Ponto Final

Economista revê em alta previsões do Governo mas deixa alertas
Albano Martins diz que economia
deverá crescer entre 23 % e 25 %

A economia de Macau vai crescer em 2008 entre 23 e 25 por cento, prevê o economista Albano Martins em declarações à agência Lusa, contrariando as previsões do Governo que apontam apenas para 15 por cento.
Recentemente, em declarações aos jornalistas, o secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, disse que apesar do crescimento de cerca de 26 por cento no primeiro semestre, nos 12 meses de 2008 a economia deveria apenas crescer 15 por cento.
"Numa simulação feita tendo em conta várias variáveis, para que a economia cresça nos valores apontados pelo secretário, o terceiro e quarto trimestres tinham de registar crescimentos de, por exemplo, apenas quatro e 6,2 por cento", explicou Albano Martins, considerando as "contas absurdas por serem muito conservadoras".
"Ninguém acredita que isso possa acontecer e nada faz crer que a economia cresça apenas nesses valores tão baixos", garantiu o analista económico.
Admitindo um comportamento idêntico ao do segundo trimestre - quando a economia cresceu 21,1 por cento -, Albano Martins aponta para um crescimento anual de 20,6 por cento, mas explica que "será maior".
"Ficará abaixo dos 27,3 por cento de 2007 e deverá situar-se provavelmente entre os 23 e 25 por cento tendo em conta crescimentos previstos nos terceiro e quatro trimestres acima dos 20 por cento e acima dos 12 por cento", disse ao explicar que em termos homólogos o crescimento económico é "mesmo assim mais modesto" que nos dois últimos trimestres de 2007 quando se registaram subidas de 32 e 22 por cento, respectivamente.
Mas apesar do forte crescimento económico que continua a registar-se em Macau, Albano Martins deixa alguns sinais de alerta que considera "perturbantes" como a formação bruta de capital fixo, o investimento, que "tem vindo a diminuir substancialmente depois de revelado o caso de corrupção envolvendo o ex-secretário Ao Man Long em Dezembro de 2006".
"No quarto trimestre de 2007 a formação bruta de capital fixo foi negativa em 11,9 por cento, no primeiro trimestre de 2008 negativa em 16,8por cento e no segundo trimestre deste ano negativa em 20,7 por cento".
A quebra registada "não está ligada ao desempenho do sector do Jogo, mas sim à máquina burocrática do Governo e aos atrasos nos licenciamentos que condicionam e atrasam os investimentos", garante Albano Martins.
"No quarto trimestre de 2007, o Jogo cresceu 45,5 por cento, no primeiro trimestre deste ano cresceu 62,5 por cento e no segundo trimestre 47,8 por cento ao mesmo tempo que a formação bruta de capital fixo diminuiu e quando ainda há muito investimento, igual ou superior ao que já foi feito, para fazer no sector", concluiu.

CAIXA
Inflação pode atingir 9 % em 2008

A inflação em Macau, medida pelo Índice de Preços no Consumidor oficial, deverá atingir no final do ano um valor entre 8,5 e 09 por cento considerou o economista Albano Martins em declarações à agência Lusa.
Com a taxa de inflação em Julho a ser fixada nos 7,99 por cento, Albano Martins estima que a subida dos preços no consumidor em Macau vai continuar a fazer-se sentir, fruto das subidas em quatro categorias "motor", como os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, habitação e combustíveis, saúde e transportes.
"Tratam-se de quatro componentes do IPC que no seu conjunto têm um peso acima dos 60 por cento do cabaz e que estão a crescer acima da taxa de inflação", explicou Albano Martins.
O economista sustenta que na secção "produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, com um peso de 29,05 por cento no cabaz de compras, o aumento dos preços tem vindo a acelerar desde há dois anos, mas sobretudo a partir de Abril deste ano, estando em Julho em 14,96 por cento.
Já na "habitação e combustíveis", com um peso de 21,81 por cento, nota-se uma "ligeira diminuição desde Março", mas mesmo assim a "uma taxa acima dos 10 por cento".
A saúde, com um peso de 3,07 por cento no cabaz de compras, está a subir acima da inflação desde Maio deste ano e contava em Julho com um aumento de 9,64 por cento enquanto que os transportes, com uma taxa de crescimento de 8,16 por cento em Julho, o primeiro mês acima da inflação, tem um peso de 7,05 por cento.
"Tendo em conta estes elementos e as variáveis que normalmente enquadram o movimento dos preços no consumidor, numa projecção anual, os preços em Macau deverão subir entre 8,5 e 09 por cento nos 12 meses do ano", estimou Albano Martins.
A inflação em Macau começou a sentir-se desde Setembro de 2004 - o ano da abertura do primeiro casino fora do universo da companhia de Stanley Ho - depois de vários anos em que os preços registavam descidas mais ou menos acentuadas.