Segunda fase das obras nas Portas do Cerco começam amanhã
“Fluxo de pessoas não será afectado”
As obras no edifício fronteiriço das Portas do Cerco quase não vão ser sentidas pelas dezenas de milhar de pessoas que todos os dias passam por aquela fronteira a caminho – ou no regresso – da China. A garantia foi dada por um responsável do GDI - o dono da obra – que admitiu no entanto que o trânsito automóvel vai sofrer demoras
Alfredo Vaz
“Fluxo de pessoas não será afectado”
As obras no edifício fronteiriço das Portas do Cerco quase não vão ser sentidas pelas dezenas de milhar de pessoas que todos os dias passam por aquela fronteira a caminho – ou no regresso – da China. A garantia foi dada por um responsável do GDI - o dono da obra – que admitiu no entanto que o trânsito automóvel vai sofrer demoras
Alfredo Vaz
Responsáveis pelo novo projecto e autoridades de segurança e fronteiras convidaram ontem os jornalistas para uma conferência de imprensa a cerca de 48 horas do início das obras para assegurarem que está tudo a postos e sossegarem a população, garantindo que os utilizadores quase não vão dar conta do andamento dos trabalhos.
“Os prejuízos para as pessoas que atravessam a pé a fronteira serão quase inexistentes, ou mínimos”, disse José Lam, engenheiro do Gabinete para o Desenvolvimento das Infra-estruturas (GDI), o dono da obra. Lam explicou que os incómodos ao fluxo pedonal serão minimizados com prejuízo para o trânsito automóvel :”a partir de amanhã começaremos a limitar o fluxo nos canais de entrada e saída de viaturas automóveis, ligeiros e pesados, de mercadorias e passageiros. Só quando esses trabalhos estiverem terminados é que avançamos para as obras de alargamento da zona de balcões de atendimento. Nessa altura, os balcões actualmente em funcionamento, serão então transferidos da presente área para a que entretanto foi construída na zona por onde hoje em dia circula o trânsito automóvel. É para aí que o movimento de pessoas será deslocado temporariamente, até que as obras no edifício central estejam concluídas”, detalhou José Lam. O engenheiro disse que assim não será necessário “proceder ao encerramento de parte dos balcões”, uma situação que admitiu “chegámos a ponderar, embora nunca fosse a nossa opção de escolha.” Com a solução apresentada, Lam afirmou estar seguro que “o fluxo de pessoas não será afectado.”
No entanto, numa entrevista recente ao PONTO FINAL a propósito – precisamente – destas obras, o arquitecto José Catita manifestou algumas dúvidas e reservas quanto à capacidade de se conseguir executar uma obra desta natureza sem prejuízos para os utilizadores: “é uma coisa muito difícil de fazer sem provocar constrangimentos ao movimento normal”, considerou.
José Catita, que foi o projectista autor das duas primeiras intervenções no edifício fronteiriço das Portas do Cerco (inícios dos anos noventa do século passado, e princípios de 2000) e co-autor da mais recente intervenção (com Diogo Zuquete), considerou que tirando este aspecto, “a obra não tem nada de especial, é uma ampliação, mas é o mesmo conceito.”
Obra tem prazo de 17 meses
e custa 170 milhões
e custa 170 milhões
As obras que arrancam amanhã com o condicionamento do trânsito automóvel e desmantelamento gradual de parte dos corredores de tráfego, têm por objectivo aumentar o espaço e optimizar os serviços, para dar resposta ao aumento constante dos utilizadores daquele espaço. Hoje, passam pelo posto fronteiriço 300 mil pessoas por dia, o objectivo é aumentar a capacidade para meio milhão de utilizadores/dia. Tal como o PONTO FINAL já tinha noticiado, vão ser construídos 46 novos balcões, elevando o número total dos actuais 52 para 98, enquanto que os torniquetes de passagem automática para portadores de bilhete de identidade permanente serão aumentados em mais de cinco vezes, de 15 para 80. A área total do edifício cresce também consideravelmente, dos actuais 17,880 para 23,120 metros quadrados.
Quando as obras estiverem prontas, 10 segundos será o tempo médio para um portador de bilhete de identidade de residente atravessar a fronteira, disse um responsável dos serviços de alfândega na conferencia de imprensa de ontem.
Para permitir o ganho da área do edifício fronteiriço reduz-se em quase para metade o número de faixas de rodagem nos canais de trânsito automóvel da fronteira. Nesta fase as saídas e entradas em Macau processam-se por uma única via que funcionará em movimentos alternados. As passagens para viaturas que se dirijam para a China interior situadas junto do Pavilhão Desportivo da Associação Geral de Operários serão encerradas durante um período de 16 meses. A única alternativa para os automobilistas poderem chegar à zona de partida fronteiriça é a circulação pelo acesso rodoviário junto do Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen.
Um responsável pela policia de fronteira lançou um apelo aos condutores de viaturas licenciadas de circulação nas duas regiões para que optem, o mais possível, pela utilização de outros postos fronteiriços, nomeadamente pelo posto do COTAI. Pediu ainda aos residentes que optem pelo maior uso possível de transportes públicos nas suas viagens ao continente. Quando as obras estiverem concluídas haverá uma redução na capacidade máxima de escoamento automóvel diário: de um máximo actual de 24000 para 21600 viaturas por dia. Uma situação que não preocupa os responsáveis alfandegários que justificam a redução com o facto de actualmente não passarem pelos canais de trânsito mais do que uma média de 10 mil automóveis ligeiros e pesados por dia.