18.8.08

Hoi Fan lidera isolado, mas interesse diminuiu
Bolinha já não é o que era

As primeiras jornadas nunca tiveram grandes assistências. Como no passado. Associação terá de repensar a bolinha, para que não caia no marasmo do futebol de onze. Hoi Fan somou segunda vitória e garantiu apuramento para as meias finais. Misto do Monte Carlo alcança terceiro lugar no Torneio de Shaoguan.

Vitor Rebelo
(rebelo20@macau.ctm.net)

Aquela que foi uma modalidade muito acarinhada e de enormes emoções, durante anos a fio, já não é o que era. A realidade tem-se constatado ao longo deste início de temporada, com muito menos interesse dos amantes da bolinha.
Mesmo antes de se fazer o ponto da situação da prova deste ano, que vai na terceira jornada, há que “pôr o dedo na ferida”, uma vez que não tem passado despercebido o significativo (menor) número de espectadores nas bancadas do complexo do Colégio D. Bosco.
Foram anos consecutivos de grande festa desta modalidade. Primeiro num terreno pelado e depois já com este “new look” do D. Bosco. Há quem prefira o passado, em terra batida. Há quem reconheça que os novos tempos são para aplicar a qualquer desporto.
O certo é que a bolinha, há cerca de meia dúzia de anos, passou a ser disputada no piso artificial e nem por isso deixou de receber centenas de adeptos que, nos jogos mais importantes, fazia transbordar as bancadas.
Alturas houve em que muitos exigiam uma remodelação no recinto do Colégio D. Bosco, para que coubesse mais gente para assistir à bolinha.
Era um ambiente fora do vulgar, francamente diferente (para melhor) daquilo que se via nos campos do futebol de onze. O marasmo do “bolão” não tinha nada a ver com o entusiasmo da bolinha.

Equipas diferentes
criavam expectativa

O Verão era efectivamente marcado pelo campeonato de “futebol em miniatura” (como se chamava anteriormente e que até tinha uma Associação autónoma, criada no tempo de Chui Vai Pui).
Todos os amantes do futebol esperavam pelos meses da bolinha para “viver” o entusiasmo que se criava à volta da competição.
E o facto de alguns dos clubes serem diferentes do futebol de onze, dava outra expectativa, uma vez que os “patrões” apostavam mesmo na prova, largando os cordões à bolsa e chamando reforços vindos da China ou de Hong Kong.
Lam Pak, Monte Carlo e outros nomes conhecidos do “bolão”, não deixavam de formar bons plantéis, mas outros clubes apareciam com idênticas ambições, em praticamente todas as três divisões.
Tudo é agora diferente e, pelos vistos, para pior.
A actual equipa dirigente da Associação, chefiada por Chong Coc Veng, quis “revolucionar o sistema”, com intenção de modernizar uma modalidade que, para alguns, estaria a necessitar de se adaptar a tempos modernos.
Só que a “revolução” está à vista e este período de transição (que muitos esperam para melhor…), tem custado espectadores e até equipas, como foi o caso do “boicote” protagonizado por três formações anteriormente inscritas, Monte Carlo, Heng Tai e Vá Luen.
Está efectivamente menos interessante o campeonato de bolinha, mas os dirigentes associativos prometem revitalizar a modalidade. Já no próximo ano. Resta saber como.

Hoi Fan invicto
garante apuramento

Por enquanto, decorre o campeonato só com cinco equipas, quatro das quais irão estar presentes nas meias-finais. Talvez por isso o entusiasmo dos adeptos tem sido muito menor, uma vez que apenas um conjunto irá ficar de fora da discussão do título.
“Reconheço que há muito menos gente nas bancadas para assistir aos desafios da prova da bolinha”, palavras de Francisco Rosário, jogador do Hoi Fan, no final de mais uma jornada, em que a sua equipa obteve a segunda vitória e garantia, por isso, o apuramento para os “últimos quatro”, aqueles que vão lutar pelo primeiro lugar.
“Mas nós, os jogadores, estamos ali para dar o nosso melhor e para proporcionar bons espectáculos.”
O Hoi Fan tem sido a equipa sensação, comandando a bolinha com sete pontos, sem qualquer derrota (um empate e duas vitórias), à frente do principal favorito, Lam Pak, que tem um triunfo e um empate (quatro pontos) , em igualdade com o Clube Desportivo da Polícia de Segurança Pública. Sub 21 ocupam a derradeira posição com dois desaires e por isso zero pontos.
“Estamos talvez a jogar melhor do que fizemos ao longo do campeonato de futebol de onze. Mas é diferente, aqui são menos jogos, apesar de ser mais equilibrado. Todos querem ganhar”, referiu o capitão do Hoi Fan, que para o desafio da qualificação, face ao Vong Chiu, só contou com um dos reforços da China e sem outros portugueses.

Restrições de vistos
afecta o plantel

No que diz respeito aos habituais jogadores da China, que ajudaram a uma época positiva no “bolão” (terceiro lugar logo a seguir a Monte Carlo e Lam Pak e ainda conquista da Taça de Macau), é dificil, nesta altura dos Jogos Olímpicos, garantir vistos para toda a gente.
“Temos de equilibrar as coisas e evitar a chamada dos chineses, até porque nesta primeira fase o objectivo é simplesmente a qualificação para as meias-finais. Mais tarde se verá, mas vamos tentar trazer o máximo possível de elementos chineses, para dar maior consistência à equipa”, concluiu Francisco Rosário.
O Hoi Fan derrotou outro dos credenciados, Vong Chiu, por uma bola a zero (golo do jovem Kwok Siu Tin, num grande pontapé de longa distância na cobrança de um livre directo.
Os três pontos, muito suados, deram o acesso imediato à fase seguinte.
Face aos resultados, tudo se conjuga para que sejam os Sub 21 a ficar pelo caminho.
Não há assim para já surpresas, tudo apontando para Lam Pak, Polícia e Vong Chiu, possam acompanhar o Hoi Fan nas meias finais da bolinha.

Ninguém quer
jogar com Lam Pak

A questão, que não deixa de ser importante, está em saber quais as posições no final deste “todos-contra-todos”, uma vez que o primeiro defrontará o quarto e o segundo encontrará o terceiro.
“Queremos evitar o Lam Pak, uma vez que é a equipa teoricamente mais perigosa, mas é dificil de prever”, disse Francisco Rosário.
No que diz respeito ao encontro da terceira ronda, o Hoi Fan voltou a não permitir a vitória ao Vong Chiu, clube com quem ainda não perdeu esta temporada. Empate e triunfo no campeonato de onze, vitória na Taça e agora mais um êxito na bolinha.
O Vong Chiu, que tinha empatado no seu primeiro desafio face ao Lam Pak, apostou tudo neste encontro, colocando quatro estrangeiros, mas não foi feliz.
Voltou a desperdiçar várias oportunidades, uma delas por Galeano, a um metro da baliza, já na segunda metade, acabando surpreendido pela pelo livre de Siu Tin e pelo contra-ataque do adversário, que sem dúvida uma das principais “armas” do Hoi Fan.
Na outra [artida da jornada, resultado normal e esperado, 2-0, a favor do Lam Pak, com golos de Ieong Hei Chi (jogador de Hong Kong) e de Mok Kin Fong, tentos apontados ainda no decorrer da primeira parte.
O campeonato da bolinha prossegue esta semana com os jogos Sub 21-Vong Chiu (quinta-feira) e Lam Pak-Polícia (sexta), ambos às 21 horas.

Misto do Monte Carlo
em terceiro na China

O Monte Carlo, com poucos jogadores do seu plantel, terminou em terceiro lugar no Torneio do Shaoguan (China), que ontem terminou.
O Monte Carlo apenas utilizou quatro dos seus elementos do plantel (Domingos Chan, Ho Wai Tong, Paulo Chieng e um segundo guarda-redes), a que se juntaram futebolistas de outras formações, em especial os cedidos pelo Lam Pak (Chiang Tak Kin, Lam Ka Kai e Che Chi Man).
A equipa mista, onde igualmente actuou Ka Li Man, perdeu no primeiro jogo com a Universidade de Taiwan por 5-1 e já na atribuição dos terceiro e quarto classificados, derrotou a equipa local por 2-1.
Depois do triunfo sobre o FC Osaka (1-0) na deslocação ao Japão, foi uma boa oportunidade para os jogadores de Macau ganharem mais experiência além-fronteiras.

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