9.6.08

Federação Internacional Barcos Dragão cria novo sistema, Macau é referência
Macau cinco estrelas

A dois anos de Macau ser anfitrião dos 7ºs Campeonatos do Mundo de Clubes o território recebeu nota máxima dos representantes da Federação Internacional da modalidade. Prémio para a organização que não teve mãos a medir para conseguir completar as provas de sábado quando sobre Macau se abateu uma violenta tempestade. Nas regatas internacionais, vitória para as equipas da China em homens e senhoras

Alfredo Vaz

A Federação Internacional de Barcos de Dragão (FIBD) vai iniciar ainda este ano um novo sistema de classificação de provas afiliadas e Macau servirá de referência máxima numa escala de zero a cinco. A novidade foi avançada ontem ao PONTO FINAL por Mike Haslam, o presidente executivo da FIBD, no final da edição de 2008 das Regatas Internacionais de Barcos Dragão de Macau. Haslam liderou a delegação da federação que veio a Macau para assistir in loco aos trabalhos da organização local, em vésperas de Macau acolher os 7ºs campeonatos do mundo de clubes que vão decorrer na RAEM em 2010. Haslam foi elemento activo durante o fim-de-semana inspeccionando ao pormenor quase todos os detalhes da organização: da chamada das equipas ao alinhamento das pistas; dos procedimentos de partida e chegada ao sistema de cronometragem. Notas tomadas, foi feito o anúncio que surpreendeu – e muito agradou – a organização local: Macau é exemplo - e servirá de referência - no novo modelo de pontuação para entidades organizadoras das provas afiliadas da FIBD. Em entrevista ao PONTO FINAL, Haslam explicou que o novo sistema atribuirá pontuações de zero a cinco, sendo que no futuro poderá haver competições de três níveis, uma espécie de divisões da modalidade. E Macau, está na primeira divisão. Aliás, para já, Macau ‘é’ a primeira divisão: “Vamos iniciar ainda este ano um sistema de classificação, de uma a cinco estrelas, e a edição de cinco estrelas será a de Macau. Ou seja, Macau fixa o standard para as todas as competições internacionais afiliadas da FIBD. As regatas locais passarão a ser referência para os restantes organizadores, pelo mundo fora.” O objectivo da introdução do sistema de pontos é criar um modelo padrão nos sectores organizativo, administrativo e de procedimentos técnicos. Macau teve nota máxima dos delegados da FIBD nos três departamentos. Haslam disse ainda ao PONTO FINAL ter ficado ‘rendido’ com o desempenho da máquina organizativa no sábado, quando uma tempestade pôs em risco a realização das provas: “revelaram grande destreza e foram muito pró-activos numa situação altamente adversa e muito complicada. Teve que haver um compromisso entre a segurança dos atletas e tentar completar todas as corridas agendadas. Foi um teste duro, que a organização local passou com distinção”, classificou o dirigente máximo da entidade que supervisiona este desporto a nível mundial.
Esta não é a primeira vez que a organização local recebe elogios públicos dos mais destacados dirigentes da modalidade. Em 2004, o então presidente da Federação Chinesa – a tutelar de entre as dezenas de associações nacionais – disse que a RAEM era o local do mundo onde a tradição associada ao festival dos barcos dragão está melhor preservada.

Equipas chinesas dominam

Na frente desportiva, as regatas internacionais deste ano voltaram à ‘normalidade’, com as equipas chinesas - os ‘suspeitos do costume’ – a recuperarem os lugares mais altos do pódio: primeiro e segundo lugares, tanto em homens como em senhoras.
No sector masculino a China Nanhai Juijiang voltou às vitórias, o sétimo triunfo da equipa chinesa nas últimas oito edições da prova, um ciclo vitorioso só interrompido o ano passado pela surpreendente selecção nacional das Filipinas. Mas com os campeões em título ausentes das regatas de 2008, o caminho ficou aberto se reeditarem as batalhas dos últimos anos entre as formações convidadas do continente chinês, equipas do topo do ‘ranking’ mundial. China Nanhai Juijiang e China Yunan (patrocinada pela Sociedade de Jogos de Macau) assumiram o favoritismo desde as eliminatórias da manhã, vencendo com à vontade nos seus grupos, e ganhando com margem confortável as respectivas meias-finais. A selecção de Macau qualificou-se para a final com o melhor tempo entre os não-vencedores das semi-finais, e face à superioridade revelada pelas formações chinesas, o mais que se podia pedir era que lutasse por um lugar no pódio.
A final foi um clássico de 500 metros, com as formações do continente a saírem muito bem dos blocos de partida, percebendo-se logo a partir da primeira centena de metros que só as duas estavam ali para discutir a vitória final. Mais atrás luta renhida pelo último lugar do pódio entre a selecção local e a representante das Filipinas, a equipa Bugsay Boracay, que ‘substituiu’ a selecção nacional vencedora do ano passado.
A vitória acabou por só ser decidida nos últimos metros com os remadores da China Nanhai a terem a ponta final mais forte, impondo-se à China Yunnan SJM por cerca de meio segundo. Na ‘batalha’ Macau-Filipinas, levou a melhor equipa da casa, também fruto de uma parte final de corrida mais possante. A equipa filipina entrou para os últimos 50 metros à frente de Macau mas o seleccionado local conseguiu superiorizar-se cortando a meta com confortáveis dois segundos de vantagem.
Em senhoras, outra disputa entre duas equipas chinesas pela vitória, e novo frente-a-frente entre Macau e as Filipinas (desta vez a selecção nacional filipina) pelo derradeiro lugar do pódio.
Tal como tinha acontecido no sector masculino, também as equipas femininas do continente dominaram as eliminatórias e meias-finais.
No entanto a final acabou por não ter grande história com a China Jiujiang (patrocínio Windsor Arch, o novo patrocinador principal do Grande Prémio de Macau) a liderar a corrida do primeiro ao último metro e cortando a meta com mais de quatro segundos de vantagem sobre a China Nanhai Monalisa, vencedora o ano passado e que procurava o sétimo triunfo nas últimas oito edições desta prova (só tinha perdido em 2006 para a China Guangdong Shunde).
Na luta pelo terceiro lugar, desta vez inverteram-se as posições em relação ao desfecho da corrida da final masculina: a selecção das filipinas chegou dois segundos e meio à frente do seleccionado da casa, conquistando o terceiro lugar.
Os ‘deuses do tempo’ – que na véspera não tinham dado tréguas – cooperaram no principal dia das regatas, mas – coincidência das coincidências, mal acabou a última regata, a final masculina, uma grande bátega de água abateu-se sobre os Lagos Nam Vam.

China domina também nas Universitárias

As provas de sábado acabaram por ficar marcadas pela intempérie que assolou Macau. As corridas realizadas na parte da tarde disputaram-se todas sob forte chuva, que levou mesmo ao cancelamento da segunda mão da prova de dois mil metros, que fazia a sua estreia absoluta com equipas da RAEM (a primeira e única vez que Macau assistira a uma prova nesta distância foi em 2005, mas integrada no programa dos Campeonatos Asiáticos, destinada apenas a selecções. Uma corrida que até foi ganha pela selecção de Macau que bateu de forma surpreendente a congénere da República Popular da China). Após meia hora de espera, e com a chuva a ameaçar não parar de cair, as embarcações voltaram ao lago para uma corrida que teve como vencedora a equipa do Crown Macau.
A prova feminina foi das mais emocionantes e competitivas de todo o programa, apesar de contar apenas com quatro equipas inscritas.
Com tão poucas participantes a organização decidiu realizar duas corridas de 500 metros, estabelecendo-se a classificação final em função do somatório dos resultados. Em caso de empate – na eventualidade de da equipa que ganhasse uma das mãos chegar em segundo na outra corrida, e vice-versa – o desempate seria feito pelo somatório dos tempos conseguidos pelas equipas empatadas nas duas mangas da prova. E foi isso mesmo que acabou por acontecer: a equipa da Universidade de Singapura ganhou a primeira corrida à frente da universidade chinesa Beihau de Jilin, enquanto que na segunda prova foram as chinesas a cortar a meta à frente da equipa de Singapura. Mas mesmo depois de duas regatas num total de 1000 metros, ainda assim subsistiu um empate ao centésimo de segundo: 4 minutos 31:34, somados os tempos da Universidade Beihua de Jilin, da República Popular da China – que assim repetiu o triunfo alcançado o ano passado, e a equipa da Universidade Nacional de Singapura, uma das maiores surpresas da edição deste ano da prova
Na luta pelo último lugar do pódio, e numa ‘batalha’ regional entre equipas universitárias das duas Regiões Administrativas Especiais, vantagem para a equipa da casa - do Instituto Politécnico de Macau - que levou a melhor sobre a formação da Hong Kong Lingnan University
No sector masculino vitória pelo quarto ano consecutivo para outra equipa da cidade chinesa de Jilin, a formação da Universidade de Ciências Eléctricas. O segundo lugar foi igualmente para a Universidade Nacional de Singapura. E tal como já tinha acontecido no sector feminino, o terceiro lugar foi novamente para a formação do Instituto Politécnico de Macau, à frente da Universidade Lingnan de Hong Kong.

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