18.8.08

Concurso da futura Biblioteca Central envolto em polémica
“Não houve incompatibilidade”

O Administrador da CAA, companhia que prestou consultadoria ao Instituto Cultural no ante-projecto de lançamento do concurso público para a nova Biblioteca Central, refuta acusações de incompatibilidade. Em causa está o facto da arquitecta que venceu o concurso trabalhar para a CAA. José Chui Sai Peng assegura que a empresa finalizou os seus trabalhos há dois anos, e que as informações usadas pela arquitecta estavam disponíveis ao público - há pelo menos ano e meio - no sítio electrónico do Instituto Cultural.
A premiada, a arquitecta Vong Man Cheng – que conquistou o primeiro e o segundo prémios – concorreu como independente, mas a ligação profissional que mantém à CAA gerou uma série de criticas a um processo que está sob suspeita desde o lançamento do concurso. A CAA foi a empresa contratada pelo Instituto Cultural para fazer o planeamento do estudo preliminar sobre a futura biblioteca. Ontem, em declarações ao Canal Macau da TDM, José Chui Sai Peng, saiu em defesa do bom nome da empresa e da própria funcionária: “Estamos fora do projecto da biblioteca há mais de dois anos, fizemos o projecto de consulta e entregámos o relatório, apenas isso. No último ano e meio, estivemos –como toda a gente – que o concurso para a biblioteca se tornasse realidade.”
Chui Sai Peng rejeita as acusações de incompatibilidade garante que os trabalhadores não tiveram acesso a informação privilegiada, referindo – por exemplo – que na altura nem sequer se sabia o local onde viria a ser construído o edifício. A empresa fez um relatório com recomendações sobre o local e os critérios de ideias e concepções, mas Chui Sai Peng lembra que tudo foi tornado público:”Tudo é do domínio público, no sítio electrónico do Instituto Cultural constam as linhas gerais do relatório. Era tudo muito básico, não garantia a vitória de ninguém. Toda a gente conhecia os critérios, o ICM até fez um melhor trabalho ao dar os pés quadrados (da área, e por zonas), nós não tínhamos números tão específicos.”
A arquitecta Vong Man Cheng venceu os dois primeiros prémios dos três trabalhos premiados no concurso, e admitiu mais tarde que tinha contado com a ajuda de amigos, profissionais da área da mesma área de Hong Kong, quando o concurso estava limitado a profissionais de Macau.

Os bons e os maus exemplos

Recorde-se que na terça-feira, o presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, Nuno Jorge, usou de um paralelismo com a competição para o Pavilhão de Macau na Expo de Xangai para fazer os primeiros comentários públicos à atribuição do primeiro e segundo lugares do projecto para o antigo tribunal a uma arquitecta que trabalha para a CAA. Usando alguma ironia, Nuno Jorge disse a propósito que para o concurso do pavilhão de Macau na Exposição Universal de Xangai, não se chamaram entidades internacionais, que não houve amigos a cooperar em propostas, e que nunca se pôs em causa se houve ou não acesso a informações privilegiadas. O arquitecto destacou igualmente que “não se alteraram as regras a meio”, e que não “surpresas no final.” Acusações e erros que são apontados à forma como foi iniciado, conduzido e concluído o processo do concurso para a nova biblioteca
Por contra-ponto, Nuno Jorge destacou a abertura do Gabinete Preparatório para a Participação de Macau para a Exposição de Xangai 2010 ao diálogo com classes profissionais: arquitectos, engenheiros e designers local. “O concurso foi submetido a um desígnio que é de todos nós. Foi aberto à sociedade civil e não fechado. Isso ajuda as pessoas a identificarem-se com os objectivos e conclusões”, disse Nuno Jorge. O presidente da AAM parabenizou o facto do concurso ter sido aberto, apenas e só, a profissionais de Macau: “O reconhecimento da nossa classe é um assunto que nos tem preocupado muito e pelo qual nos temos debatido. Por dois factores: um tem a ver com a proporção mínima de conteúdo local nos projectos internacionais executados em Macau; outro, para que se evite que o arquitecto seja um mero subscritor do projecto só pelo facto de estar registado na DSSOPT. Subscrever projectos alheios ou, como se ouve dizer, de amigos, não prestigia a profissão”, declarou o presidente. Nuno Jorge reclama uma actividade profissional “transparente e bem regulada” e espera que “em breve” a acreditação dos arquitectos seja feita pela associação que actualmente dirige – “como de resto se passa no mundo civilizado”, destacou. “Este foi um dos pontos marcantes desta competição: sem complexos e sem recursos a entidades estrangeiras por muito afamadas que sejam. Foi feito com a prata da casa e isto para mim é o reconhecimento de que nós valemos alguma coisa”, sublinhou o presidente da Associação de arquitectos local.

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