18.8.08

SJM garante que mecanismos de combate à lavagem de dinheiro são “eficazes”
“Somos exemplo internacional”

Macau serve de exemplo e de referência na praça internacional no que aos mecanismos de fiscalização e lavagem de dinheiros diz respeito, assegurou ao PONTO FINAL Frank MacFadden, presidente para as “joint ventures” e desenvolvimento de negócios da SJM. Este responsável diz que a SJM – e Stanley Ho em particular - são alvo de uma campanha de desinformação, que tem origem nos próprios Estados Unidos

Nuno Mendonça
e Alfredo Vaz

Inveja? concorrência?; e/ou ou contra-informação? Frank MacFadden não acredita em coincidências, tem muitas reservas e aponta o facto das reportagens negativas sobre Stanley Ho terem começado a fruir na imprensa norte-americana quando as operadoras de jogos dos Estados Unidos ganharam as licenças para operar em Macau.
Os comentários do executivo da SJM surgiram a propósito de um artigo do Jornal The Ledger que referia que quatro homens
da comissão do jogo de Nova Jérsia – que investigaram a família de Stanley Ho para aquela agência do governo, mas também para uma empresa recrutada pela Las Vegas Sands - citaram Stanley Ho como tendo afirmado que o sistema combate à lavagem de dinheiro na RAEM estava “falido.” De acordo com o jornal, Stanley Ho teria dito aos investigadores que “há indícios de conluio entre alguns dos maiores jogadores e funcionários da sua própria empresa” e que o combate à lavagem de dinheiro na RAEM “é ineficaz.” Ontem, em entrevista ao PONTO FINAL, Frank MacFadden, disse – categoricamente - que não acredita que o magnata do jogo tenha tido qualquer coisa vagamente semelhante, e que o sistema de combate está bem e de boa saúde e que é até “exemplo internacional” pelo “rigor e efectividade dos mecanismos de controle e fiscalização: “A SJM é alvo de auditorias por parte da empresa Deloitte Touche, duas vezes por ano. Digo-lhe mesmo que o processo de monitorização aqui em Macau é bastante mais rigoroso do que no estado do Nevada. São-nos feitas auditorias de seis em seis meses por uma terceira parte, e vamo-nos tornando melhores e mais rigorosos. Aliás, o nosso sistema, o que usamos na SJM, é muitas vezes citado como exemplo de como as coisas devem ser feitas, até nos próprios Estados Unidos. Para além disso as empresas listadas na bolsa são ainda sujeitas a uma fiscalização pelas próprias instituições, que lhes reportam directamente. Portanto, não acredito que Stanley Ho tenha dito isso à comissão investigadora.” MacFadden acredita sim que há uma campanha de desinformação orquestrada, e que esta tem origem nos Estados Unidos: “ Repare que as principais notícias críticas de Stanley Ho têm origem em órgãos de informação dos Estados Unidos. Assim que começou a competição (liberalização do sector do jogo, atribuição de licenças e chegada e instalação das operadoras norte-americanas) começou esta chuva de ataques. (Se reparar) ninguém fala das suas mais valias, das coisas boas. Que Stanley Ho é um grande benemérito, dos maiores de Macau, Hong Kong e de Portugal, quem tem uma série de comendas e distinções: do Papa, da Coroa Britânica, do Primeiro-Ministro e do Presidente de Portugal, entre tantas outras. São só comentários negativos, o que não me parece justo. Repare que ele nunca foi acusado judicialmente de alguma infracção. Não estou a dizer culpado, nunca foi sequer constituído arguido em toda a sua vida, e ainda assim assistimos a esta campanha”, observou o presidente para as “joint ventures” e desenvolvimento de negócios da SJM.

Qualidades de Macau “são subestimadas”

MacFadden pronunciou-se também sobre a fixação de uma tecto na comissão a pagar aos ‘junkets’, os angariadores dos grandes jogadores, aqueles que mais dinheiro dão a ganhar às operadoras. A SJM esteve sempre na linha da frente dos que reclamavam a fixação de um valor – que o Governo determinou ser de 1,25 por cento- acusando a Las Vegas Sands de ter incendiado o mercado ao inflacionar o valor das comissões. O responsável diz acreditar, com grande convicção, na capacidade de controlo efectivo por parte das autoridades locais: “Para lhe dizer com toda a sinceridade e franqueza, acho que as pessoas subestimam o papel e a capacidade do Governo (de Macau). Não acredito que o Executivo pusesse cá fora uma legislação com buracos. Acho que será efectiva, à prova de manipulações. Para além disso, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos tem nos seus quadros pessoas com enorme experiência, acha que o Jorge Oliveira (Coordenador da Comissão de Jogo) e a sua equipa de juristas não estão atentos? Para além de que eles contrataram também uma equipa de auditoria. Este é o lado institucional da questão. Por outro lado, e estando as empresas cotadas na bolsa, há também essa fiscalização. Acha que alguém poria em risco o seu valor de mercado para ganhar mais uns milhões por debaixo da mesa, por mês? O ganho não compensa o risco. As perdas seriam não só financeiras, como também de reputação pondo em perigo futuros investimentos. E há ainda uma oligarquia competitiva: nós faremos uma monitorização dos nossos concorrentes, como eles a exercerão sobre nós. E Macau é uma terra pequena, onde tudo se sabe, onde não há segredos. Resumindo: se juntar a fiscalização institucional (local), as auditorias locais e internacionais, o dever de honestidade das companhias, o facto das empresas estarem listadas em bolsa, a oligarquia competitiva e o facto de ser muito difícil guardar segredos numa comunidade pequena, penso podemos acreditar na aplicação rigorosa e efectiva da lei. Há muito cinismo quando se fala desta questão, mas se olharmos objectivamente, asseguro-lhe que ninguém correrá esse risco.”

Tudo legal

Frank MacFadden fez ainda questão de esclarecer as dúvidas em torno da aprovação dos novos projectos da companhia, anunciados como cartão-de-visita da SJM quando do lançamento da oferta pública inicial para a cotização da empresa na bolsa de Hong Kong, no início deste mês. As dúvidas residem no facto dos projectos terem sido anunciados pela primeira vez ao público apenas cerca de dois meses depois do Chefe do Executivo ter anunciado na Assembleia Legislativa um congelamento a novos projectos da indústria do jogo: “Em relação a este projecto em concreto, da remodelação do Lisboa, essa questão não se põe, é uma remodelação (pura e simples). Já quanto ao Oceanus, utilizará a licença que estava entregue à STDM para o casino Jai Alai (que será deitado abaixo, para ali crescer parte do novo complexo).
O Pérola, no COTAI, foi submetido a aprovação há muito tempo, muito antes do anúncio do congelamento. As únicas observações que nos foram feitas são de pormenor, têm a ver com as entradas e número de lugares para estacionamento, é um trabalho em progresso.” MacFadden diz que é natural que o processo levante algumas dúvidas; “Não se trata apenas de clarificar junto da imprensa (mas através dela o público em geral). Penso que é uma questão de perceber os conceitos: o que é uma moratória, quando é que ela entra em vigor. Continuaremos a avançar com os projectos, a menos que recebamos instruções em contrário da Administração de Macau. Penso que não há problemas em relação a todos os projectos que foram submetidos a aprovação do Governo antes do anúncio da moratória (congelamento anunciado pelo Chefe do Executivo na terceira semana de Abril, na Assembleia Legislativa)

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