7.7.08

O «novo» Observatório da China:
A bonança, depois da «tempestade»


Teve um início turbulento, mas ganhou uma nova dinâmica. Vai abrir um núcleo em Macau. A anterior presidente pede mais do que história e Macau

João Paulo Meneses
putaoya@hotmail.com

Há dois anos era apresentado o Observatório da China (OC), juntando oito investigadores em assuntos da China, que se tinham encontrado num dos encontros da Arrábida.
Dois anos depois, a associação adquiriu uma dinâmica muito especial – para o padrão deste tipo de organizações – e registou na sua brevíssima história algo de inusitado entre o associativismo português: não só a direcção mudou entretanto, como surgiram duas listas nas eleições realizadas no ano passado.
As eleições foram – tanto quanto o PONTO FINAL pôde apurar – um pouco turbulentas, mas nem a presidente cessante nem o seu substituto querem desenvolver o assunto. No blogue de Jin Guo Ping, que é actualmente vice-presidente (macaulogia.blogspot.com), podia ler-se, logo após, que «o acto de votação decorreu num clima de grande civismo».
O Observatório nasceu em Dezembro de 2005, com estatutos publicados no Diário da República, foi apresentado publicamente a 5 de Julho de 2006 e dez meses depois já tinha eleições.
Dora Martins, que foi a primeira presidente, diz que não comenta o processo eleitoral no OC; já Rui Lourido, o novo presidente, limita-se a dizer que «após a anterior direcção ter ficado demissionária, esta direcção foi eleita em Maio de 2007, com a proposta de reforçar o Observatório da China, como um projecto colectivo, e transparente ao serviço da promoção da investigação e divulgação do conhecimento e dos Estudos Chineses sobre a China».

Chegar ao Brasil

Rui Lourido aproveitou para explicar ao PONTO FINAL os propósitos da nova direcção do Observatório da China. Ou seja, da formulação geral, para o concreto. Fala por exemplo «numa atitude cívica virada para o exterior. De promoção de iniciativas não só científicas mas também culturais, sensibilização dos portugueses para a Civilização chinesa e por inerência de respeito das minorias étnicas em Portugal. Mas também de envolver a comunidade chinesa em Portugal (o Presidente da Liga dos Chineses em Portugal é nosso vogal do Conselho Fiscal)». Como exemplos, destaca a posição que o OC tomou, repudiando a intenção de Maria José Nogueira Pinto de criar uma zona para o comércio dos chineses em Lisboa ou a conta de solidariedade que abriram para ajudar as vítimas dos recentes terramotos na China.
Neste ano realizaram-se também iniciativas de carácter cientifico, de que Rui Lourido destaca duas conferências internacionais, um colóquio no Brasil («a primeira iniciativa que nos aventurámos a organizar no estrangeiro, e que foi um sucesso pela participação de conferencistas e de estudantes») e a presença numa rede de contactos, a East Ásia Network.
(Através da página http://www.observatoriodachina.org/ os leitores podem ter mais informação sobre o que faz e o que quer fazer o Observatório).

Quatro vezes mais associados

Rui Lourido admite que «o Observatório da China é a mesma organização desde a sua constituição, mas temos de reconhecer, desde Maio de 2007, que o OC tem incrementado quantitativa e qualitativamente as suas actividades, vindo a crescer muito, tendo hoje quatro vezes mais associados que então».
Dora Martins, a primeira presidente, disse ao PONTO FINAL que não está completamente desligada da realidade do Observatório, «só um pouco mais afastada por motivos profissionais». Sobre o futuro, esta investigadora em assuntos chineses diz que «gostaria que o OC diversificasse as áreas de estudo não se cingindo à história e a Macau. Por outro lado, parece-me que seria mais interessante o OC convidar para as suas actividades investigadores e sinólogos externos ao OC e não quase exclusivamente aos próprios membros do OC como acontece na actualidade».
A isto contrapõe Rui Lourido com alguns dos projectos mais imediatos: «na abertura do novo ano escolar um ciclo de palestras sobre a China e a Ásia na Biblioteca Museu da República e Resistência, em Lisboa; a conferência sobre a “Transferências de tecnologia nos Mares da China, o caso particular da artilharia Naval” a 4-5 de Dezembro de 2008, em associação com a Academia da Marinha em Lisboa; a exposição itinerante As grandes Viagens Marítimas da China, estará patente em Faro (Outubro) e em Famalicão (em Dezembro), com as respectivas quatro palestras em cada cidade e outras iniciativas culturais associadas; finalmente incrementar a acção dos dois núcleos do OC. no estrangeiro. Em Macau, representado pelo Prof. Rogério Puga (Universidade de Macau), e outro no Brasil, representado pela Profª Fátima Hanaque (Universidade do Estado da Bahia)».
O OC tem cinco grupos de trabalho em áreas específicas (Ambiente e Recursos Energéticos, Economia e Gestão Empresarial, História, Política e Relações Internacionais e Sociedade e Cultura) e quer aumentar novos grupos de trabalho sobre os seguintes temas: Macau, Lusofonia e língua chinesa.

CAIXA
O novo presidente

Rui Lourido (Rui D’Ávila de Fontes Alferes Lourido) é mestre em História Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa (estudou também no Instituto Europeu, em Florença, mantendo a ligação como investigador, e onde está inscrito para o doutoramento sobre "Os Europeus nos Mares da China: Comércio e Pragmatismo em Macau entre 1600-1683"). Historiador, trabalha na Câmara Municipal de Lisboa, dedicando-se à avaliação e identificação do património.
A sua especialização são os descobrimentos portugueses e o Oriente (a sua tese de mestrado incidiu sobre a História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa no Sécs. XV – XVIII). Tem investigado a ligação ao Brasil.
Colaborou com a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses e com o Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa.
Foi um dos fundadores do OC e continua a estudar a língua chinesa.
Tem 52 anos e nasceu em Évora.
(informações recolhidas a partir de http://ruilourido.blogspot.com/2006/07/curriculum-vitae.html)

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