8.10.08

Sexta-Feira, 26 de Setembro de 2008


ATFPM estima que 500 manifestantes saiam à rua no domingo

Protesto mascarado

Domingo os trabalhadores da função pública saem à rua para pugnarem pelos seus direitos. A ATFPM preparou máscaras para que aqueles que se quiserem manifestar, não o deixem de fazer com medo das "retaliações em que Macau é fértil"

Rui Cid

Promessa cumprida. Há pouco mais de uma semana, a ATFPM ameaçara sair às ruas caso o governo não atendesse duas reivindicações - estender a todos os trabalhadores da função pública os aumentos salariais (entre 15 a 20%) já previstos para as chefias e integrar os 2 professores despedidos de uma escola luso-chinesa.
Perante a indiferença do governo, a ATFPM decidiu convocar uma manifestação que sai à rua já no próximo domingo, conforme explicou, em conferência de imprensa o presidente da associação. De acordo com Pereira Coutinho, é esperada a presença de 500 manifestantes, que até podem ser mais, tendo a associação preparadas cerca de 2 mil mascaras para que quem quiser participar, não deixe de o fazer com medo de ser reconhecido.
"Macau é fértil em retaliações a pessoas tenham opiniões diferentes, distintas, ou critiquem o que se passa dentro da função pública. E a forma mais fácil para fazer essas retaliações é a não renovação dos contratos de trabalho. É por isso que não posso garantir com certeza quantos trabalhadores vão participar, mas uma coisa é certa, já preparamos 2 mil mascaras e mil chapéus para as pessoas se poderem disfarçar um pouco e não serem visionadas pelas câmaras de televisão ou pelas fotografias dos jornalistas", justificou o presidente da associação.
Aproveitando a presença da comunicação social, Pereira Coutinho lamentou o facto de que nem as intervenções de um membro do Conselho do executivo e de várias deputados e pessoas com mérito social tenham conseguido sensibilizar nem a DSEJ nem o governo para a questão dos dois professores que, após dez anos de serviço, viram os seus contratos não renovados.
Às duas reivindicações anunciadas, a ATFPM junta outras três. Uma delas prende-se com os contratos de direito privado na administração pública que a associação pretende ver regulados. O objectivo, explica Pereira Coutinho, é acabar com "o sistema anárquico" vigente na função pública.
" Vários serviços públicos põem e dispõem a seu bel-prazer o conteúdo das cláusulas contratuais em que se viola, sistematicamente, o principio de para o mesmo trabalho, o mesmo salário. Por outras palavras, há trabalhadores com assistência médica e outros sem. Há trabalhadores com 22 dias de férias, outros com 10. é necessária uma regulamentação destes contratos", realçou.
Outra das novidades no rol de exigências da associação liderada pelo, também, deputado está relacionada com aperfeiçoamento das carreiras da função pública, actualmente em discussão na Assembleia Legislativa. Para Pereira Coutinho, este modelo impede o trabalhadores de chegar ao topo da carreira.
A completar a mão cheia de reivindicações, a ATFPM manifesta-se, também, em nome do principio de igualdade, a favor do grupo de mil pessoas que não foi abrangido pelo fundo de segurança social, depois de o governo ter permitido que os trabalhadores pudessem reformar-se a partir dos 60 anos.
Ainda sem aprovação - Pereira Coutinho não acredita que esta venha a ser recusada - está o percurso da manifestação. De acordo com o líder da associação, a marcha terá inicio por volta das três de tarde, na avenida da amizade, junto à sede a ATFPM, seguindo depois para os serviços de educação e juventude. O destino final é o Palácio do Governo na Praia Grande, onde será entregue uma lista das cinco reivindicações da associação. Pereira Coutinho avisou que não serão admitidas na manifestação pessoas com cartazes a exibir palavras de ordem que fujam a esta lista de 5 exigências, e pediu a todos os que se queiram juntar ao protesto para que domingo se vistam de preto.


ATFPM contra contratação de 20 professores da RPC

A 16 de Setembro, a conferência de imprensa em que dava conta da intenção em organizar uma manifestação caso o governo não atendesse às suas exigências, a ATFPM revelou ter, em sequencia de uma queixa de que 20 professores do continente chinês teriam sido contratados pela DSEJ, feito seguir um oficio, com carácter de urgência, para aqueles serviços com um pedido de esclarecimento.
Ontem, questionado pelos jornalistas, Pereira Coutinho confirmou ter recebido uma resposta por parte da DSEJ, resposta essa que considerou pouco esclarecedora.
" Disseram-nos que os professores estão cá temporariamente, no âmbito de um intercambio. Depois da manifestação de domingo vamos pedir mais esclarecimentos, mas, em todo o caso, aproveito para dizer que não queremos que professores do continente venham retirar postos de trabalhos dos professores de Macau que são competentes. Neste caso especifico quero lembrar que estes professores são contratados pela DSEJ para leccionar em escolas privadas. Ou seja, trata-se da utilização de dinheiros públicos para ensino privado", acusou o responsável máximo da ATFPM.



Chui Sai On diz que Executivo aprova, para já, projecto apresentado

Governo "favorável" à proposta
da EPM no Hotel Estoril

Fernando Chui Sai On, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, revelou ontem que, para já, o Governo "é favorável" à proposta de construção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) no antigo Hotel Estoril. Esta posição, que vem citada num comunicado difundido ontem através do Gabinete de Comunicação Social, contradiz as declarações de Sou Chio Fai, no passado dia 18, quando o director dos Serviços de Educação e Juventude declarou à agência Lusa que a mudança de instalações da EPM para o Hotel Estoril era considerada "inadequada" à luz de "um parecer técnico que, perante a análise que fizemos, é negativo".
Sou Chio Fai avançava ainda que os Governos de Portugal e Macau acordaram a transferência da EPM “desde que para melhores instalações”, o que a solução Estoril não ofereceria. Em causa, justificou Sou Chio Fai, o facto de o Hotel Estoril estar "numa zona que não permite a construção em grande altura". Além disso, continuava Sou Chio Fai, no Hotel Estoril o espaço é "mais reduzido, existem várias limitações por se encontrar dentro da zona histórica da cidade" e "o projecto apresentado não é melhor do que a actual escola".
Ontem, Chui Sai On afirmou que "o Chefe do Executivo já deu indicação aos serviços competentes (Assuntos Socais e Cultura e Transportes e Obras Públicas) para efectuarem uma avaliação ao projecto" apresentado pela entidade responsável pela EPM. Actualmente, está a ser desenvolvida uma análise técnica ao referido projecto, sendo que, para já, revelou o secretário, a posição preliminar do governo é favorável.
Chui Sai On reiterou ainda que o Governo sempre apoiou a EPM, reconhecendo também que as futuras instalações devem ser modernas e melhores para o ensino. De acordo com o secretário, o empresário Stanley Ho já assumiu formalmente junto do Governo que vai apoiar financeiramente o projecto das novas instalações da escola.

Escândalo do leite contaminado

Seis alunos da EPM vão fazer
exames complementares


Seis alunos do primeiro e segundo anos da Escola Portuguesa de Macau foram ontem assinalados como tendo necessidade de efectuar exames complementares para despistagem de problemas de saúde derivados do consumo de leite contaminado por melamina.
Em declarações à Agência Lusa, Pedro Xavier, subdirector da Escola Portuguesa de Macau, explicou que dos 54 alunos que ontem foram sujeitos a testes pelos Serviços de Saúde, seis vão fazer exames complementares de diagnóstico de despistagem.
A segunda fase dos testes tem lugar quando existem indícios de possível contaminação no primeiro teste rápido efectuado às crianças.
Se após a realização do segundo teste, existirem indícios de doença - que até agora apenas foi identificada numa criança que tem pedra nos rins, uma das consequências do consumo de melamina - é que os Serviços de Saúde passam à terceira fase de análises que consiste numa ecografia.
“Não há qualquer sinal de alarme, mas vão ser feitos testes complementares para afastar as dúvidas de quaisquer problemas”, disse Pedro Xavier, acrescentando que sexta-feira outras duas crianças da Escola Portuguesa serão sujeitas às primeiras análises.
As crianças envolvidas nos testes frequentam o primeiro e segundo anos da Escola Portuguesa e estiveram incluídas no plano de leite dos Serviços de Educação desde o ano lectivo passado.

Costa Nunes sem exames

Já no Jardim-de-Infância D. José da Costa Nunes, que ontem iniciou o ano lectivo com 50 crianças um dia depois do previsto devido à passagem do tufão Hagupit, não estão previstos testes, já que a escola não estava incluída no plano de leite dos Serviços de Educação.
No entanto, Pedro Ascensão, director do D. José da Costa Nunes, explicou que a empresa que fornece as refeições à escola utilizava o mesmo leite que os Serviços de Educação identificaram como contendo melamina.
"Com a ajuda das educadoras, a informação foi transmitida aos pais tendo sido sugerido que efectuassem testes de despistagem nos Centros de Saúde ou hospitais e, por outro lado, como medida de prevenção, foram retirados todos os produtos lácteos das ementas até que os Serviços de Saúde emitam uma nota sobre os produtos que podem ser consumidos em segurança”, disse.


TDM investe 100 milhões
na criação de três canais


A Teledifusão de Macau vai investir nos próximos meses 100 milhões de patacas no lançamento de três novos canais que deverão ir para o ar no segundo semestre de 2009.
João Francisco Pinto, director de programas e informação da estação pública de rádio e televisão de Macau explicou à agência Lusa que dois dos novos canais serão dedicados ao desporto, com temática diversa local e internacional, e a temas de sociedade, “voltado para Macau e para as suas gentes, tradições e vivências”.
Os canais de desporto e sociedade serão transmitidos em cantonense, o dialecto chinês mais utilizado no sul da China.
O terceiro canal será emitido por satélite e João Pinto explica que será “uma montra de Macau no mundo, inclusivamente para participar no objectivo de Macau de ligar a China aos países de língua portuguesa”.
Com conteúdos diversos, o canal de satélite irá transmitir programas em cantonense, mandarim (língua oficial chinesa), português e inglês, sendo a programação adaptada a diversos horários de forma a atingir determinados públicos em vários pontos do planeta, disse.
Com cerca de 400 funcionários nos canais de rádio e televisão, a TDM tem actualmente dois canais de rádio em português e chinês e três canais de televisão – um em português, outro em chinês em plataforma digital e um terceiro em alta definição apenas em língua chinesa.
O mesmo responsável sublinha a necessidade de “contratar mais pessoas” para o lançamento dos novos canais numa altura em que a estação, maioritariamente detida por capitais públicos, abriu recentemente um novo estúdio dedicado à produção de programas e está apenas a utilizar formatos digitais em todas as suas operações.

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