31.8.08

"A Família", da companhia de teatro russa Licedei, estreia hoje no Centro Cultural de Macau
Da Rússia com humor

As gargalhadas prometem invadir o pequeno auditório do CCM que há muito tem lotação esgotada para este último fim de semana de Agosto. Pela primeira vez no território, a principal escola de palhaços da Rússia, o Teatro Licedei, sobe ao palco já hoje à noite, a partir das 8 horas, para apresentação de "A Família"

Rui Cid

Chegaram cansados, mas não perderam a boa disposição. Mal refeitos da longa viagem que os trouxe até nós, actores e director artístico do Teatro Licedei arranjaram disposição e forças para, de sorriso aberto, enfrentar a habitual conferência de imprensa que o Centro Cultural de Macau organiza sempre que estreia um espectáculo.
A Família conta, através da expressão corporal dos actores, as aventuras e desventuras de uma "família anormal, mas muito divertida", com uma mãe grávida, um pai bêbado e quatro filhos que não lhes dão descanso. Os protagonistas são russos, mas este é um cenário comum nos 4 cantos do mundo, e esse poderá ser, como explica Boris Petrushansky, cenógrafo e director artístico, um dos segredos para o sucesso que a peça tem alcançado por onde tem passado: "a história é uma sátira aos problemas de todas as famílias, que são iguais em qualquer parte. Os sentimentos são iguais em todos os países e temo-nos apercebido que os todos os públicos se identificam com a nossa peça".
O Teatro Licedei foi fundado há 40 anos, mas esta trupe de palhaços desfez-se pouco depois da queda da União Soviética, com vários dos seus elementos a integrarem o Cirque du Soleil e outros a optar por uma carreira a solo. Os que decidiram continuar na Rússia fundaram uma escola de palhaços e recrutaram novos talentos para reinjectar imaginação na companhia. Dessa forma, Os espectáculos do Teatro Licedei são, por norma, marcados pela mistura que os actores protagonizam entre palhaço tradicional e moderno, uma forma de a companhia de São Petersburgo continuar a evoluir: " a arte não deve parar, temos sempre que reinventá-la. Os avanços tecnológicos, ao nível do som, das cores, dos efeitos, permitem que não fiquemos parados no tempo, mas claro que não esquecemos a nossa matriz tradicional", frisa Petrushansky.

"Rimos e choramos como toda a gente"

Quando pensamos em palhaços há, desde logo, uma associação com sentimentos de alegria ou boa disposição e poucas vezes nos lembramos que por baixo da cara pintada ou do nariz vermelho está uma pessoa como nós. Ontem, os jornalistas quiseram saber se estes artistas do risos transportavam para a vida real, o humor que mostram em palco. As respostas foram unânimes: "somos pessoas normais, claro que é sempre possível usar uma máscara no dia a dia, mas a vida fora do palco é, naturalmente, diferente. Todos temos os nossos problemas, somos pessoas normais, rimos, choramos, emocionamo-nos, como toda a gente..." A tónica da normalidade seria reforçada na resposta à pergunta que se seguiu - Depois de tanto tempo a representar o mesmo papel - A Família subiu pela primeira vez ao palco em 2005 - é difícil para um actor não levar tiques da personagem para casa? " Não é fácil abstrairmo-nos do trabalho, mas isso acontece, pensamos nós, em todas as profissões. você, por exemplo, sai do jornal e desliga automaticamente? o que temos que pensar é que isto é um emprego, só um emprego, de resto a nossa vida é igual à de toda a gente."
A Família apresentar-se-á ao público da RAEM em três espectáculos, hoje e amanhã às 8 da noite, e ainda domingo às 3 da tarde, sempre no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau.

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