8.7.08

Para definir estratégias de forma a cativar mais alunos
EPM cria comissão de Estudo

O Ministério da Educação vai dotar a EPM dos meios que permitam manter os padrões de qualidade e recrutar mais alunos. Foi o que Maria de Lurdes Rodrigues garantiu à Direcção e Associação de Pais da Escola com quem esteve reunida na tarde de ontem. Como resultado dos encontros ficou decidido que uma comissão da escola vai a Portugal debater futuras estratégias a adoptar

Rui Cid

Foi uma tarde de reuniões na Escola Portuguesa. A Ministra da Educação desdobrou-se em encontros com a direcção, administração e associação de pais a quem começou por dar os parabéns pelo que foi alcançado ao longo dos dez anos de existência da EPM, uma escola que se "afirma pela sua excelência" e que obtém óptimos resultados em todas as avaliações externas. Ao longo das quase quatro horas de reuniões, Maria de Lurdes Rodrigues discutiu estratégias e acções a desenvolver de forma a inverter a tendência de perda no número de alunos. A internacionalização da EPM - que defendeu à chegada ao território - e a flexibilização dos currículos podem ser soluções para alcançar o objectivo de manter os padrões actuais de qualidade e conseguir um recrutamento mais largo do número de alunos, sobretudo nas primeiras idades, "onde se determina o percurso escolar". Uma dessas estratégias passa, nas palavras de Maria de Lurdes Rodrigues, por uma maior articulação entre a EPM e o jardim de infância D. José da Costa Nunes: " Todos consideramos fundamental promover o trabalho destas instituições junto das famílias da RAEM, afirmando a EPM e o D. José da Costa Nunes como opções muito positivas". O ensino do português foi outros dos temas de conversa nas reuniões de ontem, com a direcção da escola e ministra a considerarem que a EPM pode e deve afirmar-se como instituição de referência: " conversámos sobre acções de formação de professores e de apoios a escolas do território no ensino do português e ainda da possibilidade de a EPM preparar alunos do secundário proporcionando-lhes uma formação complementar para que possam ter mais oportunidades ao nível do ensino superior." Maria de Lurdes Rodrigues revelou ainda que ficou decidido que a EPM vai elaborar um memorando sobre todos os assuntos ontem conversados, e que uma comissão, a formar pela escola, deslocar-se-á a Portugal para debater os pormenores técnicos do que ontem foi discutido de forma a aplicar essas estratégias. Além destas medidas, os encontros de ontem não revelaram mais decisões - nem tinham que revelar, diz a ministra - mas a responsável máxima pela pasta da educação, frisou que a EPM, se depender do governo da república, será sempre dotada dos meios que permitam manter os padrões da qualidade da escola e recrutar mais alunos. Garantias que agradaram ao presidente da Associação de Pais da EPM, que na reunião com a ministra expressou preocupação com o facto de cada vez haver menos alunos na escola, estando as áreas de humanidades e economia em risco de não abrirem por falta de alunos. Oliveira Paulo referiu a importância da criação da comissão "com pessoas da escola para fazer um estudo para saber de que forma se pode cativar mais alunos para a EPM". Em relação à questão da mudança de instalações da EPM, o presidente da Associação de Pais jogou à defesa, preferindo destacar a qualidade da escola tanto ao nível de instalações como de localização: " O Plano que temos é para se trabalhar nesta escola. É um assunto que não deve trazer angústias." Uma posição que vem ao encontro do que Maria de Lurdes Rodrigues tinha dito aos jornalistas no domingo, e que voltou a repetir ontem: " É um assunto que está nas mãos das autoridades da região, há problemas que devemos respeitar e não deve haver nenhuma pressão da nossa parte."
Apesar das cautelas diplomáticas, este será um assunto a abordar nas reuniões que manterá hoje, a partir das quarto da tarde, com o Edmund Ho e com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Fernando Chu Sai On. Anteriormente, por volta das 3 da tarde, Maria de Lurdes Rodrigues tem agendado um encontro com o Conselheiro das Comunidades Portuguesas, onde Pereira Coutinho fará um ponto da situação de assuntos relacionados com a comunidade portuguesa, nomeadamente ao nível das áreas educacional e social, bem como o futuro profissional da comunidade. O conselheiro irá apelar à simplificação do processo de aposentadorias. Actualmente há no território 4 mil pessoas que para receberem as suas pensões através da caixa geral de aposentações, têm que enviar para Portugal dois documentos - prova de vida e atestado de residência - Pereira Coutinho deseja que passe a ser necessário apenas um.


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Segundo relatório do Instituto de Medicina Legal de Coimbra
Negligência na autópsia de Luís Amorim

A morte do jovem Luís Amorim foi um assunto que Oliveira Paulo deu a conhecer à Ministra da Educação. A associação de Pais da escola portuguesa teve acesso a um relatório do Instituto de Medicina Legal de Coimbra que afirma que houve negligência na forma como foram feitos a autópsia e o próprio relatório da autópsia em Macau, e que a hipótese de homicídio não deve ser descartada, sugerindo por isso a exumação do corpo para nova autópsia, a realizar provavelmente em Portugal onde se encontra sepultado o corpo. Oliveira Paulo pediu a intervenção de Maria de Lurdes Rodrigues junto do chefe do executivo de forma a que sejam tomadas medidas mais concretas e que a verdade seja totalmente esclarecida. A ministra da educação optou não comentar este assunto que ainda vai estudar.
Luís Amorim, estudante do 12º ano da Escola Portuguesa de Macau, apareceu morto na estrada marginal da península de Macau na madrugada de 30 de Setembro em circunstâncias ainda por esclarecer.
Recorde-se que numa carta enviada ao Chefe do Executivo e assinada por cerca de 600 residentes de várias nacionalidades, mas fundamentalmente de origem portuguesa, foi também contestada a tese de suicídio revelada aos pais no anúncio da morte do jovem e na certidão de óbito.
"A tese do suicídio, acreditam pais, advogado e agora nós, pais de jovens residentes de Macau, terá condicionado a investigação e impedido que, na altura, se abrissem todas as outras necessárias frentes de hipóteses num momento em que ainda teria sido possível recolher provas que as sustentassem ou, por outro lado, as inviabilizassem", refere a carta.
O documento, que segundo o presidente da Associação de Pais, "reflecte a preocupação com a segurança dos jovens de Macau", foi também entregue na Provedoria de Justiça e no Ministério Público, que conduz as investigações da morte de Luís Amorim.
"Vimos por este meio interceder junto de sua excelência para que (...) faça tudo o que estiver ao seu alcance para, em nome da verdade dos factos, permitir que a investigação em curso seja séria, competente, transparente e que demonstre cabalmente que se podem excluir as outras duas causas de morte violenta - o homicídio ou o acidente", sublinha a carta.
"Só assim, nós poderemos continuar a acreditar em Macau como uma cidade onde os jovens se sintam protegidos e confiantes, quer no ambiente escolar quer em ambientes de convívio fora da escola", acrescenta.
Na carta é ainda sublinhado que os subscritores pretendem "não deixar cair o caso no esquecimento" já que Luís Amorim era um jovem com "projectos de vida bem definidos, com uma personalidade muito forte, sensível, solidário com os colegas, mas era sobretudo um jovem feliz".

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