21.8.08

Vários sectores da sociedade debateram Plano Conceptual do CEEDS
"Macau precisa dos novos aterros"

Apesar da população ser contra a construção de mais aterros, o CEEDS voltou afirmar que estes são mesmo para avançar, embora com "cautelas". A terceira reunião de consulta sobre o Plano Conceptual para o Desenvolvimento Urbano de Macau levou ao Centro de Actividades Turísticas 150 pessoas de várias sectores da sociedade

Rui Cid

Vários pedidos para uso da palavra tinham chegado, nos dias anteriores à consulta de ontem, às mãos do Centro Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento Sustentável(CEEDS). Não foi, por isso, de estranhar a presença de 150 pessoas, de diversos sectores da sociedade, que encheram por completo a sala de reuniões do centro de actividades turísticas para mais uma - a terceira - reunião de consulta sobre a estrutura do plano conceptual para o desenvolvimento urbano de Macau. Devido ao elevado número de inscrições para intervenções, estas estavam limitadas a uma duração máxima de cinco minutos.
Os primeiros resultados da consulta que o CEEDS tem levado a cabo junto da população - que decorre até 20 de Setembro - mostram que grande maioria dos residentes locais não concorda com a construção de mais aterros, e, como tem sido, habitual, esse foi um dos temas que mais centrou a atenção dos intervenientes que, em relação a esta matéria, se mostraram favoráveis às ideias apresentadas no plano.
O deputado Leong Tou Hong começou por afirmar que, apesar da vontade da população, "a RAEM precisa, de facto, de avançar para a construção de mais aterros, sem os quais a cidade não vai, no futuro, poder continuar a desenvolver-se".
No fundo Leong Tou Hong estava a pôr o dedo numa ferida para a qual Macau está, há muito, alertada - a falta de espaços. Já anteriormente Lou Sai In tinha tocado nesta questão. O arquitecto sublinhava importância da construção de novos espaços de modo a melhorar a qualidade de vida da população, ao mesmo tempo que referia que "mais do que servir para corrigir erros do passado, este plano serve para os evitar". A estas preocupações, os representantes do CEEDS garantiram que seriam cautelosos na hora de avançar com os projectos para os aterros: "sabemos que é um assunto melindroso, há preocupações ambientais e vamos fazer estudos para podermos encontrar o ponto de equilíbrio com o meio ambiente."

"RAEM deve aproveitar o mecanismo
existente para a cooperação regional"


Para muitos especialistas a resolução do problema da falta de espaços no território passa pela exploração da ilha da montanha, uma solução que o plano também preconiza. Ontem, a questão, como não podia deixar de ser, voltou à baila logo a abrir a reunião. Chan Kin San, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Macau, teve a honra de ser o primeiro interveniente a usar da palavra e referiu que antes de se avançar para a exploração da Ilha da Montanha há que esclarecer questões legais: "Desde logo há uma pergunta a fazer. Que tipo de direito excrescerá na ilha? Direito de Governação ou Direito de Utilização? explorar-se-á apenas o terreno, ou Macau ficaria a administrar a Ilha da Montanha?"
Tal como já tinha afirmado em diversas ocasiões, Daniel Tse Chi Wai, coordenador do CEEDS, voltou a afirmar que este é não é um questão simples, uma vez que não depende de Macau, mas sim do governo central da China. Ainda assim, Tse Chi Wai não deixou de considerar que a RAEM deve assegurar os seus direitos, sem esquecer o das outras regiões. Já depois de o arquitecto Wong Chan Man ter lançado a ideia que o território deve aproveitar-se da sua localização geográfica para estender a sua cooperação com as regiões do Delta, e não só com HK e Zhuhai, Daniel Tse Chi Wai sublinhou que a RAEM deve saber aproveitar o mecanismo já existente para a cooperação regional.

"Seguir o exemplo do Japão
e aproveitar o subsolo"


No plano conceptual, a reforma do sector dos transportes é encarada como prioritária e ontem esta ideia foi aplaudida por um representante da Transmac, uma das duas empresas a operar serviços de autocarros em Macau. Ao So Meng aproveitou para considerar que o primeiros passos dessa reforma devem ser um plano de trânsito a longo prazo: " quando se começarem a construir os novos aterros, as autoridades devem reservar ruas para os transportes públicos, depois há que pensar num plano para unir as várias rodovias, assim como articular a ligação entre os vários transportes públicos, metro e táxis."
Em relação ao intenso trânsito rodoviário da cidade, Leon Tou Hong mostrou-se preocupado com o impacto provocado na qualidade de vida da população. O deputado sugeriu que Macau seguisse o exemplo do Japão e apostasse na construção de infra-estruturas subterrâneas: " a pressão do trânsito na população seria minimizada e passar-se-ia a ter mais espaço à superfície". Em resposta ao deputado, os representantes do CEEDS frisaram que " existem poucos estudos sobre as características do subsolo do território."

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