18.8.08

Estágio em Macau não oferece boas condições
Selecção de hóquei de Portugal
sujeita-se a treinar ao ar livre


Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Foi já comunicado à Federação Portuguesa de Hóquei em Patins. Macau não pode receber condignamente a selecção feminina de hóquei em patins. D. Bosco não adia as obras no pavilhão. Treinador e jogadoras querem mesmo assim fazer a derradeira preparação no território. António Aguiar diz que isto dá uma má imagem do território

Não é costume haver uma situação destas. Macau pode vir a receber, com más condições, uma selecção portuguesa, candidata aos primeiros lugares de um Campeonato do Mundo.
A história conta-se rapidamente, mas há desenvolvimentos por causa da reacção dos dirigentes da Associação de Patinagem, concretamente o seu presidente, António Aguiar, que não se conforma com o facto do hóquei em patins ser relegado para segundo plano.
Há obras no Pavilhão do Colégio D. Bosco e apesar de todas as tentativas para adiar, pelo menos por um mês, as remodelações no habitual recinto de treinos e jogos da modaldiade, parece “não haver muita vontade para resolver o problema e assim tudo está comprometido, a presença condigna da selecção feminina portuguesa, a caminho do Mundial do Japão, e também a preparação das próprias selecções do território, a trabalhar para os próximos compromissos internacionais.”
São palavras de desilusão de António Aguiar, um dos dirigentes que mais tem batalhado para o engrandecimento do hóquei em patins em Macau e nesta região do mundo.

Presidente tentou adiar
obras do D. Bosco

Andou numa roda viva nos últimos dias para tentar convencer “quem de direito” para adiar as obras do Pavilhão do Colégio D. Bosco, para que a selecção portuguesa de hóquei em patins feminino tenha condições razoáveis para efectuar entre nós a derradeira semana de trabalhos, antes de seguir para Akita, no Japão, onde se realizará o Campeonato do Mundo.
Portugal, que ficou em quarto lugar na última edição do Mundial, quer desta feita lutar pelo título e tem trabalhado nesse sentido, com sessões em ritmo acelerado já há alguns meses. Para dar condições às meninas do hóquei português.
O treinador e os dirigentes da Federação Portuguesa de Hóquei em Patins decidiram então vir até Macau, para adaptação ao clima, ao fuso horário e também para dividir a longa viagem em duas partes, parando na RAEM por uma semana.
O contacto foi feito, mas o Instituto de Desporto respondeu que não havia condições para Portugal vir até estas paragens, porque o único pavilhão disponível iria entrar em obras.

Macau põe de lado
modalidade de hóquei

A missiva oficial de Macau colheu a FPP de surpresa: “então Macau é conhecido por receber da melhor maneira as selecções e de oferecer instalações de grande qualidade e o hóquei em patins não pode ir?”
António Aguiar não encontra explicação para aquilo que considera “pouca vontade em resolver o problema”:
“Fiz tudo o que estava ao meu alcance para adiar as obras no Colégio D. Bosco. Nada mais posso fazer quando fico com a sensação que não há toda a vontade para oferecer as mínimas condições ao hóquei em patins. E não é só por causa da selecção feminina de Portugal. As nossas equipas, já a trabalhar para o Mundial (mulheres) e Mundial B (homens) ficam com a preparação comprometida durante dois meses. E pode dizer-se que vai por água abaixo todas as nossas expectativas e ambições de alcançar bons resultados.”
Sem o pavilhão do Colégio D. Bosco, Macau vai dar continuidade aos seus treinosem duas alternativas, ainda a estudar, ambas com más condições. Uma é no piso do Tamagninni Barbosa, outra será no rinque da antiga escola primária oficial (Gonzaga Gomes), em frente ao Tap Seac, que por sinal está também em obras.

Campos ao ar livre
são únicos disponíveis

Ambos os recintos são ao ar livre e têm instalações em más condições. Tabelas partidas, piso irregular.
“O Tamagnini Barbosa eu conheço e de facto não tem condições para treinos ou jogos. No outro campo, porque está em obras, não me posso pronunciar para já. Agora o que me parece mau é que, em Agosto ou Setembro, com estas temperaturas e humidade, haja selecções que tenham de treinar ao ar livre”, considera o presidente da Associação, António Aguiar, que, no que diz respeito à selecção portuguesa feminina, afirma “estar Macau a dar uma má imagem ao receber uma equipa credenciada nestas más condições, mesmo que tenha afirmado que não há recintos para a preparação.”
E o que é mais curioso é que treinador e até jogadoras da equipa lusa, parecem dispostos a arriscar e treinar “no meio da rua se for preciso”.
A definitiva decisão vai ser tomada nos próximos dias. É que as passsagens aéreas estão marcadas e confirmadas para Macau.
Os responsáveis federativos lusos foram informados das más condições que vão encontrar, mas mesmo assim estão hesitantes, considerando que isso até nem será o mais importante. A adaptação e divisão da viagem em dois sectores, antes de seguir para o Japão, é um aspecto a considerar e pode pesar na vinda até Macau, entre 29 de Setembro e 3 de Outubro.
Os dirigentes da Federação estão num dilemma: ou cancelar a derradeira fase de preparação prevista para Macau ou aceitar as deficientes condições oferecidas, até para não ter de alterar substancialmente os planos da equipa técnica e de não ter de cancelar as passagens aéreas da comitiva.

Dificultada preparação
das selecções locais

Toda esta questão das obras no D. Bosco, que são necessárias diga-se, vai, como dissemos atrás, provocar uma quebra evidente na preparação das selecções de Macau, masculina e feminina.
António Aguiar lamenta que tudo isto pode lever a que “as ambiçoes das nossas selecções sofram um duro revés, em especial a dos homens, empenhada em tentar de novo a subida ao Grupo A.
“Posso dizer que vai tudo por água abaixo, porque treinar naquelas condições e ainda por cima ao ar livre, durante dois meses, deita por terra todo um plano traçado para que as equipas tenham condições de realizar bons resultados”, concluiu Aguiar, que não percebe a razão de não ser facultado outro pavilhão para a prática da modalidade:
“Já expliquei por diversas vezes que as novas rodas dos patins não estragam os pisos modernos, aqueles que existem em pavilhões como o Tap Seac, Forum, Macau Dome ou complexo do Estádio de Macau. Não entendo de facto essa apreensão dos dirigentes do IDM. Em Portugal, há pouco tempo, a final four da Taça foi realizada num pavilhão com este tipo de piso, igual ao de Macau, e nada ficou danificado. Será que é preciso pedirmos às empresas fabricantes de rodas para patins um certificado de garantia de que os pisos não ficam riscados?”
No caso do Forum, terá sido pensado para os treinos de Macau e Portugal (feminino), mas a informação é que estará ocupado com actividades relacionadas com o Dia Nacional da China.

Torneio Internacional
com seis equipas

Já agora, apenas dizer que no final deste mês (27 a 31), Macau vai ter um Torneio Internacional, comemorativo dos 25 anos da Associação de Patinagem. Por sinal os últimos jogos antes do Pavilhão do Colégio D. Bosco entrar em obras.
Sabe-se já que Portugal e Moçambique não vêm. Os portugueses porque não conseguiram patrocínios para a viagem. Os moçambicanos por alegada “falta de organização interna”, que levou à não confirmação da sua presença, apesar dos esforços dos organizadores.
Assim a prova contará com seis equipas já confirmadas: Espanha, Austrália, Nova Zelândia, India e Japão, para além da selecção da casa, Macau.
Haverá apenas um grupo, no sistema todos-contra-todos, com o primeiro classificado a sagrar-se vencedor do troféu.

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