1.9.08

Macau foi segundo atrás da Espanha no torneio de hóquei
E agora onde vai treinar a selecção?

O Pavilhão do Colégio D. Bosco entra hoje mesmo em obras de remodelação. A selecção de hóquei em patins de Macau fica sem a “sua casa”, quando se prepara para o Mundial B. O Torneio Internacional foi ganho pela Espanha, com a equipa macaense a vencer todos os outros adversários

Vitor Rebelo
rebelo20@macau.ctm.net

Caiu o pano, ontem à tarde, do mais importante torneio de nível internacional que até hoje se realizou no território. A Associação de Patinagem de Macau quis comemorar, em grande, os seus 25 anos de existência.
Foi pena não ter conseguido a presença de Portugal, que constituiria um excelente cartaz e poderia ter dado luta à Espanha. Moçambique também não respondeu à chamada. Teria sido uma prova com uma maior dimensão.
Mesmo assim, cinco dias de hóquei em patins no D. Bosco, serviram para “relembrar” que a modalidade existe e que a intenção é mantê-la por muitos anos.
Há um trabalho nesse sentido a decorrer, com a divulgação do hóquei nas escolas e nas camadas mais jovens, agora tendo como principal responsável um novo jogador de Portugal, José Cardinho.
Mas apesar das inúmeras dificuldades em termos de recinto próprio para treinos e jogos, o hóquei em patins da RAEM “teima” em permanecer. Foi essa a resposta que o Torneio Intercontinental quis dar.
“Penso que foi um sucesso organizativo este nosso torneio. Todos elogiaram a prova. Mas é assim que Macau costuma receber, não obstante este recinto do Colégio D. Bosco já não oferecer as melhores condições. Ontem até uma tabela partiu e tivemos de a reparar. São estas as dificuldades com que nos temos deparado através dos anos e agora ainda pior, porque vamos ficar sem recinco”, palavras do presidente, António Aguiar, no final da competição, que deu o troféu à Espanha e o segundo lugar a Macau.

Afinal os patins
estragam ou não?

A questão, antes de nos debruçarmos sobre o torneio propriamente dito, está agora em saber como se vai processar a preparação final das selecções de Macau, tando no sector masculino, que irá disputar o Mundial B na África do Sul, como no feminino, a contas com o Mundial em Akita no Japão.
Como é do conhecimento geral, através das notícias que têm saído a público, as autoridades do desporto de Macau não conseguem aranjar soluções para o hóquei em patins, não obstante os dirigentes da Associação de Patinagem insistirem em afirmar que qualquer pavilhão serviria para a modalidade.
Uma vez que, dizem, “os actuais patins podem ser utilizados em qualquer superfície, não causando estragos, como aconteceu, por exemplo, com o último Europeu em Oviedo, Espanha, disputado num piso tipo plástico como, por exemplo, aquele que é usado em Macau para competições de futsal, basquetebol e outros, em diversos pavilhões.”
Há uma evidente desilusão entre os membros associativos em virtude desta situação, mais ainda porque o Pavilhão do Colégio D. Bosco entra hoje em obras, apesar da tentativa de adiar por cerca de um mês essa remodelação que, efectivamente, é necessária naquele recinto.
Mas agora, o que vai ser das selecções de hóquei em patins que se preparam para os mundiais?

Preparação continua
em campos ao ar livre

Há duas alternativas, o Tamagnini Barbosa e o rinque da antiga Escola Primária Oficial. “Nenhum oferece condições para treinos, não só porque são ao ar livre, como têm o piso muito estragado.”
Esta a mágoa de António Aguiar e do treinador Alberto Lisboa no final dos jogos do torneio internacional, em que foi positiva a actuação da selecção da casa, só derrotada pela “super Espanha”.
“O que vale todo este esforço se agora não temos sítio digno para dar continuidade aos trabalhos das nossas equipas?, salienta o presidente associativo.
“Este torneio fazia parte da nossa preparação, tendo em vista o Mundial B em que queríamos subir de escalão. A partir de hoje estamos na rua, por assim dizer, e isso vai afectar as nossas ambições”, reforça o treinador Alberto Lisboa.
Será cerca de mês e meio de trabalho que resta à equipa masculina, antes de seguir viagem para a África do Sul, onde se irá disputar o Campeonato do Mundo do Grupo B.

Ambições por terra
no Mundial B

Há dois anos, Macau esteve quase a garantir um dos três primeiros lugares, que dariam acesso à elite do hóquei em patins, nível onde se encontram Portugal, Espanha, Itália, Argentina e outros. A Colômbia estragou os planos da formação orientada por Alberto Lisboa.
“As ambições eram as mesmas para este ano, mas tudo pode ir por água abaixo face a esta situação de não termos pavilhão. É um evidente retrocesso nos nossos planos”, diz o treinador-jogador. “É uma vergonha que isto aconteça numa cidade conhecida actualmente por oferecer condições de recintos a todas as modalidades. O hóquei em patins, pelos vistos, está fora disso, apesar de já ter dado vários títulos asiáticos a Macau.”

Organização sem manchas
Espanha sem rival

No que diz respeito ao Torneio Intercontinental, que poderia abranger também o continente africano, se Moçambique tivesse respondido afirmativamente ao convite da Associação de Patinagem, resultou em pleno o objectivo da organização.
Foi uma excelente propaganda da modalidade., até porque paralelamente aos jogos, decorreram dois seminários. Um para treinadores, dado pelo técnico espanhol, Alberto Monzon, e outro para guarda-redes, orientado pelos guardiões de Espanha.
“É assim que se desenvolve uma modalidade. Recebemos de facto elogios de todas as equipas. Tudo correu de feição. Não houve o mínimo problema”, referiu o presidente António Aguiar, um dos grandes carolas do hóquei em patins de Macau (juntamente com Gentil Noras, Manuel da Luz, Pedro Torrão, Herculano Jacinto, Diamantino Torrado, Alberto Lisboa, entre outros).
No aspecto competitivo, Aguiar disse ao PONTO FINAL, que “o torneio foi a Espanha e o resto, tal a diferença de potencial entre a selecção de “nuestros hermanos” e as outras formações, da Ásia e da Oceania.

Portugal poderia ter dado
outro nível ao torneio

Para Lisboa, “foi pena Portugal e Moçambique não terem vindo, por que seria para nós uma boa forma de prepararmos o Mundial B, com mais rotina de competição, face a adversários diferentes. Penso que a equipa está bem, mereceu ganhar quatro dos cinco desafios, mas lá está, agora a questão do recinto vai estragar tudo o que fizemos até aqui.”
Macau provou que é o melhor no continente asiático, tendo ontem, na derradeira ronda, superado claramente um antigo campeão, o Japão, por 9-1, com golos de Alfredo Almeida (4), Helder Ricardo (3), Ricardo Atraca e Alberto Lisboa.
Helder Ricardo, que juntamente com Lisboa irá participar neste mês de Setembro, no Mundial de clubes, integrado na selecção do Resto do Mundo, foi o melhor marcador da formação da casa, com 12, seguido por Alberto Lisboa (9). O goleador da prova foi o espanhol Inaqui Arroyo, com 15.
A Espanha, que trouxe até Macau uma equipa de jogadores do segundo escalão, terminou com uma proeza digna de “guiness book”, não sofrendo qualquer golo em cinco partidas realizadas. Ontem, superou por 12-0 a Austrália.
Na outra partida do fecho, a India ganhou à Nova Zelândia por 5-4, tornando-se na principal sensação da prova, classificando-se em terceiro lugar, logo atrás de Macau e o campeão Espanha.
A Nova Zelândia foi quarta, Austrália quinta e Japão último.
De recordar que o Mundial B vai decorrer em Novembro na cidade de Joanesburgo, enquanto o Campeonato do Mundo Feminino, onde vai estar também Portugal, está marcado para o Japão, Akita, em Outubro.
Alberto Lisboa é o treinador das duas equipas.

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