14.7.08

Air Macau diz ter apoio do principal accionista e afasta cenários ‘fatalistas’
Crise, qual crise?

A Air Macau diz ter assegurado o apoio incondicional e tutelar da parte do principal accionista da empresa, a Air China International (ACI, 51 por cento). Um comunicado da empresa revela que foram identificadas e definidas uma série de parcerias estratégicas que deverão entrar em vigor no ano que vem. E a Air Macau acredita que 2009 vai ser o ano de viragem.
Os ventos de esperança sopraram do norte: no final da semana passada, David Fei, Administrador da Air Macau, foi “chamado de urgência” a Pequim pelos principais accionistas. A deslocação foi interpretada como a necessidade de dar uma resposta pronta - com visibilidade na praça pública – a uma notícia publicada nas vésperas pelo jornal Macau Daily Times (MDT) que deixou a Air Macau muito mal na fotografia. Os prejuízos acumulados ao longo dos anos, mas sobretudo os somados no primeiro semestre de 2008, levaram o jornal a considerar que a Air Macau está à beira da falência. No comunicado distribuído ontem à imprensa, a Air Macau reitera – em nome do seu accionista maioritário – “apoio incondicional ao crescimento da companhia e do sector da aviação civil em Macau.”
Nesse sentido, revela o documento, a ACI e a AIR Macau elaboraram acordos de cooperação estratégica que serão accionados muito em breve. Mais, a Air China compromete-se a interceder em favor da Air Macau e do Governo da RAEM (detentor de cinco por cento do capital social da empresa) junto da Autoridade de Aviação Civil da China se a Air Macau quiser explorar novas rotas no continente chinês, uma alternativa que ganha contornos de imprescindível com a perda do principal mercado, os voos de escala técnica entre a China e Taiwan.
A Air Macau nega estar a passar por dificuldades operacionais, e insiste na quebra sucessiva dos números de passageiros e do segmento de carga.
A meio da semana passada, o diário em língua inglesa MDT deu à estampa um trabalho de investigação em que alertou para os prejuízos acumulados e apresentou a cópia de um memorando interno do presidente do Conselho de Administração aos accionistas, na qual Zhao Xiaohang diz lamentar ter de informar os accionistas que o património líquido da empresa caiu para menos de metade do capital social da empresa, facto que accionou o artigo 206 do Código de Aviação Comercial (CAC).
O artigo 206 do CAC determina que quando o Conselho de Administração (CA) de uma companhia constate que as perdas ultrapassam metade do capital social, o CA tem de informar os accionistas propondo uma de três soluções: a dissolução da empresa; a redução do capital social ou a injecção de capital num montante equivalente ao capital social. A decisão tem que ser tomada num prazo de 60 dias. No comunicado de ontem a Air Macau desvaloriza o conteúdo da mensagem, considerando que a troca de correspondência é prática normal da companhia.
O capital social da Air Macau está fixado em 400 milhões de patacas, mas uma investigação do MDT revela que a decisão de elevar o capital social dos 200 milhões iniciais para 400 milhões de patacas nunca foi registada. Ainda assim, destaca o MDT, uma movimentação nesse sentido foi aprovada pelos accionistas e o capital realizado.
O apuramento do valor torna-se relevante se os accionistas optarem pela terceira via, a de injecção de dinheiro num montante equivalente ao capital social original.
A Air Macau diz estar a implementar algumas medidas, com carácter de urgência que passam pelo medidas mais rigorosas de organização e eficiência e por uma gestão com cortes nos custos.
A Air Macau é detida em 51 por cento pela Air China, em 20 por cento por um fundo de investimento da TAP Air Portugal, em 14% pela STDM, e em três tranches de cinco por cento cada pertencentes ao Governo da RAEM, empresa Evergreen e outros pequenos investidores.

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