25.9.08

Corrida aos bancos: AMCM garante robustez financeira da banca
Rumores sem fundamento

Notícias de que algumas instituições bancárias estariam a passar por dificuldades financeiras originou uma autentica corrida aos bancos. A AMCM foi obrigada a intervir, assegurando que tudo não passava de "rumores sem fundamento". Apesar das garantias deste organismo e dos responsáveis do banco Weng Hang, às 8 da noite ainda se podiam ver dezenas de pessoas no interior de algumas instituições bancárias

Rui Cid

Não foram apenas os ventos fortes do Hagupit a abalar o território no dia de ontem. Ainda com o sinal número 8 içado, a cidade acordou com os rumores de que alguns bancos - Luso Internacional, Weng Hang e BCM- estavam a passar por dificuldades financeiras, o que originou uma autêntica corrida à banca.
Nas sedes dos bancos Luso Internacional e Weng Hang concentraram-se dezenas de pessoas que, preocupadas com as noticias acerca da sustentabilidade das instituições, só descansaram quando conseguiram levantar as suas economias, o que, em vários casos, só aconteceu depois das 8 da noite, tal o volume de pessoas que ao logo do dia acorreu aos bancos.
O facto de várias dependências, em toda a cidade, terem, por força da passagem do Hagupit pelo território, mantido as portas fechadas alimentou ainda mais a ideia de que algo de errado se estava a passar. Pensamento reforçado pela ideia de que na origem da crise local estavam os problemas que têm assolado algumas instituições de referência nos Estados Unidos.
Perante esta situação, a AMCM convocou os jornalistas, e foi o próprio presidente do organismo, Anselmo Teng, quem deu a cara para afirmar que o sistema bancário do território vive um período de robustez financeira e para assegurar que as noticias veiculadas de manhã não eram mais do que rumores sem "qualquer fundamento".
" A crise na América é incontornável, mas Macau não está a ser afectado. Peço às pessoas que não acreditem nestas noticias. Os bancos da RAEM estão a funcionar muito bem e os clientes têm que ficar calmos perante os rumores dos últimos dias. De facto algumas dependências não abriram portas, mas isso deveu-se a questões relacionadas com o tufão Hagupit que inundou algumas zonas da cidade", sublinhou o presidente a AMCM.
Recusando confirmar quais os bancos afectados pelos rumores, Anselmo Teng explicou que os activos do sector bancário de Macau no final de Julho totalizavam 387.000 milhões de patacas, dos quais apenas “menos de 200 milhões de patacas eram de activos do Lehman Brothers”, o banco norte-americano que anunciou um processo de falência e que gerou instabilidade nos mercados internacionais.

" Não excluímos a hipótese de fabricação maliciosa"

A primeira, e única, reacção oficial de umas das instituições afectadas surgiu ao final da noite por parte do Weng Hang. Em conferência de imprensa, o director geral do banco, Lee Tak-Lim, afirmou, para tranquilizar os seu mais de 100 mil clientes, que o Weng Hang não qualquer tipo de negócios com o Lehman Brothers nem com a AIG.
" Durante o dia de hoje, apercebemo-nos de rumores de que o Weng Hang tinha investimentos em instituições americanas, nomeadamente no Lehman Brothers e na seguradora AIG. Mas isso não é verdade", garantiu.
No comunicado que leu, Lee Tak-Lim revelou que apenas duas, das 13 dependências que o banco tem espalhadas pela cidade, não abriram em consequência de estragos provocados pelo Hagupit. O facto de o sinal 8 de tempestade ter sido baixado já depois das 9 da manhã, levou a que os serviços bancários só começassem o atendimento ao público a partir do meio dia, altura em que dezenas de pessoas começaram a acorrer aos vários balcões do banco.
" De facto, hoje registámos um elevado, e anormal, número de levantamentos. Não podemos avançar com números finais, porque a esta hora(20.30) ainda temos pessoas a ser atendidas. Todas elas vão receber o seu dinheiro, temos um capital de liquidez na ordem dos 5 mil milhões de patacas. Como podem ver não temos problemas dessa ordem", sustentou Lee Ta-Lim.
Instado pelos jornalistas a tentar explicar a origem dos rumores, o director geral assumiu que a instituição não exclui a possibilidade de "fabricação maliciosa" destas noticias.
" Não sabemos exactamente com que intenções, nem queremos entrar em especulações. Estamos a ponderar se vamos avançar com uma queixa e pedir uma investigação, para que os autores destes rumores possam ser responsabilizados", acrescentou.

HK também afectado

Não foi apenas Macau a sentir os efeitos dos rumores relacionados com os bancos. No vizinho território de Hong Kong, várias dezenas de pessoas concentraram-se nas instalações do Bank East of Asia, instituição que tem enfrentado noticias, negadas pelas autoridades da RAEK e pela própria instituição, de que estará a passar por dificuldades.
Entretanto, em declarações à agencia lusa, uma fonte bancária, não identificada, do território disse ser previsível que depois destes acontecimentos em HK, o mesmo venha a ocorrer na sucursal deste banco em Macau.
Recorde-se que, em Setembro de 2005, Macau assistiu a uma corrida a uma instituição bancária, quando o Banco Delta Ásia foi acusado pelo tesouro norte-americano de realizar operações de lavagem de dinheiro a favor do regime de Kim Jong-il.

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