18.8.08

CEEDS divulga Plano Conceptual para o Desenvolvimento Urbano de Macau
Futuro vigoroso

Já está pronto o plano que define as estratégias para o desenvolvimento sustentado a médio e longo prazo da RAEM. Medidas como a exploração da ilha da montanha, importação de mão de obra qualificada ou a limitação à circulação de automóveis nas zonas históricas serão agora alvo de consulta pública.

Rui Cid

Um ano depois de Edmund Ho ter incumbido o Centro de Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento Sustentado, o documento que pretende fazer de Macau uma "cidade vigorosa no mundo" está pronto e será sujeito a consulta pública. As linhas mestras para o plano tinham sido anunciadas no final de Junho, no final de uma reunião com arquitectos, engenheiros e outros especialistas na área do planeamento urbano. Na altura, o coordenador do centro, Daniel Tse Chi Wai, frisava a necessidade em abandonar medidas "tapa buracos" e trabalhar para fazer da RAEM "uma cidade turística multi-desenvolvida, sempre com a industria do jogo em plano de fundo". Tse Chi Wai acrescentava que para alcançar o desenvolvimento sustentado e aumentar o nível da qualidade de vida da população, era necessário sobretudo resolver o problema da falta de espaços, criar uma rede de transportes públicos eficaz, proteger o centro histórico e apostar na cooperação com os territórios vizinhos. As declarações do coordenador do centro pecavam por defeito, isto é, faziam um diagnóstico dos problemas, indicavam o caminho a seguir, mas não apresentavam medidas concretas. Tse Chi Wai justificava-se, afirmando que o CEEDS estava ainda na fase de consultas. Ontem, na conferência de imprensa de apresentação do plano - um documento de 100 páginas - Tse Chi Wai considerou que este será "um instrumento necessário para o território enfrentar desafios e aproveitar oportunidades do desenvolvimento". Inspirado nos planos conceptuais das cidades de Singapura e Hong Kong, o documento do CEEDS visa, nas palavras de Tse Chi Wai, responder a duas questões de fundo: Como definir uma estratégia de desenvolvimento económico que utilize de forma integral os recursos urbanos de Macau; Como conquistar novos espaços para esse desenvolvimento, procurando preservar o ambiente e proteger e promover as características histórico-culturais únicas da cidade.

Ilha da Montanha depende de Pequim

Por força das suas características geográficas, um dos grandes problemas que Macau enfrenta é a falta de terrenos. Para ajudar a resolver um problema antigo, o plano recupera uma solução defendida há muito: a exploração da ilha da montanha. Consciente da importância dos terrenos da ilha da montanha, Daniel Tse recorda que será necessário que o Governo da RPC autorize a exploração desses terrenos, apelando, por isso ao consenso da população, sem o qual diz ser "quase impossível" convencer a China a permitir a construção em parte daquela ilha. À espera de luz verde de Pequim está também a construção de novos aterros, uma outra forma de acrescentar metros quadrados ao território. Enquanto estes projectos não avançam, o plano preconiza a distribuição selectiva dos terrenos já existentes através de leilões ou concursos periódicos.

Limite para a importação de automóveis

A reforma do sector dos transportes é considerada prioritária para o CEEDS. Um dos responsáveis pela elaboração do documento ontem apresentado, Kei Wai Man, destacou medidas como a imposição de cotas na importação de veículos privados ou o aumento do imposto automóvel, e a aposta no desenvolvimento dos transportes públicos. Este responsável acredita que desta forma será possível solucionar os problemas de trânsito e estacionamento. O plano prevê ainda que se limite o acesso automóvel nas zonas históricas, assim como a construção de zonas para peões nessas mesma zonas. Kei Wai Man explica que terá que ser feita uma gestão eficaz do espaço nestas zonas que a UNESCO classificou como Património Mundial da Humanidade. A criação de corredores verdes ou um novo centro financeiro são também questões a ter em conta.
O Plano destaca a necessidade importância de atrair pessoas para o território, e as estratégias do CEEDS passam pelo reajustamento da politica de emigração, com Kei Wai Man a dizer que o governo deve importar quadros qualificados. O plano pede a intervenção do governo também ao nível da politica educativa, com o aumento do número de bolsas de estudo nas áreas da ciência e da tecnologia, bem como o incentivo ao intercâmbio de estudantes com as regiões vizinhas. A cooperação com Hong Kong e Zhuhai, por uma questão de proximidade, é tida como fundamental.
Até 20 de Setembro estas propostas poderão ser estudadas pela população. De forma a facilitar a consulta pública o CEEDS agendou, para os próximos dois meses, reuniões, seminários e debates. No final, depois de analisadas as sugestões e comentários da população, o plano será entregue ao chefe do executivo.

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