9.9.08

Eleições para o Conselho Legislativo em Hong Kong
Democratas resistem ao “espírito olímpico”

Os partidos pró-democratas conseguiram manter a sua influência no Conselho Legislativo de Hong Kong, ao conquistarem o número de lugares suficiente para garantir o direito de veto, quando a generalidade dos analistas e sondagens previa uma descida substancial do apoio popular ao bloco democrata.
Do total de 30 lugares a preencher através de eleições directas, os pró-democratas elegeram 19 representantes, garantindo um total de 23 lugares com mais quatro eleitos pelas associações cívicas e grupos profissionais.
Este resultado permite aos democratas manter o controle de um terço dos assentos, o que lhes confere o direito de veto em relação às propostas de lei apresentadas pelo Governo. Nas eleições de 2004, o grupo pró-democrata tinha obtido 25 lugares.
O Partido Liberal, pró-Pequim e com uma forte base de apoio no sector empresarial da Região Administrativa Especial de HK, surge como o principal derrotado destas eleições, ao falhar a eleição dos seus principais dirigentes. James Tien, líder do Partido Liberal, anunciou já a sua demissão e revelou que vai deixar a actividade politica.
Embora o Conselho Legislativo, com um total de 60 lugares, continue a ser dominado por forças politicas conservadoras e alinhadas com o Governo de Pequim, o facto de o campo democrata ter conseguido manter o direito de veto compensou a perda de lugares.

Aviso ao Governo

Ivan Choi, analista politico e professor na Universidade de Hong Kong, classificou os resultados desta eleição como um aviso para o Chefe do Executivo, Donald Tsang: “O sucesso da Liga dos Sociais Democratas (o mais radical dos movimentos pró-Democracia do território) é um sinal de alerta para o Governo”, afirmou Ivan Choy à agência France Press.
Leung Kwok-hung – “Cabelos Compridos”, de alcunha - um conhecido activista de Hong Kong, foi, aliás, uma das surpresas eleitorais, ao obter cerca de 12% dos votos num dos círculos eleitorais dos Novos Territórios, disputado por dez candidatos. A Liga dos Sociais Democratas, liderada por Leung Kwok-hung, passou de dois para três lugares.
A ex-secretária para Segurança, Regina Ip, foi outra surpresa, ao conseguir ser eleita para o Legco. Há cinco anos, Regina Ip esteve no centro de uma polémica, na sequência de uma proposta do Governo do território relacionada com a extensão a Hong Kong de legislação da República Popular da China sobre segurança nacional. Regina Ip demitiu-se do Governo, na sequência dessa polémica, mas conseguiu agora retomar a sua carreira politica.
O facto de o Governo de Pequim ter anunciado, em Dezembro do ano passado, a introdução do sufrágio universal para as eleições do Conselho Legislativo e o espírito nacionalista que alastrou pela China, durante os Jogos Olímpicos, foram dois factores que terão pesado na diminuição do apoio popular aos partidos democratas.
As eleições do passado dia 7 de Setembro foram ainda marcadas por um substancial aumento da abstenção, com apenas 45 por cento dos eleitores a exercerem o seu direito de voto. Em 2004, a afluência às urnas rondou os 56 por cento.

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