponto de saturação. Como tem sido hábito nesta digressão pela China, onde esteve em Pequim e Xangai, a companhia faz-se acompanhar por Zhang Yi, Maestro Principal e Director Musical da Orquestra do Ballet Nacional Chinês. É este maestro que o Ballet Real Sueco quer, pela sua "excelência", "raptar", que tem conduzido os músicos pelas notas que Tchaikovsy compôs. Nas actuações de Macau, Zhang Yi terá à sua frente a Orquestra de Macau que desde que foi fundada em 1983, tem desempenhado um papel importante na cena musical do território, com várias participações nos Festivais Internacionais de Musica e Artes da RAEM.
As Actuações de Macau já têm, há muito, lotação esgotada. Nadja e Andrey congratulam-se, e esperam que o público goste, e que.... aplauda. Habituados ao calor do público europeu, e às suas longas salvas de palmas, os bailarinos estranharam a forma como o público chinês se manifestou. Apesar de tudo, a directora artística considera que nos últimos anos houve uma melhoria notaria do comportamento do público chinês que conversava e comia durante o espectáculo, embora admita gostar da espontaneidade do público chinês que não fica à espera da altura certa para bater palmas.

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