24.8.08

Nélson Évora vence concurso de triplo salto com 17,67 metros
Quarto ouro português ao quarto salto

Nelson Évora conquistou hoje a quarta medalha de ouro portuguesa na história dos Jogos Olímpicos, a 22ª no total, ao vencer o concurso do triplo salto de Pequim2008, com 17,67 metros no quarto ensaio.
Dois dias depois de a também favorita Naide Gomes ter falhado a qualificação para a final do salto em comprimento, Nelson Évora, campeão do Mundo em Osaca2007, fez um concurso quase perfeito, que só não comandou após o primeiro e o terceiro saltos.
Mas esteve sempre na zona do pódio, pois após o primeiro e o terceiro ensaios era o segundo e o terceiro classificado, respectivamente, e decidiu tudo a seu favor no quarto salto, ao ficar a apenas sete centímetros do recorde nacional com que foi campeão mundial.
Depois de Carlos Lopes ter ganho a maratona em Los Angeles1984, de Rosa Mota ter vencido a mesma prova em Seul1988 e de Fernanda Ribeiro se ter imposto nos 10.000 metros de Atlanta1996, Nelson Évora, nascido há 24 anos em Abidjan, é o quarto português campeão olímpico, com a particularidade de todos serem do atletismo.
Disputado com uma temperatura de 21º graus, 87 por cento de humidade e chuva ligeira, o concurso começou a ser liderado pelo britânico Phillips Idowu, que fez 17,51 metros a abrir, seguido de Nelson Évora, com 17,31 no primeiro salto, e do cubano Arnie David Girat, com 17,27.
Mas o português passou para a frente logo no salto seguinte, ao conseguir 17,56, a sua melhor marca do ano – batendo os 17,34 que lhe tinham dado a qualificação para a final, enquanto Girat passava para segundo, com um recorde pessoal de 17,52, e Idowu se ficava pelos 17,31.
Évora fez nulo no terceiro ensaio e caiu de primeiro para terceiro, pois foi passado por Idowu, que fez uma melhor marca pessoal do ano de 17,62, e por Leevan Sands, que passou pela primeira vez a marca dos 17,00, estabelecendo um recorde das Bahamas de 17,59.
Após os três primeiros saltos, os quatro melhores estavam separados por apenas 10 centímetros, com Girat em quarto com 17,52, enquanto o quinto era o romeno Marian Oprea com os 17,22 conseguidos no primeiro salto, ao qual se seguiram dois nulos.
Mas, Évora colocou-se em definitivo no comando ao quarto salto, já só com os oito primeiros em prova: com uma chamada a 13 centímetros da tábua, alcançou uma nova melhor marca pessoal do ano de 17,67 e ficou só a sete centímetros do recorde nacional que fixou em 27 de Agosto de 2007 em Osaca, Japão.
Idowu arriscou, fez o seu primeiro nulo e caiu para segundo, enquanto Sands, agora terceiro, e Girat também não melhoraram e Oprea manteve o quinto lugar, apesar de fazer o terceiro nulo seguido.
Girat anulou o quinto ensaio e, logo depois, Évora, que voltou a pedir a colaboração do público durante a concentração, fez uma chamada no limite e voltou a passar os 17,00, mas não melhorou o registo, fazendo 17,24.
Sands fez 17,32 e o excêntrico Idowu voou com a sua cabeleira encarnada “apenas” até à marca dos 17,26, pelo que ambos continuaram atrás do português à entrada para o último ensaio.
Oprea voltou a fazer um salto válido, mas apenas de 16,69, Girat ficou fora das medalhas ao ficar-se pelos 17,08 e Sands anulou a sua tentativa, antes de Idowu também falhar claramente o salto, com 16,41: Nelson Évora era campeão olímpico ainda antes de fazer o sexto salto.
Visivelmente emocionado, cobriu várias vezes a face com ambas as mãos, numa tentativa de esconder as lágrimas que já lhe fugiam dos olhos, e correu apenas para uns curtos 16,52, o seu pior salto da noite, descontando o nulo no terceiro ensaio.
Depois, já sem preocupação de esconder as lágrimas, correu para um abraço ao treinador João Ganço, cumprimentou os adversários, a começar pelo brasileiro Jadel Gregório, e fez esvoaçar a bandeira nacional na pista, cumprimentando pessoalmente alguns espectadores nas bancadas.


CAIXA
O porta-bandeira não desiludiu

O saltador português Nélson Évora conquistou ontem a primeira medalha de ouro nos presentes Jogos Olímpicos para Portugal, juntando-a ao inédito título mundial que tinha conquistado em Osaca, no Japão, em 2007.
Nélson Évora, porta-bandeira de Portugal nos Jogos, alcançou assim o grande objectivo com que partiu para estes Jogos, numa final muito disputada e em que venceu com um salto de 17,67 metros, melhor marca mundial do ano e com mais cinco centímetros que o segundo, o britânico Philips Idowu (17,62).
O atleta português tornou-se um nome definitivamente reconhecido pelos portugueses quando em 2007 conquistou para o país um inédito título mundial de triplo salto, ouro que repete agora em Pequim2008.
Em Osaca, 17,74 metros confirmaram uma progressão de invulgares 51 centímetros em 2007 (anterior recorde pessoal era de 17,23) e conferiram-lhe um estatuto e responsabilidade internacionais, que acabou por confirmar nos Jogos.
Nelson Évora, que em Atenas2004, com 20 anos, foi apenas 40º (sofreu uma lesão semanas antes da competição), tem a favor a juventude e margem de progressão.
O jovem, filho de cabo-verdianos e nascido na Costa do Marfim, onde o pai trabalhava, chegou a Portugal com cinco anos e pouco depois já treinava com João Ganço, o seu treinador de sempre.
Aos 15 anos saltava 1,98 metros em altura, mas uma lesão obrigou-o a optar pelo comprimento e triplo salto, disciplinas em que manteve desempenhos de excelência. Naturalizou-se português aos 18 e, aos 19, foi campeão europeu júnior nas duas especialidades.

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