Macau Studio City: Taubman aposta em marcas de luxo para atrair consumidores chineses
Depois dos casinos, o comércio de luxo
85 mil metros quadrados, 2 andares, 140 lojas. A Taubman deu ontem a conhecer a maqueta do novo centro comercial que será integrado no projecto Macau Studio. Marcas como Versace, Ermenegildo Zenga ou Gucci piscam o olho "ao cada vez maior apetite" dos chineses pelos produtos de luxo
Rui Cid
Depois dos casinos, o comércio de luxo
85 mil metros quadrados, 2 andares, 140 lojas. A Taubman deu ontem a conhecer a maqueta do novo centro comercial que será integrado no projecto Macau Studio. Marcas como Versace, Ermenegildo Zenga ou Gucci piscam o olho "ao cada vez maior apetite" dos chineses pelos produtos de luxo
Rui Cid
"Macau é cada vez menos só um lugar de jogo e tornar-se-á, em breve, na Meca das compras". A afirmação é de Morgan Parker, presidente da Taubman Asia, que deu ontem a conhecer os planos da empresa para um mega centro comercial incluído no projecto Macau Studio, e que será o centro comercial com maior concentração de lojas de luxo do continente asiático.
Este empreendimento, com abertura prevista para 2011, e que irá juntar, num espaço de 85 mil metros quadrados, dividido por dois pisos, marcas como a Gucci, Burberry, Dolce & Gabbana, Alfred Dunhill, Prada ou Versace - que terão as chamadas flagship stores, ou seja lojas que as próprias marcas encaram como "jóias da coroa" - é visto pela Taubman como a melhor forma de capitalizar o "crescente apetite para o luxo dos chineses", tendo a escolha recaído na RAEM, como explicou Morgan Parkerm pelo facto de Macau ser o local da Ásia onde o mercado nesta área cresce mais rapidamente.
Perante uma vintena de jornalistas e convidados que assistiu à apresentação do projecto na sede da empresa em Hong Kong, o responsável máximo da Taubman na Ásia considerou que Macau e HK são a ponte de ligação perfeita com o mercado chinês.
" Hoje em dia, os consumidores da China já representam, 18 por cento das vendas de produtos de luxo a nível mundial, e nos próximos 6 anos devem ultrapassar os consumidores europeus e norte-americanos", sublinhou Morgan Parker.
Para o presidente da Taubman, a grande vantagem deste projecto em relação a outros - nomeadamente o Wynn e o Sands - que estão há mais tempo no território é, alem da concentração num único espaço das maiores marcas de luxo do mundo, a maneira como o centro foi pensado.
" Os nossos designs estão de acordo com a psicologia humana, a necessidade de nos sentirmos confortáveis num espaço, de nos sabermos orientar. É do senso comum que se as pessoas não tiverem um linha de visão desimpedida para as lojas, provavelmente nem sequer lá entram. Na Taubman ao desenharmos um shopping temos uma regra a que chamamos 80/80. Isto quer dizer que, no mínimo, precisamos que em cada visita que fazem ao centro comercial 80% das pessoas passe por 80% das lojas. O que fazemos é construir uma estrutura circular que não obrigue as pessoas a terem que escolher se vão para a direita ou para a esquerda", detalhou.
Parker recorre ainda à estatística para reforçar que a concorrência não o preocupa:" quando terminarem os projectos previstos para o COTAI, Macau terá, por cada quarto de hotel, cerca de 46 metros quadrados de área comercial. Las Vegas tem mais do dobro desse valor. Há, por isso, margem para o comercio crescer."
O pouco mais de meio milhão de habitantes na RAEM, obriga a que o investimento da Taubman seja totalmente virado para os turistas, principalmente os que chegam do continente chinês. As contas da empresa basearam-se nas estimativas que apontam para que em 2010 passem por Macau cerca de 40 milhões de pessoas, um número que pode sofrer alterações se forem confirmadas os rumores que dão conta da possibilidade de o governo de Pequim limitar a autorização de visitas ao território para uma a cada seis meses. Uma noticia que Morgan Parker encara com grande optimismo: "Não sei se por acaso, ou de forma brilhante, a China, com esta medida pode resolver um dos grandes problemas de Macau - o tempo médio de permanência de cada turistas. Actualmente essa percentagem é muita baixa, mas, provavelmente, o que acontecerá no futuro é que como as pessoas vão poder ir menos vezes à RAEM, terão tendência permanecer mais tempo. Ora quanto mais tempo passarem em Macau, mais tempo vão ter para fazer compras!"
Optimismo e confiança marcaram o tom do discurso de Morgan Parker, e nem mesmo o eterno problema da falta de mão de obra com que Macau se debate faz abalar as convicções do presidente da Taubman:" Penso que essa é uma questão que se vai resolver por si própria. É claro que estamos atentos, é uma das nossa prioridades, mas acredito que o mercado se vai ajustar, à medida que as autoridades na RAEM investem na especialização dos trabalhadores. Neste caso, é para nós uma vantagem não termos sido os primeiros a investir. Apareceu um problema, está-se a trabalhar numa solução e quando nós chegarmos acredito que as coisas vão estar resolvidas".