3.7.08

Mais uma poule em Macau do GP Voleibol Feminino
China e Brasil voltam a ser rivais
no espectáculo do Tap Seac


Vítor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Chinesas e brasileiras tem já em Macau uma velha rivalidade. Discutem sempre o título na jornada da RAEM, que desta feita troca o Pavilhão do Forum pelo Tap Seac. Japão e República Dominicana são segundos planos, que até podem estragar a festa aos principais candidatos ao título

Tem sido um dos mais bem sucedidos eventos desportivos da última década em Macau. O Grande Prémio Mundial de Voleibol Feminino tem sempre bancadas cheias e um ambiente fora do vulgar. Tudo por culpa da presença da selecção da República Popular da China.
A selecção chinesa, treinada já há vários anos por Chen Zhonghe, joga praticamente em casa, com a esmagadora maioria do público de Macau a puxar pela equipa, numa “luta” de claques com o Brasil, esta sempre muito colorida e ruidosa.
Na décima terceira vez que o Grande Prémio se disputa no território, a guerra vai continuar, ou seja, tudo paonta para que, domingo, na derradeira ronda da “poule” estas duas selecções decidam o primeiro lugar no grupo e provavelmente também as primeiras posições em termos de classificação absoluta da competição.
O Grande Prémio tem este ano o aliciante, para o público, de ver as atletas que irão estar nos Jogos Olímpicos, com a excepção da República Dominicana, que não conseguiu o apuramento para Pequim.
As selecções têm aqui a última possibilidade de testarem as suas reais capacidades para as Olimpíadas, o que torna a prova muito mais interessante.

As velhas candidatas

Macau já se habituou a receber uma das fases do Grande Prémio. E recebe bem, com muita gente a presenciar as partidas, principalmente quando actua a “sua” equipa, a República Popular da China.
Como tem acontecido quase sempre, as chinesas vão encontrar pela frente as rivais brasileiras, sem no entanto ambas as selecções poderem substimar as outras adversárias, japonesas e representantes da República Dominicana.
Mas em termos de potencial técnico, sem dúvida que Brasil e China estão uns furos acima das outras, ainda que o Japão nos tenha habituado a algumas surpresas.
Se tudo decorrer dentro da normalidade, ou seja, se China e Brasil fizerem valer os seus “galões” em termos de ranking mundial, então a “grande final” irá decorrer domingo, com a discussão do título entre ambas.
Macau é um dos palcos da terceira semana do Grande Prémio Mundial e depois das “poules” efectuadas em Kobe (Japão), Ningbo (China), Alassio (Itália), Vinh Phuc (Vietname), Wroclaw (Polónia) e Hong Kong, a selecção da República Popular da China confirma as suas credenciais, totalizando por vitórias os seis desafios realizados.
O “seis” chinês é o único que ainda não perdeu, tendo mesmo batido o Brasil na série disputada em Ningbo, por 3-2 (parciais de 22-25, 26-24, 22-25, 25-22 e 15-13). Como se vê um confronto muito equilibrado, que vem demonstrar o equilibrio de forças entre as duas selecções.

Total de 12 selecções

Recorde-se que o Grande Prémio de Voleibol Feminino tem este ano a presença de 12 equipas. Para além das quatro que estarão em Macau, também Estados Unidos, Itália, Turquia (a grande novidade para esta edição), Cuba, Alemanha, Tailândia, Polónia e Kazaquistão).
Na mesma altura da “poule” da RAEM vão realizar-se grupos em Banguecoque (Tailândia) e Taiwan.
A organização da ronda macaense, distribuida em duas partes maiores ( e de responsabilidade acrescida…) pelo Instituto de Desporto e pela Galaxy, mas igualmente com a colaboração da Associação de Voleibol de Macau e da Federação Internacional da modalidade, faz sempre questão de aqui ter a República Popular da China, pelo ambiente que gera à sua volta.
Há uns anos a esta parte não foi conseguida a vinda da selecção chinesa e o Grande Prémio quase foi um fracasso, tanto em termos de bilheteira como de interesse. A partir daí nunca mais as chinesas deixaram de viajar até ao território, onde se sentem como em casa.

Humildade Dominicana

A competição foi ontem à tarde apresentada oficialmente em conferência de imprensa, nas instalações da Macau Galaxy Entertainment, entidade que dá um elevado subsídio (daí ter o seu nome na designação do próprio torneio).
Lá estiveram todas as quatro comitivas, com as respectivas jogadoras, bastante altas como é normal no voleibol, para a divulgação aos orgãos de comunicação social.
Os discursos da praxe dos treinadores, de forma simples, em jeito de pura apresentação. Nada adiantaram de novo, prometendo bons espectáculos.
Mas a República Dominicana demonstrou grande humildade, através do seu treinador, o brasileiro Marcos Kwiek:
“Temos uma equipa jovem. Estamos por isso aqui para aprender e queremos faze-lo diante de três selecções que eu considero das melhores do mundo.”

Ambição chinesa

Com outras ambições estão, naturalmente, as restantes três formações, com destaque para a China. O técnico Zheng foi o mais solicitado em todo o contacto com os jornalistas.
“Estamos a preparar as Olimpíadas e é bom defrontar selecções fortes como são estas do grupo de Macau. O Brasil é o nosso principal obstáculo, teórico, mas igualmente Japão e República Dominicana não serão fáceis”, palavras de Zheng Zhonghe, que reconheceu estar a sua equipa mais equilibrada com o regresso de Zhao Ruirui, jogadora que esteve ausente da selecção chinesa durante cerca de três anos.
A número nove é sem dúvida uma das grandes atracções da prova, com a qual o público macaense irá vibrar.
Ainda com 26 anos, Ruirui tem uma capacidade técnica e poder ofensivo de elevado nível, pelo que a China vai certamente tirar disso proveito, não só neste Grande Prémio Mundial, como nos Jogos Olímpicos de Pequim
O “seis” chinês é o detentor da medalha olímpica, alcançada há quatro anos em Atenas (Grécia), pelo que é considerado de novo favorite, ainda por cima porque alinha diante do seu público.
Em foco, para além da estrela Ruirui (1.96), também outra com a mesma altura, Xu Yunli, a líbero Na Zhang, Ming Xue.

Elogios a adversárias

O Brasil quer ser um rival a sério da China e desde sempre assume esse papel, em muitas edições com triunfos não só em Macau como em termos absolutos.
As brasileiras venceram no território por quatro vezes. A China outras tantas. Pelo que sera interessante o desempate.
Nas fases finais da competição, a República Popular só conseguiu no entanto um título (2003), enquanto o Brasil soma 6.
Para o treinador sul-americano, José Guimarães, desde 2003 à frente da selecção canarinha, “queremos ganhar o Grande Prémio mas a principal prioridade são os Jogos Olimpicos. Daí que seja importante a preparação nesta prova, principalmente no confronto com equipas de grande nível como é a China.”
O técnico brasileiro não poupou elogios às chinesas:
“Elas têm um sistema de jogo diferente de todas as outras equipas no mundo. Muita velocidade à volta da sua jogadora principal, Ruirui, que agora regressou e fez melhorar bastante a selecção chinesa, quer no bloqueio, quer nos movimentos ofensivos. A China é muito regular, consistente. Erra pouco e não dá pontos de graça. Temos de ter paciência. Por isso mesmo é um óptimo exemplo a seguir e é bom podermos jogar com elas.”

Medalha em Pequim

José Guimarães diz poder começar, já este ano, a tirar proveito de um trabalho intenso nos últimos quatro, “pelo que espero que, nas Olimpíadas, possamos ir ao pódio e ver a nossa bandeira subir ao maestro.”
De entre o plantel do “escrete” sobressaem nomes como a experiente capital, Helia Souza (conhecida por Fofão), ao lado de Walewska Oliveira, a líbero Fabiana Oliveira, Caroline Gataz e a gigante Thaisa Menezes (1.96).
Relativamente ao Japão, o seu orientador, também nopónico, foi curtíssimo na conferência de imprensa. “Vimos aqui para dar o melhor e tentar dar bom espectáculo”. Nada mais.
De referir que o Grande Prémio Mundial de Voleibol Feminino distribui pr;emios monetários de 35 mil US Dólares para o primeiro classificado em cada uma das “poules”, cabendo 25 mil e 20 mil aos segundo terceiro. Na fase final, discussão do título absoluto (este ano a ter por palco a cidade japonese de Yokohama), o campeão arrecada 200 mil, o segundo 100 mil e o terceiro 75. Há ainda cheques para as melhores prestações das jogadoras.
A selecção da Holanda foi a vencedora da “poule” da Raem do ano passado, com China em segundo e Itália em terceiro, numa jornada que não contou com o Brasil.
As holandesas derrotaram a China e acabaram por ser as campeãs absolutas, em fase final realizada na cidade chinesa de Ningbo.
A competição vai ter transmissão em directo de todos os desafios, nos dois canais.

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