7.7.08

China derrotada por 3-0 no Grande Prémio de Voleibol
Brasil desmancha prazeres

As chinesas eram as favoritas, mas caíram aos pés do Brasil e ganharam a etapa de Macau do Grande Prémio Mundial de Voleibol Feminino. As sul-americanas estiveram imparáveis. Grande desilusão do público chinês, ao contrário da claque brasileira, que fez a festa. Esta semana há fase final, em Yokohama

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Estava tudo (ou quase) preparado para a consagração da selecção feminina de voleibol da República Popular da China. Mas houve “desfeita” por parte das brasileiras, que derrotaram as suas adversárias por claros 3-0, nos parciais de 25-21, 25-17 e 25-20.
Era grande a expectativa à volta da participação chinesa neste torneio de Macau, depois da equipa orientada por Chen Zhonghe ter vencido todos os desafios das fases anteriores, um deles sobre esta mesma formação do Brasil, na “poule” realizada em Banguecoque.
Em termos exibicionais, o “seis” da República Popular tinha mostrado um nível elevado, daí que fosse legítimo considerar as chinesas fortes candidatas ao primeiro lugar da ronda da RAEM, ainda por cima com um forte apoio do público, na esmagadora maioria formado pela comunidade chinesa.
Só que o grupo de apoiantes de “verde e amarelo”, ruidoso como sempre, acabou por saborear o triunfo, numa partida que ficou uns furos abaixo do que seria de esperar.
Quase não houve sequer equilíbrio, por culpa da excelente exibição sul-americana e da fraca resposta chinesa.
Mesmo assim, o primeiro set teve emoção, com o Brasil a ganhar pela diferença de quatro pontos, depois da China ter recuperado alguma diferença (22-20). A ponta final das brasileiras acabou, no entanto, com todas as dúvidas e a partir daí nunca mais se viu a selecção asiática, para desilusão dos adeptos chineses residentes na RAEM.

Consistência brasileira
na base do triunfo

O jogo correspondente à terceira e derradeira jornada da “poule” macaense foi uma autêntica final, pois decidia o título neste torneio do Tap Seac, sobressaindo ao longo de quase todo o tempo, a eficácia do bloco canarinho, que conseguiu muitos pontos.
O próprio treinador do Brasil, José Guimarães, que assinalou ontem em Macau os 20 anos como técnico de voleibol, pareceu surpreendido com a própria exibição das suas pupilas.
“Há jogos assim, mas é sempre muito bom defrontar a China. Reconheço que se tratou de um encontro atípico, em que a nossa adversária não teve oportunidade de mostrar todo o seu potencial. Começamos mal este torneio em Macau, com problemas diante da República Dominicana, mas terminámos de forma positiva, o que mostra que estamos a treinar bem.”
Guimarães, que tomou conta da selecção brasileira feminina a partir de 2003, referiu no final que a equipa “tem de ser mais consistente, havendo ainda alguns erros que se cometem e que têm de ser ultrapassados. Temos de ser fortes o tempo inteiro, mas acho que precisávamos de uma exibição como esta para a equipa se moralizar.”

Mau inicio de jogo
desmotivou chinesas

Do outro lado, o treinador Chen Zhonghe tinha estampada no rosto a desilusão de uma derrota, mais até pela forma como foi, sem a oposição que está ao alcance das jogadoras chinesas.
“Estivemos mal no inicio do encontro e nunca mais recuperámos. Isso provocou o desequilíbrio na minha equipa, que estranhamente cometeu demasiados erros defensivos, o que não é normal. Mas mesmo assim foi uma boa lição para preparamos os Jogos Olímpicos.”
A equipa da República Popular vale de facto muito mais do que mostrou no Tap Seac na jornada de ontem, isto depois de ter manifestado grande superioridade nas rondas anteriores, em que venceu com toda a classe tanto a República Dominicana (que tinha provocado um susto ao Brasil…) como o Japão.
Nem mesmo o regresso da vedeta Zhao Ruirui consegui motivar as suas companheiras de equipa. Foi um jogo para esquecer.
Do outro lado, uma garra própria das sul-americanas, em especial no que toca a partidas decisivas como esta e logo face a uma rival tão forte, o que acaba por motivar todo o conjunto.

Colectivo funcionou
no seis canarinho

E foi no colectivo que o Brasil ganhou em Macau, como salientou a capital Helia Souza, conhecida por Fofão:
“Funcionámos como um todo, mas cometemos alguns erros que temos de rectificar no futuro. Esta vitória deu-nos, no entanto, grande confiança para o Grand Prix e Jogos Olímpicos.”
Apenas a selecção da República Dominicana não está qualificada para os Jogos Olímpicos de Pequim, de entre o quarteto que se deslocou à “poule” de Macau, para um torneio que já aqui decorre há treze anos, sempre com bancadas cheias. Depois de muitos anos no Pavilhão do Fórum, agora no Tap Seac.
O Brasil não vai actuar no grupo da República Popular da China (actual medalha de ouro), no torneio olímpico, daí que, como disse o treinador José Guimarães, “ser o melhor teste para nós defrontar equipas de jogo em velocidade como é a China.”
As sul americanas vão defrontar nos Olímpicos as equipas de Itália, Rússia, Argélia e Kazaquistão.
Em Macau, sobressaíram as altas jogadoras Thaisa Menezes (1.96) e Walewska Oliveira (1.90). Dos seus remates saíram os principais pontos ofensivos da selecção. Mas praticamente todos os sectores estiveram bem, ao contrário do adversário que até vários serviços desperdiçou, numa evidente desconcentração, que não é normal, nesta formação chinesa.

Brasil é candidato
em Yokohama

Foi por isso “fácil demais” para o Brasil, que parte agora com elevada confiança para a fase final deste Grande Prémio Mundial de Voleibol Feminino, a ter lugar, já a partir da próxima quarta-feira, na cidade japonesa de Yokohama.
Para além da equipa do Brasil, da China e da selecção da casa, o Japão, que trouxe a Macau uma formação de segundo plano, já provavelmente a pensar na fase final, vão estar na discussão do título de 2008, os “seis” de Itália, que terminou esta série de rondas por várias localidades em igualdade pontual com China e Brasil (17), ainda Estados Unidos (16) e Cuba (15).
Por pouco a grande revelação desta temporada, a Turquia, não conseguia o apuramento. As turcas, que se estrearam na edição deste ano, classificaram-se em sexto (13).
Participaram ainda no Grande Prémio Mundial de Voleibol Feminino/2008, as selecções de Japão e República Dominicana (passaram por Macau), Alemanha, Polónia, Tailândia e Cazaquistão.
Cresce agora a expectativa para Yokohama, sabendo-se que até o próprio Japão pode almejar ao título, uma vez que poupou as suas principais jogadores e terá um forte apoio do público em Yokohama. A modalidade tem uma forte implantação no país.
Como curiosidade, diga-se que a Holanda, vencedora da “poule” de Macau em 2007 e segunda na fase final em Ningbo (China), à frente das chinesas, decidiu não se inscrever para este ano.
Desde que a prova começou, em 1993, o Brasil e já conquistou por seis vezes o troféu, enquanto Rússia três, China, Estados Unidos, Holanda e Cuba, uma.
Voltando ao torneio de Macau, a República Dominicana superou ontem o Japão por 3-0 ( 26-24, 25-13 e 25-18).

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