10.7.08

Estádio da Taipa vai registar casa cheia a 26 de Julho
Chengdu quer cinco jogadores do Sheffield
para se bater com Chelsea em Macau

Vendidos 90 por cento dos bilhetes. Clube inglês promete trazer plantel total, incluindo os mais recentes, Deco e Bosingwa. Para além do treinador Scollari. Chengdu estuda possibilidade de se reforçar no Sheffield. Jogo terá uma forte componente de caridade a favor das vítimas de Sichuan

Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Aí estão as mais recentes novidades à volta da partida do próximo dia 26 (20 horas) no Estádio de Macau, que vai colocar o credenciado Chelsea de Inglaterra frente ao Chengdu da República Popular da China.
E para que o embate seja o menos favorável possível aos ingleses e para se tentar evitar o que aconteceu nas deslocações de Barcelona e Manchester United à RAEM (goleadas ao mesmo adversário, Shenzhen Jianlibao), a equipa do Chengdu fez uma proposta ao “irmão” Sheffield para que este cedesse cinco jogadores para o desafio de Macau.
Ainda nada está assegurado, mas é bem possível que os “patrões” (que são os mesmos…), aceitem a integração de cinco elementos do Sheffield United, actualmente no segundo escalão do futebol inglês, na equipa do Chengdu Blades. Apenas para defrontar o Chelsea e dar uma melhor imagem do clube chinês.
Esta hipótese foi falada, na conferência de imprensa de ontem nas instalações do Hotel Grand Lisboa (onde ficará hospedada a comitiva britânica), entre responsáveis pelo tour asiático do Chelsea, que para além de um jogo amigável em Macau, irá disputar mais dois. Um em Cantão (dia 23) e outro em Kuala Lumpur, capital da Malásia (dia 29).
Já agora pode dizer-se que o Chelsea, treinado pelo brasileiro Luis Felipe Scolari (apresentado oficialmente anteontem), ainda se deslocará à Rússia para participar num torneio quadrangular, organizado pelo Lokomotiv de Moscovo, antes de regressar a casa para a segunda fase dos trabalhos de preparação para a nova temporada.
Ou não fosse russo o presidente do clube que na época passada atingiu a final da Liga dos Campeões Europeus e discutiu até à derradeira jornada o título no futebol de Inglaterra.
Os ex-comandados pelo português José Mourinho e depois pelo israelita Avram Grant, teriam assim, no caso de um Chengdu reforçado, um confronto mais interessante, mesmo sendo sempre considerados favoritos à conquista do troféu que tem o nome de uma empresa de construção de imóveis, Tower Arch, que está a gerar alguma controvérsia, pelas razões que sabe (um empreendimento de luxo de grande altura na Taipa).

Plantel completo

No contacto com a comunicação social, os responsáveis pela vinda dos “blues” à RAEM deram a conhecer os nomes dos jogadores das duas formações, sem no entanto poder garantir, obviamente, que venha todo o plantel.
“Neste momento sabemos que todos os jogadores do Chelsea já assinaram a declaração do visto para vir à China, incluindo os novos elementos e o próprio treinador Scolari”, salientaram membros da organização, numa conferência de imprensa que não contou com qualquer representante dos clubes envolvidos.
Relativamente aos futebolistas do Chelsea, todos já conhecem os seus nomes, ou pelo menos os mais conhecidos. “São efectivamente esperados em Macau, salvo se se registar qualquer lesão. É essa pelo menos a promessa do Chelsea para os desafios em Cantão, Macau e Malásia.”
Assim termos a oportunidade de ver, pela terceira vez em poucos anos, um terceiro “monstro” da Europa, depois da vinda do Barcelona (2005) e do Manchester United (2007).

Ajudar vítimas de Sichuan

Jogadores como Ballack, Drogba, Petr Che, Ricardo Carvalho, Deco, Bosingwa, Paulo Ferreira, John Tedrry, Frank Lampard, Anelka, Joe Cole, entre outros, serão o chamariz para um espectáculo que promete, mesmo que o Chengdu não dê replica ao adversário.
Ainda por cima porque este encontro encerra um cariz de beneficência, já que desde a primeira hora que o Chelsea aceitou integrar o jogo de Macau numa “onda de solidariedade” para com o povo da província de Sichuan, afectada pelo terramoto devastador de Maio passado.
Assim, os dois clubes oferecem, cada um, cinco camisolas autografadas pelo plantel, para serem leiloadas em Macau, cuja receita sera entregue à Cruz Vermelha local, seguindo depois a verba para as vítimas do tremor de terra.
Mas outras acções serão realizadas nesse sentido, como a venda de diverso material ligado principalmente ao Chelsea, assim como a colocação, no Estádio de Macau, no dia do jogo, de várias caixas para angariação de fundos.

Clínica e autógrafos

Virão igualmente ao território 15 crianças orfãs de Sichuan, que perderam os pais precisamente na sequência do terramoto. Os jovens são convidados da organização, podendo assistir ao desafio e fazendo parte da actividade de sensibilização das pessoas para que colaborem na recolha de fundos.
Por falar em jovens, as escolas de futebol do Chelsea também enviarão a Macau dois ou três dos seus monitores, para aqui realizarem duas pequenas clínicas (dias 24 à tarde e 25 de manhã, no campo sintético de hóquei em campo), na qual participarão elementos das camadas inferiores da modalidade da RAEM, a indicar pelo Instituto de Desporto (que possui escolas de desenvolvimento) e pela Associação de Futebol do território.
O Chelsea chegará a Macau no dia 24 e à tarde (17 horas) efectuará um treino à porta aberta para cerca de 3 mil espectadores, que terão de se munir de um bilhete (grátis), a ser levantado na recepção do Hotel Grand Lisboa, no próximo dia 16.
No entanto, só poderão alcançar os ingressos para o treino aqueles que levarem consigo um bilhete já comprado para o desafio.
Também no dia 16, serão colocados à venda, no mesmo local, os restantes 10 por cento dos bilhetes que, propositadamente, ficaram por vender, tendo em conta que foram muitos os interessados que não os puderam adquirir anteriormente (voaram num só dia).
A formação do Chelsea efectuará dois treinos à porta fechada no dia 25. Os trabalhos da tarde serão antecedidos de uma sessão de autógrafos de todo o plantel, destinado às primeiras 100 pessoas, no átrio do Hotel Grand Lisboa.

CAIXA
Scolari pronto para ganhar tudo

O ex-seleccionador de futebol de Portugal, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, admitiu terça-eira querer ganhar tudo no Chelsea, o seu novo clube, e afastou qualquer comparação com o treinador português José Mourinho.
Num inglês perfeitamente claro e também em português, Scolari revelou estar satisfeito com este importante "desafio" na carreira e agradeceu ter sido escolhido para o "momento" que considerou ideal para a experiência num clube com a "grandeza do Chelsea".
"Nunca na minha vida tinha tido uma oportunidade como esta com que o Chelsea me brindou. Sei tudo sobre o futebol e tenho uma boa equipa técnica, que me vai dando todas as informações. Estou pronto para o desafio", assegurou.
José Mourinho, que venceu dois campeonatos no Chelsea e se intitulou "especial" aquando da sua chegada a Londres, foi, naturalmente outro dos motivos de conversa: "Se me sinto especial? Sim, sou especial, para os meus amigos, família e país. Nada mais do que isso".
"Como treinador? Assim, assim…", disse também Scolari, revelando tratar os "jogadores como uma família, já que todos necessitam de respeito e dedicação".
Luiz Felipe Scolari revelou também nunca ter aconselhado a ida do internacional português Cristiano Ronaldo do Manchester United para o Real Madrid, considerando o extremo "fundamental" na equipa inglesa, rival do Chelsea.
"Nunca aconselhei Cristiano a ir para algum clube. Ele é um grande jogador, capaz de alinhar em qualquer Liga do Mundo. Mas nunca aconselhei absolutamente nada. Se ele fica ou não no Manchester United, isso não é assunto meu".
O treinador desvalorizou também a possível pressão mediática - "nunca tive problemas e não será agora, porque a única pressão que tenho é falar bem inglês" - e falou do influente médio Frank Lampard, desejado pelo Inter de Milão de José Mourinho.
"Falei com ele. Disse-lhe que gosto muito dele como jogador e com pessoa e perguntei-lhe se queria ficar no Chelsea durante muitos anos. Quinze minutos depois, disse me que sim. Que queria ficar. E por muitos anos", afirmou o brasileiro, elogiando também o costa-marfinense Didier Drogba.
Luiz Felipe Scolari pediu tempo para "conhecer a equipa", antes de falar em qualquer tipo de contratação, revelou ter falado apenas duas vezes com o russo Roman Abramovich, dono do clube inglês, e pediu "paciência" aos adeptos para aqueles momentos em que o resultado é mais importante que o "futebol bonito".
"O importante é vencer e, por isso, nem sempre se pode agradar a todos os adeptos. Às vezes é impossível jogar bonito e vencer", concluiu.

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