18.8.08

Governo Português deve Assumir projecto, defendem Oliveira Paulo, Pereira Coutinho e Sales Marques
Santo Estado

Se a Fundação Oriente deixar de subsidiar a Escola Portuguesa de Macau, como sugeriu Carlos Monjardino, deve ser o Estado Português a assumir o projecto EPM. Foi isso que defenderam ao PONTO FINAL Sales Marques, Oliveira Paulo e José Pereira Coutinho

Rui Cid

O facto de a Fundação Oriente por deixar de financiar a EPM - como ontem sugeriu Carlos Monjardino, em declarações que o PONTO FINAL reproduziu - não está a tirar o sono Sales Marques, apesar o administrador da Fundação da Escola Portuguesa reconhecer a que a FO é se encarrega de cobrir quase metade do deficit - o resto está a cargo do Estado Português - daquele estabelecimento de ensino. Sales Marques, em conversa telefónica com o PONTO FINAL, assume problemas financeiros na EPM, mas recorda as garantias dadas por Maria de Lurdes Rodrigues na recente visita que fez a Macau: " Não podemos dizer que não tempos problemas financeiros, mas estou descansado. Estivemos reunidos com a senhora ministra da educação e sei qual a politica do governo de Portugal para a EPM". O administrador da Fundação da Escola Portuguesa acredita que o Estado Português assumirá todos os encargos necessários - afinal, a solução preconizada por Monjardino - mas só não forem encontrados novos parceiros:" O presidente da FO já tinha proferido essas declarações anteriormente, e, se elas se confirmarem, a Fundação da EPM e o Ministério da Educação terão que resolver a situação, muito provavelmente através de acordos com outras entidades." Fora desta equação parece estar o governo da RAEM. Ouvido pelo PONTO FINAL, o Conselheiro das Comunidades Portuguesas, José Pereira Coutinho, frisa que é de Portugal a responsabilidade de "pôr ordem na casa num "projecto que nasceu torto e tem sido minimalista". O deputado sublinha que "por razões politicas o executivo local não deve assumir as rédeas deste assunto", embora possa apoiar o ensino do português, uma língua que "faz parte do Património Humano de Macau". Pelo mesmo diapasão alinha Sales Marques que lembra que as autoridades da RAEM têm feito a sua cota parte no apoio à escola, "nomeadamente através de subsídios de ajuda às propinas, que nalguns casos chegam aos 50% e de investimentos vários como, por exemplo, o novo espaço de leitura que foi em grande parte pago pelos Serviços de Educação." Também o presidente da Associação de Pais da EPM deixa o governo do território fora deste problema: " É um assunto que deve ser resolvido entre a Fundação Oriente e o Ministério da Educação. Foram eles que assinaram um acordo, são eles que têm que se entender." Ao PONTO FINAL, Oliveira Paulo disse estar tranquilo em relação ao futuro da EPM, até porque "Carlos Monjardino já tinha enviado sinais que apontavam nesta direcção, e nós já tínhamos exposto este assunto à ministra da educação que nos garantiu que isso não seria problema". O dirigente associativo é particularmente duro com a Fundação Oriente, que tem sido, no seu entender, "um elemento destabilizador no bom funcionamento da Escola Portuguesa de Macau". Oliveira Paulo considera mesmo que a saída de cena da FO irá ajudar a clarificar uma série de situações sobre qual o papel que a EPM no território: " Os interesses nem sempre são coincidentes. O governo português pretende desenvolver e apoiar o ensino da língua aqui em Macau, já o objectivos da FO nem sempre eram preceptivos."

Propinas demasiado baratas?

Se Sales Marques e Oliveira Paulo têm posições semelhantes sobre quem deverá assumir responsabilidades no caso de a Fundação Oriente deixar de subsidiar a EPM, o mesmo já não se pode dizer em relação a outro tema levantado por Carlos Monjardino - o preço das propinas. Na entrevista que concedeu ao Diário Económico, o responsável máximo da FO afirmou que a "EPM tem todas as vantagens de uma escola privada, sendo pública: os pais pagam propinas que são muito baixas". Um facto que resulta de uma opção, diz o administrador da Fundação da EPM. Uma ideia errada, garante o presidente da APEPM. Sales Marques explica que tendo em conta o "interesse público do ensino do português", a administração da escola optou por praticar preços que "não sendo muito baratos, não são caros" e que estão muito abaixo do praticado por outras escolas privadas". Oliveira Paulo reconhece que há estabelecimentos onde de facto há propinas muito superiores às da EPM, como a "Escola das Nações, o Canadian School e mais uma ou outra, mas francamente penso que essa é outra realidade, o critério não pode ser esse". De acordo com o representante máximo dos pais, se as comparações excluírem aquelas 2 ou 3 escolas, poder-se-á verificar que "a EPM tem preços que estão na média das melhores escolas chinesas".

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"Fala-se mais português agora do que antes do handover"

José Pereira Coutinho não gostou de ouvir Carlos Monjardino dizer que há deputados em Macau que "não gostam dos portugueses ou da língua portuguesa", e que " já se estão a preparar razões para que, um dia, o português seja deixado cair". O deputado que também é conselheiro das comunidades portuguesas referiu que a realidade da AL é bem diferente:" Vejo colegas deputados a dominar a língua portuguesa, a dirigirem-se a mim em português, e a termos discussões neste idioma." E para Pereira Coutinho não é só na AL que a língua de Camões e Pessoa está em alta: " Nos contactos que tenho mantido com a comunidade chinesa, tenho percebido que há muito mais gente a falar e a estar interessada em apreender a língua do que nos 450 anos de domínio dos portugueses, e isso deve-se em muito aos esforços do IPOR. Também vejo cada vez mais jovens interessados em parecerias comerciais com os Portugal e os países da África lusófona." A finalizar, é com ironia que o deputado recusa a ideia de ter ficado surpreendido com as declarações de Carlos Monjardino: " Afinal, é difícil compreender a realidade de Macau quando se está 18 mil Kms de distância..."

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"4 anos bastante positivos "

Oliveira Paulo está de saída da presidência da Associação de Pais da Escola Portuguesa, uma a filha deixará de estudar naquela instituição já no próximo ano lectivo. É, então, momento de se fazer um balanço do trabalho desenvolvido pela associação de pais ao longo do mandato da actual direcção. "Foram quatro anos muito positivos", considera Oliveira Paulo, que destaca as questões da flexibilização dos currículos e da mudança de instalações como assuntos onde a associação "apesar de não ter poderes nenhuns", ter conseguido mostrar a validade dos seus argumentos - se não tivéssemos razão, ninguém teria alterado os planos iniciais - e ter contribuído para " as soluções que melhor serviram os interesses dos alunos". A saída de Oliveira Paulo da APEPM implica a necessidade de levar a cabo novas eleições para a associação, ainda sem data marcada. A maioria dos nomes que compõem a actual direcção vai, de acordo com o ainda presidente, concorrer em nova lista, desconhecendo Oliveira Paulo se estão na calha outras listas.

R.C

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