8.7.08

Brasil destaca papel da RAEM como ponte para triplicar exportações para a China
Macau no radar dos investidores brasileiros

O Brasil quer solidificar e aumentar as relações económicas com a República Popular da China e Macau tem uma importância estratégica nesse processo. A APEX, principal agência de promoção do investimento brasileira, vai montar escritório em Macau

Alfredo Vaz

Uma delegação brasileira, liderada pelo secretário do Comércio, Walber Barral, teve ontem uma série de encontros com autoridades e empresários locais e os primeiros frutos começam a ser conhecidos.
De manhã decorreu um seminário que tinha a função de apresentar as potencialidades do Brasil e também de dar a conhecer as potencialidades de Macau. E o mínimo que se pode dizer é que os brasileiros ficaram surpreendidos com o potencial de investimento que Macau oferece, e com as condições para solidificar a estratégia de investimento do Brasil na China.
Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção do Investimento e Comércio (APEX) disse ter ficado
“muito bem impressionado” com o potencial do mercado interno de Macau, do ponto de vista da expansão económica: novos hotéis, novos investimentos, uma área de serviço para ser investida e construída, uma área de entretimento para ser desenvolvida
“isso coloca o mercado de Macau como uma área de mercado que não existia no radar das nossas politicas, e hoje passa a ter uma importância significativa”, disse o empresário.
Dos resultados destes encontros nasce a oportunidade - que deverá será concretizada nas próximas semanas – da APEX criar uma base de operações em conjunto com o seu homólogo local, o IPM. “Nós chegámos sem ter uma ideia que isto ia acontecer, e estamos voltando no Brasil com uma ideia muito forte para ser analisada e trabalhada na realidade de termos um escritório aqui que tem a função de trazer mais empresas, trazer mais investimentos, aumentar o intercâmbio comercial e também cultural , entre Macau e o Brasil”, disse o presidente da agência brasileira.
A APEX trabalha com todos os sectores exportadores brasileiros, desde os aviões da Embraer até à exportação do biocombustível de etanol “podemos trazer para Macau inúmeros sectores que possam trazer novas oportunidades. O que nos foi pedido pelo Secretário Tam (Francis Tam, Secretário para a Economia e Finanças) foi que cada vez que nós viéssemos à China e a Hong Kong, nós déssemos meio-dia, um dia , do nosso tempo, para que trouxéssemos os empresários brasileiros a Macau, para que eles conheçam as potencialidades deste mercado.”
Outro pedido feito por Francis Tam à delegação brasileira foi no sentido de que a Feira Internacional de Macau (MIF) passe a fazer parte do calendário anual da WAIFA (World Association of Investment Promotion Agencies), a organização que congrega as agências de investimento de todo o mundo. Alessando Teixeira, que também preside a este organismo internacional, disse ter “atendido prontamente” ao pedido “não já para este certame de Outubro, porque está muito próximo, mas a partir do ano que vem, é que possamos aumentar a participação de países e instituições internacionais na MIF, para que os países investidores possam reconhecer Macau como um destino para os seus investimentos.”, disse aquele responsável.

Macau como ponte com a China

O Brasil quer triplicar a partir deste ano as exportações para a China, e para que isso aconteça, Macau tem uma importância estratégica nesse processo. “A relação da China, e de Macau, é tão importante para o Brasil que na semana passada o governo brasileiro lançou uma agenda com, actividades especiais para a relação Brasil-China, onde um dos objectivos que nós temos, além de aumentar os investimentos chineses no Brasil, é triplicarmos as nossas exportações para a China. Para que isso aconteça, Macau tem uma importância estratégica nesse processo. Olhando para o desenvolvimento da economia brasileira e da economia chinesa, nós sabemos que estas duas economias - nos próximos anos - serão duas das quatro maiores economias mundiais. Portanto Macau, mais que uma plataforma, se torna um ponto que pode favorecer a ligação e o estreitamento das relações entre Brasil e China, uma vez que língua portuguesa é importante em Macau. Ela estreita mais os laços de fazer negócios entre a China e Macau”, disse Alessandro Teixeira.
Depois de Macau, a delegação brasileira segue para Pequim para contactos com a comunidade empresarial da capital chinesa.
A missão integra ainda vários responsáveis da área económica, cooperação e promoção brasileira como, entre outros, do Programa de Aceleração do Crescimento, da Agência de Promoção de Exportações e Investimento do Brasil e da Superintendência da Zona Franca de Manaus.
O Brasil é o principal parceiro lusófono da China, que nos primeiros quatro meses deste ano efectuou trocas comerciais com os países de língua portuguesa no valor de 21,14 mil milhões de dólares, mais 80,3 por cento do que no período homólogo de 2007.
A China e os países de língua portuguesa definiram em 2006 como meta para 2009 trocas comerciais globais de 50 mil milhões de dólares, número que já em 2008 será ultrapassado, tendo em consideração não só os valores atingidos em 2007 como os aumentos registados nos primeiros quatro meses de 2008.
O Brasil continua a ser o principal parceiro lusófono do continente chinês com as trocas comerciais bilaterais a subirem 64,7 por cento nos primeiros quatro meses deste ano e as vendas brasileiras a subirem 56,2 por cento para 6,93 mil milhões de dólares e as importações a aumentarem 77,6 por cento para 5,13 mil milhões de dólares.

Carnaval em Macau

Mas não só a economia e negócios estiveram sobre a mesa das conversações. Francis Tam pediu também aos responsáveis da APEX que tragam um pouco da cultura Brasileira para Macau.
Teixeira disse que quando voltar ao Brasil vai conversar com os organizadores do carnaval para ver das possibilidades de fazer um projecto de internacionalização da grande festa do povo: “Nós temos uma das melhores músicas do mundo – mundialmente reconhecida – a maior festa cultural popular do mundo, que é o Carnaval, e temos certeza que estas duas coisas podem combinar no desenvolvimento de um novo projecto que o Brasil pode estar trabalhando em Macau. Talvez trazer uma parte do carnaval brasileiro em Macau.”

CAIXA
Brasil lidera mercado das energias renováveis
Uma solução para o mundo

A escalada galopante - e quase diária - do preço do barril de petróleo tem agitado as principais praças financeiras mundiais e está na base de uma crise internacional que alguns dizem não ter precedentes. O Brasil está na vanguarda da produção e consumo das energias renováveis, e o modelo brasileiro é cada vez mais apontado como o caminho a seguir.
A matriz energética do Brasil é composta nos dias de hoje por 45 por cento baseada em elementos de energia renovável e 55 por cento baseada em elementos de energia fóssil, não renovável.
No resto do mundo 85 por cento não renováveis, e 15 por cento de renováveis, onde a China está inserida.
Alessando Teixeira é também um dos coordenadores do programa nacional brasileiro de biocombustíveis, uma vez que a APEX coordena igualmente a programação e a coordenação do etanol no exterior: “Não tenho dúvidas de que as energias alternativas, energias renováveis, são fundamentais para que a economia chinesa e outras economias não tenham um processo muito sério, não digo de estagnação, mas de crise severa. E a alternativa brasileira pode representar sem dúvida alguma uma solução a nível mundial. No curto prazo através do etanol de cana, e no longo prazo através das pesquisas na área de lignocelulose.”
Sabendo desta importância, o Brasil fez duas movimentações chave: criou um Fórum Mundial de biocombustíveis (do qual a China faz parte), e colocou-se à disposição dos governos mundiais que queiram desenvolver a cana de açúcar e o etanol como possibilidade produtiva.
Hoje a China é o terceiro maior produtor/consumidor de etanol do mundo (300 milhões de litros por ano) mas ainda muito atrás dos Estados Unidos e do Brasil, os maiores, cada um produtor/consumidor de 20 mil milhões de litros por ano
“mas nós achamos que a China é – sem dúvida alguma – um dos parceiros prioritários do desenvolvimento desse mercado, uma vez que é um dos maiores consumidores de energia do mundo, e para que não se registe um problema ainda maior na economia chinesa, até na economia mundial”, considerou Alessandro Teixeira.
Ao contrario de outro países, o etanol brasileiro é produzido de cana de açúcar, três vezes mais barato em custos de produção, e sete vezes mais rentável do ponto de vista energético, e – mais importante – sem alterar nem minimizar a produção de alimentos :”por muito tempo a media internacional fez uma propaganda negativa do etanol, desconsiderando que o etanol brasileiro era de cana de açúcar. Maximizada podemos tirar energia e o alimento. Aproveitamos a 100 por cento na geração de energia, na geração de açúcar (alimento) e na geração de etanol. Dado o tamanho da sua área, a sua produtividade e a pesquisa, estamos em condições de oferecer ao mundo uma alternativa à substituição – não de toda a gasolina, obviamente – mas de uma redução e da substituição de uma parcela importante. Tudo isto preservando dois princípios fundamentais: preservação ambiental e segurança alimentar. Ou seja, expansão da cana de açúcar no Brasil não precisa de entrar em área de floresta nem entrar em áreas de alimentos.”

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