15.9.08

Ajuda importante para os Jogos de Londres, em 2012
Macau recebe apoio financeiro
dos Paraolímpicos da Grã-Bretanha


Mais do que os resultados, modestos, da edição de Pequim, o desporto para deficientes de Macau vai lançar projecto para o futuro imediato. A Grã-Bretanha apoia financeiramente. Jogos da Lusofonia vão ter, pela primeira vez, os seus Paraolímpicos, por enquanto apenas dedicados ao atletismo

Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

A participação de Macau nos Jogos Paraolímpicos de Pequim não se tem ficado apenas pela presença de dois atletas em provas de natação e atletismo.
Os seus dirigentes, com maior destaque para António Fernandes, chefe de missão, presidente do Comité Paraolímpico de Macau e ainda presidente da Associação Desportiva e Recreativa dos Deficientes, procuram contactos e experiências com outras delegações, para que no futuro o desporto reabilitado do território se possa desenvolver e aprender com países com grande experiência nesta área.
A República Popular da China, aqui ao lado, pode ajudar e muito. Mas as condições financeiras não são as melhores e só agora os paraolímpicos chineses se abriram ao mundo, como se tem visto nestes Jogos de Pequim, com muitas medalhas de ouro já conquistadas.
Mas há outros países que estão nestas andanças há muitos e muitos anos, com resultados sempre positivos e uma dedicação pouco vulgar à causa dos deficientes. A Grã-Bretanha é um exemplo a seguir.
Uma grande parte da comitiva britânica esteve em Macau para efectuar vários estágios, o último dos quais a cerca de uma semana do início destes Jogos Paraolímpicos.
Os dirigentes terão ficado sensibilizados com a recepção e as condições oferecidas na RAEM e decidiram então contribuir, mesmo financeiramente, para o desenvolvimento da causa em Macau, concretamente ajudar na criação de um grupo de trabalho tendo em vista os Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012.

Contactos importantes
com outras delegações

Esta é a grande novidade da delegação de Macau, mais do que os resultados modestos que têm sido obtidos pelos dois atletas, um no atletismo, Kwong Sui Ieng (décima quarta e última classificada na final do lançamento do peso feminino, com recorde macaense, 5 metros e vinte centímetros) e Au Loi Si (natação, também na cauda da sua série de apuramento nos 100 metros livres).
António Fernandes tem procurado estreitar laços com outras comitivas e graças a diversas reuniões de trabalho, os contactos surgem, com troca de experiências.
“Eu tinha já pensado na possibilidade de criarmos um grupo especial de trabalho para iniciarmos, desde já, a nossa participação na competição de daqui a quatro anos, em Londres. Mas esta ajuda de cerca de 300 mil patacas, que até pode vir a ser maior, por parte dos dirigentes da Grã-Bretanha, só vem reforçar os nossos objectivos a curto prazo”, palavras de António Fernandes, desde Pequim, ele que é um dos principais “carolas” do desporto para deficientes do território, fundador da respectiva Associação.

Mais lugares nos Jogos
só com saídas ao exterior

O antigo enfermeiro tem acompanhado há vários anos as delegações de Macau ao exterior, quer nas provas realizadas no interior da China, quer na principal actividade a nível asiático, Os Jogos Fespic, onde os atletas da RAEM se têm destacado, alcançando diversas medalhas.
“Precisamos de facto de mais contacto internacional. Só Assim poderemos aspirar a mais quotas nos Paraolímpicos. Este ano conseguimos dois lugares, o que já não foi mau. O apoio de outros países será muito importante para o nosso desenvolvimento, a juntar aos auxílios que vamos granjeando internamente. Agora, surge o interesse da Grã-Bretanha em nos apoiar, o que muito nos agrada e sensibiliza. Eles querem retribuir a excelente resposta que Macau deu aos seus períodos de estágio antes destes Paraolímpicos de Pequim.”

Grã-Bretanha é exemplo
no apoio aos deficientes

Sabe-se que a Grã-Bretanha é um dos locais do mundo onde mais se aposta no desporto para deficientes. Existe mesmo um fundo especial que permite aos atletas britânicos prepararem-se condignamente para o maior evento mundial do género. Um orçamento que enche de inveja qualquer projecto de desporto “dito normal”. São muitos milhões de patacas.
E essa aposta vê-se nos resultados dos atletas deficientes que se deslocaram à capital da República Popular da China.
Na altura em que estávamos a escrever esta crónica, a comitiva da Grã-Bretanha tinha já obtido um total de 57 medalhas, com 27 de ouro, 16 de prata e 14 de bronze.
Só a China consegue melhor, totalizando 96 idas ao pódio (33-37-26). Os Estados Unidos seguem em terceiro, 44 (18-12-14), à frente de Austrália, 39 (11-14-14) e Rússia, 34 (11-12-11).

Começar desde já
trabalho intenso

Com esta abertura da Grã-Bretanha ao desporto reabilitado de Macau, que passa pela colaboração em termos de estágios de representantes macaenses que se desloquem a Inglaterra, António Fernandes vai agora fazer a proposta ao Governo, através do Instituto de Desporto, para que seja criado um projecto especial, tendo em vista um futuro imediato de competições, tendo em vista os Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012.
“Temos um horizonte de cerca de 10/12 atletas com condições para representar o território em provas mundiais e nos Jogos Paraolímpicos de daqui a quatro anos. Temos de começar a trabalhar para isso, ainda que se saiba que estamos a léguas do que se faz noutros países ou territórios. Nós somos cem por cento amadores. Os outros, os principais, são praticamente todos profissionais. Nós procuramos arranjar emprego para os nossos atletas. Eles, lá fora, dedicam-se diariamente aos treinos. Não há hipótese, por isso, de discutir resultados.”

Atletismo no programa
dos Jogos da Lusofonia

Macau tem vindo a dedicar-se nos últimos tempos à modalidade de boccia, que tem dado medalhas a Portugal nestes Jogos de Pequim. Mas ainda não tem condições para discutir posições de topo a nível internacional.
“Temos seis jogadores a trabalhar intensamente, com o apoio da China. É um desporto a ter em conta no futuro. Mas temos de garantir a presença em provas de nível mundial, tanto no boccia como noutras modalidades, para que possamos somar pontos para a nossa ascensão a um melhor ranking internacional, que nos permita ter mais quotas para os Paraolímpicos, que é sem dúvida o evento mais importante. Com a criação de um projecto especial tudo será mais fácil, pelo menos a qualidade vai ser outra no futuro e mais atletas terão acesso às grandes provas.”
António Fernandes fala também da presença, pela primeira vez, dos Paraolímpicos nos Jogos da Lusofonia. Lisboa/2009 irá ter atletas deficientes numa única modalidade, o atletismo.
“É pouco”, diz aquele dirigente de Macau, “mas já é um bom sinal. Mesmo assim, ainda irei tentar sensibilizar a organização dos Jogos da Lusofonia do próximo ano, para que outros desportos sejam introduzidos no programa.”

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