18.8.08

Serviços de saúde ignoraram pedidos para funcionários participarem na cerimónia de pré-abertura dos Jogos Olímpicos
Vira, que não virou

Dois dos quarenta elementos do Grupo de Danças e Cantares não partem hoje para a capital chinesa onde deveriam participar na actuação do grupo folclórico na cerimónia de pré-abertura das Olimpíadas. As necessárias dispensas de serviços não chegaram, e os requentes não foram sequer informados, sabendo apenas por via não-oficial. João Fonseca, coordenador do grupo, fala em “atitude descriminatória.”

Alfredo Vaz

Até ontem tudo parecia correr bem. Os 40 elementos do grupo viviam na azáfama dos últimos preparativos para uma viagem inolvidável: participar – oficialmente – nas actividades culturais das suas olimpíadas, os Jogos Olímpicos de Pequim. Mas, estranhamente, os dias foram passando sem que os dois elementos que trabalham para os Serviços de Saúde recebessem qualquer resposta ao pedido de dispensa “que apresentaram dentro dos prazos legais”, garantiu ao PONTO FINAL João Fonseca, professor da Escola Portuguesa, e coordenador do Grupo de Danças e Cantares de Macau (GDCM). João Fonseca diz-se “magoado” e fala mesmo em descriminação. “Pensamos que é uma atitude descriminatória em relação a outros funcionários públicos” uma vez que todos os serviços, e ainda por cima sob tutela do mesmo secretario, Fernando Chui Sai On, autorizaram as pessoas – os seus funcionários - a deslocarem-se através de dispensa oficial.” O professor sublinha que “esta delegação representa oficialmente a RAEM – o Instituto do Desporto” convidou-nos para estar presente na cerimónia de abertura.”
João Fonseca assegura que os pedidos de autorização foram feitos no cumprimento estrito dos prazos legais: “os pedidos foram feitos a tempo, e todos os outros serviços responderam a tempo e a horas, este foi o único serviço que apresentou dificuldades”, de entre um grupo com 40 pessoas provenientes dos mais diferentes sectores laborais, do público ao privado. Para o coordenador do grupo o que está em causa é uma alternativa: “se tudo tivesse sido comunicado com antecedência, nós poderíamos resolver os problemas através de alternativas, mesmo superiores. Eu acho que não foram medidas bem as consequências da não-autorização destas duas pessoas. Não estamos a falar de uma saída para nós irmos passear, nós vamos trabalhar – e muito – em Pequim, não vamos passar férias. É isto que nos magoa, o nosso grupo foi coertado em duas pessoas porque um serviço não percebeu a importância – diria até politica – de um evento desta importância que é única, é essa a nossa mágoa”, lamentou ao PONTO FINAL.
João Fonseca frisa que o grupo vai integrado numa delegação oficial da RAEM, e que “terá a grande responsabilidade, juntamente com a delegação de Macau, de representar o melhor que sabe e o melhor que pode – nuns Jogos Olímpicos e numa cerimónia de abertura . Este é um acto único na vida da RAEM, um acto único na vida das pessoas que vão estar presentes. Logo, esta decisão devia ter sido pensada, devia ter sido bem meditada pelos responsáveis que não deixaram ir estas duas pessoas.”
O facto das autoridades responsáveis terem deixado o tempo correr - e não terem tido a coragem ou disponibilidade de avançar com uma resposta - causa também estranheza e revolta no seio do grupo: “Não faz sentido, na véspera da sua ida, quando as pessoas estiveram tantos meses a ensaiar, que saibam – aliás nem souberam ainda oficialmente, só particularmente – que não estão autorizadas a ir, a não ser que peçam férias”, observou o responsável. “Se a decisão tivesse sido anunciada atempadamente, as pessoas teriam tomado as suas opções, ter-se-iam preparado e estudado as suas opções. Agora, independentemente da boa vontade, ou então se a pessoas têm ou não férias disponíveis, eu penso que não é correcto invocar as razões – porque nós não sabemos as razões – e forçar as pessoas a optar pelas férias, quando todos os outros serviços públicos e privados disponibilizaram-se e não puseram quaisquer obstáculos.”
João Fonseca diz que – apesar de tudo - a moral está boa: “...mas logicamente ficamos tristes se elas não forem – ou se uma delas não for – é uma grande pena. Claro que isto nos cria problemas de logística, temos que fazer acertos, que são sempre necessários. Isto é como uma equipa de futebol, todos os elementos são importantes, não é só o que marca o golo, todas as pessoas são importantes, porque isto é um grupo, e o nosso espírito é este. Tentamos que este episódio não nos abale psicologicamente, mas é sempre desagradável. Imagine o que vai no coração das pessoas que deram o máximo e que à última hora não tiveram uma alternativa. Porque o que está em causa é uma alternativa”, repetiu Fonseca ao PONTO FINAL.
Os responsáveis do grupo receberam instruções do Comité Organizador dos Jogos para manterem em segredo os contornos da actuação. João Fonseca levanta a mais pequena das pontas do véu – a que pode – para confirmar que o espectáculo durará três minutos “como deve imaginar é tudo sempre a entrar e a sair, é um grande espectáculo com muitas actuações”, onde haverá uma componente portuguesa e outra de Macau Não será música chinesa na sua expressão popular, mas será uma adaptação à Macau. A música portuguesa é a música tradicional. Agora qual, como é que vai ser...isso a gente não pode dizer. No fundo uma coreografia de música dança com uma componente cultural chinesa de Macau e uma componente portuguesa.

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