3.7.08

Mariana Bacelar com workshop de escultura no Museu de Arte de Macau
Modelações do Eu

“Eu, Eu Próprio e Eu” é o título do workshop de escultura a cargo de Mariana Bacelar que terá lugar no Museu de Arte de Macau, a partir do próximo dia oito de Julho, todas as terças e quintas. Especialmente dirigido a jovens maiores de 11 anos, mas sem limite de idade, o workshop será conduzido em inglês e em linguagem gestual.
Durante este pequeno curso, os participantes terão a oportunidade única de produzir um auto-retrato à escala humana, utilizando a técnica do papier-maché.
A artista propõe-se reflectir sobre noções de identidade e auto-conhecimento, introduzindo noções de composição, abstracção, tri-dimensionalidade, escala e proporção anatómica.
Mariana Bacelar é uma jovem escultura portuguesa que tem vindo a adquirir notoriedade dada a singularidade do seu trabalho. Licenciada em escultura pela faculdade de Belas Artes do Porto, a artista frequenta actualmente curso de mestrado em Barcelona, deslocando-se ao território para conduzir o Workshop.
O trabalho de Mariana Bacelar destaca-se pela criação de uma personagem que temporariamente designou de Wrongdoing, a menina - heroína que tem vindo a ganhar forma no trabalho de Mariana Bacelar
Passeando-se por entre a história das culturas, a figura caracteriza-se pela capacidade de se metamorfosear em qualquer personagem infantil feminina de uma fábula, um conto de fadas, uma aventura, um mito, um cartaz publicitário. Para além do espaço e do tempo, a figura afirma-se através da criação de um referente visual que consubstancia na plenitude a identidade pós-modena: dinâmica, fluida, fragmentária e múltipla.
A figura passeia-se por todo o mudo geográfico real ou imaginário, de Guimarães a Lijiang ou de uma floresta desconhecida ao paraíso perdido. Passeia-se em todo o tempo, passado e futuro, desde a Grécia clássica à contemporaneidade robótica.
A Wrongdoing vai adquirindo matéria diferente. Pode ser dura e permanente de cimento ou de resina, mas também efémera, macia, comestível, quando se faz de gelatina ou chocolate. Pode ser indigesta ou venenosa e pode perder-se ao fazer as delicias de uma refeição partilhada. Às vezes esvai-se na intangibilidade de uma imagem projecta em qualquer canto.
No seu conjunto, a artista coloca-nos perante imagens de reprodução, multiplicação, clonagem, multiplicação, perseguição, opressão, libertação, manipulação ou liberdade... Imagens que nos falam de relações de poder, reais e imaginárias, criando um paradoxo que é, afinal, o da complexidade contemporânea de uma realidade onde nada é apenas aquilo que é, mas também algo do seu contrário: uma inocência infantil (que talvez não seja tão inocente), uma vulnerabilidade (que talvez não seja tão vulnerável), uma maturação (que talvez não assim tão madura).

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